SAAE responde à FOLHA sobre os problemas detectados no diagnóstico

Recuperação dos emissários de esgoto deve ter custo entre R$ 8 e R$ 10 milhões, segundo o levantamento realizado

SAAE responde à FOLHA sobre os problemas detectados no diagnóstico
A supressão da vegetação e a destruição dos emissários de esgoto nos efluentes do município vão custar caro

A reportagem da FOLHA entrou em contato com o diretor do SAAE, Nilzon Borges, e o servidor responsável pelo diagnóstico que foi realizado pela autarquia para detectar a situação em que o SAAE foi recebido pela atual administração, para saber detalhes do documento. Foram obtidas informações que confirmam denúncias veiculadas na imprensa, na época, em relação a danos causados, por exemplo, aos emissários do Projeto Somma. Em relação ao abastecimento de água no município, o diagnóstico apontou que cerca de metade dos reservatórios de água tratada estão com vazamentos e será necessário um intenso trabalho e muito investimento de recursos para recuperar esses serviços. Confira as informações que foram obtidas pela reportagem da FOLHA.

FOLHA – Em relação ao diagnóstico realizado neste primeiro semestre pelo SAAE, quais as informações foram levantadas em relação ao esgoto sendo derramado no rio e nos ribeirões? 

SAAE – A comissão trabalhou para verificar a situação de esgotamento sanitário das zonas urbana e rural, haja vista os problemas recorrentes nos últimos anos, com intensa poluição ao meio ambiente. Os integrantes visitaram estações de tratamento de esgoto compactas/ETECs e a ETE, no CDI. Também foi considerado durante os levantamentos e inspeções o dano estrutural aos emissários do Projeto Somma com a dragagem executada pela Prefeitura em 2023.

FOLHA – Foi constatado o dano? 

SAAE – Sim, existem vários pontos onde a tubulação dos emissários e de vários interceptores de esgoto foram destruídos, quando da dragagem executada às margens do Ribeirão dos Capotos, desde a Avenida JK. 

FOLHA – Qual o valor deverá ser investido para a correção do problema? 

SAAE – Segundo estimativas do setor técnico-operacional, a obra deve custar entre 8 e 10 milhões de reais. É uma obra de difícil execução. Importante destacar que o Município já iniciou a habilitação junto ao Governo Federal para obter recursos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, cujo processo está em fase de análise perante os órgãos competentes. 

FOLHA – Foi encontrado algum culpado pelos danos provocados? 

SAAE – A obra de dragagem foi executada em 2023 pela Prefeitura. Vale ressaltar que todo o trabalho de limpeza das margens do Ribeirão dos Capotos ocorreu sem nenhuma supervisão do SAAE, ocasionando um prejuízo inestimável ao meio ambiente e à saúde da população que reside nos bairros Itaunense, Garcias e Santanense. 

FOLHA – Qual o prazo para a realização das obras de correção, visto que ainda tem ocorrido derramamento de esgoto nos cursos d’água? 

SAAE – Difícil estabelecer um prazo. Mas é importante salientar que o SAAE já tomou as providências administrativas quanto à confecção do edital de concorrência, detalhando o termo de referência dos materiais e serviços necessários à execução da obra, enquanto aguarda a aprovação da solicitação junto ao Governo Federal. Paralelamente, a autarquia disponibilizou de recursos próprios o valor de dois milhões de reais para fazer os reparos mais emergentes, a fim de reduzir o impacto ambiental ao Ribeirão dos Capotos e ao Rio São João.

Recuperação das margens do São João

FOLHA – Em relação à limpeza feita no leito do Rio São João, a comunidade tem reclamado bastante em relação ao corte de árvores nas margens do rio e da retirada da vegetação até então existente. Foi feito um trabalho de “reflorestamento”, porém, que acabou sendo de “replantio de mato”, como afirmam as reclamações. Será feito algum trabalho de reflorestamento nas margens dos cursos d’água na área urbana? 

SAAE – O SAAE, através do Projeto Rio São João, que cuida do cercamento de nascentes e de replantio de espécies em áreas degradadas, principalmente às margens dos nossos córregos e rio, tem priorizado essa ação conjunta com a Prefeitura. Vale lembrar que foram plantadas, recentemente, centenas de mudas de árvore em um grande trecho do Rio São João, na comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. 

FOLHA – Qual o custo estimado e o prazo para esse trabalho, caso tenha sido planejado? 

SAAE – A Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente é o órgão responsável diretamente por esse planejamento, e estudos têm sido feitos para apresentar um programa de recuperação e seus custos, oportunamente. 

Metade dos reservatórios de água estão com problemas

FOLHA – Em relação à falta de água em vários pontos da cidade e principalmente nas comunidades rurais, quais foram os principais problemas levantados no diagnóstico? 

SAAE – O diagnóstico procurou apurar a qualidade das unidades operacionais, urbanas e rurais, de reservação de água, a fim de indicar sua recuperação e manutenção em dezenas de reservatórios metálicos e de concreto que se encontram com fissuras, ocasionando perda de água. Os levantamentos apontaram que em torno de 50% deles apresentam vazamentos. 

