Itaúna em vários rankings

Saiba quais as colocações do município e como é feito o cálculo para encontrar as riquezas

Itaúna em vários rankings


Nesta semana, circulou nas redes sociais mensagem que apresenta o município de Itaúna com a terceira maior renda média do Estado de Minas Gerais, e a solicitação para o jornal abordasse o tema. Foi feita uma pesquisa no assunto e encontrado que, realmente, Itaúna está em posições de destaque em vários rankings que apresentam as riquezas das cidades mineiras. Em relação à renda média, os dados levantados colocam Itaúna na terceira posição em Minas, abaixo apenas de Nova Lima (primeira) e Belo Horizonte (segunda), conforme matéria veiculada pelo jornal ‘O Tempo’, de 14 de fevereiro deste ano.

Neste ranking, a situação das cidades citadas nas primeiras posições e o valor da renda média foram levantadas em pesquisa da FGV – Fundação Getúlio Vargas, intitulada “Mapa da Riqueza”, apontando a seguinte sequência: Nova Lima: R$ 8.897; Belo Horizonte: R$ 2.925; Itaúna: R$ 2.581; Brumadinho: R$ 2.087; Lagoa Santa: R$ 2.022; Uberlândia: R$ 1.820; Juiz de Fora: R$ 1.779; Araxá: R$ 1.689; Poços de Caldas: R$ 1.633; e Uberaba: R$ 1.630. Essas são as dez melhores rendas médias de Minas Gerais. Porém, isso não quer dizer que o salário, o ganho mensal das pessoas é, na média, nesse valor.

Como é feita a pesquisa?

O levantamento é feito com base na declaração de renda da população, quando é somado o montante declarado – lembrando que muitos não declaram, outros declaram valores abaixo do que realmente ganham... – e este total é dividido pelo número de pessoas pesquisadas. Assim, para se fazer uma comparação sem análise científica, soma-se o ganho de três cidadãos: uma pessoa ganha R$ 10 mil, outra ganha R$ 8 mil e outra ganha R$ 3 mil. A soma total é de R$ 21 mil. Feita a divisão, a renda média será de R$ 7 mil, que se aproximará da realidade de apenas um dos cidadãos pesquisados, que é o que ganha R$ 8 mil. Para o primeiro caso, será uma renda 30% menor como referência e para o terceiro, quase duas vezes e meia a sua renda real.

Portanto a renda média de uma cidade não é a realidade em termos salariais da população, nem mesmo representa que a cidade, como um todo, é rica assim como aparece no ranking. Itaúna mesmo já sofreu com a divulgação de que “a cidade é rica”, em passado não muito distante. As pessoas envolvidas no mundo político-administrativo devem se lembrar de que, na administração do ex-prefeito Francisco Ramalho, a divulgação das realizações da Prefeitura apontava que o dinheiro investido era local. Nos anúncios de obras do município nos anos 1987 e 1988, por exemplo, constava a frase “Recursos: povo de Itaúna!”. Essa era uma resposta ao governador da época, Newton Cardoso, que teve um problema político com a então administração de Itaúna. Só que, a partir de então, ficou a afirmativa de que “Itaúna não precisa de dinheiro do Estado” e isso dificultou em muito os projetos futuros dos itaunenses.

Na realidade, a cidade tem pessoas com excelente renda, que joga a média do município “para cima”, como apontam especialistas. Ainda em pesquisa da reportagem, foi encontrado o valor de R$ 1.7 mil como salário médio da área de produção, em Itaúna. Isto é, este é o salário médio de pessoas que atuam na indústria. A mesma pesquisa em relação ao salário médio do comércio, para vendedores, R$ 1,4 mil. Ambos os salários ficam bem abaixo da renda média apresentada para o município, que é de R$ 2,5 mil. Não podem ser feitas afirmações absolutas com base em nenhum destes estudos, pois ainda existem outras formas de se avaliar a riqueza das cidades.

28ª no PIB

Já no estudo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, Itaúna está na 28ª posição em Minas Gerais. O PIB – Produto Interno Bruto é a soma de todas as riquezas do município alcançadas na produção comercial, prestação de serviços, produção agrícola e industrial. Neste levantamento, Nova Lima ocupa a sétima posição e Belo Horizonte, que era a segunda no levantamento anterior, ocupa a primeira posição, com valor de R$ 97.5 bilhões. A segunda cidade neste ranking é Uberlândia, com menos da metade (R$ 37,6 bilhões) do alcançado pela capital do estado. Mas fica ainda com valor que representa três vezes o montante alcançado por Nova Lima (R$ 12.2 bilhões). Itaúna, na 28ª posição, tem PIB de R$ 3,7 bilhões, portanto, equivalente a um terço do valor de Nova Lima. 

Já quando a questão é o PIB per capita, que é a divisão da riqueza do município pela população local, os últimos dados a que a FOLHA teve acesso na pesquisa se referem ao ano de 2020, em plena pandemia. Mas dá para se ter uma ideia do que esses dados representam. O levantamento, que neste caso é da FJP – Fundação João Pinheiro, demonstra que quanto maior é a população do município, menor é sua posição no ranking. O que isso indica? Concentração de renda, pura e simples. O “grosso” do dinheiro fica em poucas mãos. Neste levantamento, Itaúna não aparece dentre os 10 mais bem colocados e Nova Lima fica na oitava posição. O ranking é liderado por Extrema. Portanto dá para entender que a questão é muito mais complexa do que um vídeo com a mensagem simplificada. O resumo do tema pode ser encontrado no ditado dos mais antigos: “A água corre para o mar, o dinheiro? Para as mãos dos ricos!”