Roinc, Roinc, Roinc... Mais que um funeral... Essa foi pra sepultar mesmo...
A cidade está vivendo nos últimos dias a expectativa da festa Funeral da Porca – 11ª edição, que será realizada neste sábado, 5, no Parque de Exposições Pedro Calambau, que fica no terreno cedido pelo município à Universidade de Itaúna ou Universidade do Faiçal, como queiram. A festa sempre é sucesso, e já faz parte do calendário da cidade e traz gente de toda a região, inclusive da capital mineira, dentre outras. É realizada pela empresa de eventos Roinc Produtora, que tem alguns jovens de classe média alta e ricos como sócios, e, diga-se de passagem, todos ótimos rapazes, trabalhadores, empreendedores e com futuro mais que garantido quando se olha para o lado empresarial, deles e de suas respectivas famílias. Vão ficar cada vez mais ricos. O que é um direito deles, num país onde as oportunidades são muitas. Nossos parabéns pelas iniciativas com as produções de eventos e pela coragem e o esforço. A cidade agradece. Mas ninguém faz nada para não ter lucro. Com certeza não fizeram filantropia em nenhuma das edições. Colocaram Itaúna no mapa das festas. É uma verdade.
Porém tudo isso não quer dizer que podem buscar tirar proveito da coisa pública em prol dos seus cofres, já abarrotados. Pedir isenção de imposto municipal? Ora! Toda empresa paga impostos, seja ela pequena, média ou grande. Por que seria diferente com jovens empresários bem-sucedidos? Será que é porque fazem festa e colocam o nome da cidade em grande parte do estado? Parabéns, merecem aplausos, mas não vejo isso como uma justificativa plausível para isenção. Muitos outros fazem o mesmo e não têm o privilégio. A justificativa da Covid não cabe nesse caso, pelo menos em minha opinião. E tem outro fator, o montante previsto do ISS não é tão grande assim, segundo as projeções, seria da ordem de 50, 60 mil reais. Muito pouco para uma festa que deve arrecadar 3 milhões.
Acho que é direito de todos pleitear isenções, ações e até apoio oficial do município, mas antes de tudo é dever do empreendedor fazer a sua parte. Ou seja, cumprir com as obrigações do seu empreendimento. Se todo comerciante, industrial e ou prestador de serviços paga os seus impostos, principalmente o municipal, por que os promotores de eventos vão ser isentos? Por que fazem festa e colocam o nome da cidade em outras paragens? Mais uma vez: não é uma justificativa plausível.
E o que ainda não entendi até o momento - mesmo o projeto não tendo sido levado ao plenário para votação, isso por causa da coragem e do caráter do vereador Lacimar Cesário, o nosso Treis, que não deu o parecer da comissão – é a forma atordoada, e diríamos “no tapa”, como o presidente da Casa Legislativa, Senhor Nesval Júnior, agiu e está agindo para aprovar a isenção. O rapaz não teve a coragem absurda de se expor e fazer o que fez no decorrer da semana a troco de nada... Qual o interesse do jovem vereador, que entrou na Câmara pela porta da cozinha, com um jeitinho arrumado pelo chefe do Executivo? É um bom rapaz, de razoável inteligência, mas que tem uma visão míope da política da cidade. Tem muito que o aprender e infelizmente começa a trilhar o caminho errado, pois acha que nestes tempos modernos ainda cabe a política maldosa de bastidores, onde a sacanagem impera. Avisem ao moço que isso já passou e hoje os atos inteligentes, a visão ampla de modernidade para a cidade e, consecutivamente, sua população são o que soma para a formação da personalidade do político atuante e centrado no futuro de um todo. Ao optar pelo ego em detrimento de um todo, vai literalmente “dar com os burros n’água”, infelizmente, pois a cidade está carente de lideranças jovens, já que uma geração de políticos que se dedicava ao município e ao seu povo vai tendo seu tempo de atuação chegando ao fim.
Com toda a sinceridade, não vejo nenhum motivo plausível para se dar uma isenção para os produtores do evento Funeral da Porca. A questão de que ocorreram prejuízos na pandemia da Covid não cola mais. Isso já passou, não houve evento e isso é alegação para justificar o injustificável. Como já frisei, os rapazes são todos cidadãos itaunenses e do bem, de boas famílias e empresários de visão, mas querer isenção de imposto? Sinceramente... E outro agravante, se a isenção for concedida, cria-se uma jurisprudência e, mais que isso, por uma questão equalitária, de direito, todos os produtores de eventos, sejam eles de entretenimento ou cultural, passariam a ter o direito de isenção. Ou é para todos, ou para ninguém.
E mais que a questão de direito para todos, fica a sensação de que há algo de estranho no ar... De que “está rolando algo nos bastidores”, algum benefício para os interessados em isentar os “meninos da Roinc”. Como já frisei, não estou conseguindo entender o interesse desacerbado do presidente do Poder Legislativo. Será que todo esforço é por causa de um camarotezinho? Meu Deus!!! Já não fazem mais políticos como antigamente.
É lamentável todos os episódios a que assisti e as frases e argumentos que ouvi envolvendo a questão isenção para a Roinc. E ainda não duvido que nossos políticos de plantão voltarão ao assunto na próxima semana, mesmo após o evento. Pra mim, como cidadão itaunense, e da “gema”, e como jornalista com quase meio século de atuação no município, o que tenho a dizer para encerrar esse assunto é que me vêm à mente algumas palavras que encaixam bem nestse imbróglio todo, e dentre elas: locupletacão. Será?
Por: Renilon Pacheco