FOLHA – Quais ações estão previstas para corrigir esses problemas? 

SAAE – Durante os trabalhos da Comissão, a Diretoria-Geral do SAAE já buscava minimizar tais vazamentos, instituindo as manutenções emergenciais aos casos críticos e estabelecendo roteiros de manutenção preventiva. Deve ser considerado quanto à falta de água em vários pontos da cidade o aumento do consumo devido ao crescimento da população fixa na zona urbana, além, claro, dos deslocamentos, em grande número, às comunidades na zona rural, principalmente nos finais de semana e feriados. É necessário investir na perfuração de novos poços artesianos, construção de reservatórios de maior capacidade e novas redes de distribuição de água, medidas que vão sendo implementadas e direcionadas aos instrumentos de planejamento do Município. 

FOLHA – Em relação ao abastecimento de água na cidade, existe uma defasagem na distribuição, visto que o SAAE capta um volume que seria suficiente para o abastecimento de toda a cidade, porém esta água tratada não chega em quantidade necessária em locais mais distantes. Isso foi levantado no diagnóstico? 

SAAE – Os sistemas de captação, tratamento, distribuição e reservação de água na zona urbana são muito antigos, que, por si só, necessitam de grande investimento na troca de tubulações e reforma em vários reservatórios (de maior volume), cujo crescimento vegetativo está defasado há, pelo menos, oito anos. Na zona rural, o problema é mais grave, pois vários poços estão apresentando redução de volume de captação diária de água, e deve-se considerar a enorme quantidade de moradias de alto padrão, com grandes áreas de gramado e piscinas. 

FOLHA – Quais as obras a serem realizadas para acabar com esse problema? 

SAAE – Atualmente, o SAAE está investindo em novos poços artesianos, em reservatórios e redes de distribuição de água para diminuir esta defasagem. O SAAE está priorizando, também, a redução da perda de água. 

FOLHA – Qual o custo estimado e o prazo para a realização dessas ações? 

SAAE – O orçamento do SAAE para o exercício de 2025 previu um valor aproximado de 1,3 milhão de reais; mas, em razão da situação detalhada no diagnóstico elaborado pela comissão, a estimativa é que se possa chegar ao montante de 1,6 milhão de reais. O prazo para a realização seria até 31 de dezembro do corrente ano.

SAAE deixou retornar recursos ao caixa federal, por falta de utilização

FOLHA – O SAAE já foi considerado exemplo em qualidade de prestação de serviços em Itaúna e, nos últimos anos, vem sofrendo muitas críticas. O que foi levantado no diagnóstico em relação a isso? 

SAAE – Detectou-se que houve uma redução nos investimentos prioritários de água e esgoto, tanto na zona urbana, quanto rural, haja vista algumas obras importantes, que ficaram inacabadas ou incompletas, inclusive, com a não utilização de parte de recursos da União, os quais retornaram ao caixa do Governo Federal. Exemplo disso foi o que ocorreu com a Estação de Tratamento de Esgoto e a elevatória de água para o reservatório do Morro Moriá (alto da pedreira). O diagnóstico demonstrou, também, que a falta de água recorrente se deveu por falta de planejamento e otimização de recursos. 

FOLHA – Quais as medidas serão tomadas para recolocar a autarquia no patamar anterior e buscar a melhoria de sua estrutura? 

SAAE – Dentre as medidas necessárias, destacamos a recuperação da capacidade operacional da autarquia, voltada à disponibilidade de materiais e equipamentos, onde se busque alcançar a credibilidade junto à população, considerando a prestação de serviços nos sistemas de água, esgoto e resíduos sólidos, agora acrescidos da varrição na cidade. Mas, para que isso aconteça, deve-se aprimorar a gestão da autarquia na melhoria dos investimentos, com respeito ao dinheiro público, e na valorização das equipes operacionais e técnicas. Frise-se: desde 1º de janeiro de 2025, a Equipe SAAE trabalha para que a autarquia volte a ser referência regional, estadual e nacional. 

FOLHA – Têm surgido muitos boatos em relação ao deságue de esgoto na Barragem de Itaúna, onde a água bruta é captada para ser tratada e distribuída aos munícipes. É real este problema? 

SAAE – Boa parte da área que circunda as barragens está povoada de casas e clubes, além de chacreamentos, como o Lago das Garças, Pequis e outros. Não podemos afirmar que esteja havendo um deságue de esgoto e em que volume, pois, somente após uma criteriosa e minuciosa verificação, irá se atestar qual seria este percentual de contaminação. 

FOLHA – Quais as ações devem ser tomadas para corrigir esse tipo de problema, caso seja confirmado? 

SAAE – Entendemos que deverá ocorrer um estudo bem elaborado, não só de possível deságue de esgoto, mas de outros resíduos que poluam a água das barragens.