Primo altamirando e elas
Stanislaw Ponte Preta é o pseudônimo de Sérgio Porto, um carioca que ficou mais conhecido por sua irreverência e o uso sistemático do deboche.
O tom satírico das narrativas se tornou sua marca registrada no jornalismo. Dono de estilo próprio, extremamente original, tinha como objetivo retratar a cidade do Rio de Janeiro em seu tempo.
Não tinha papas na língua o cotidiano era sua matéria prima, tanto as notícias dos jornais, como os seus personagens mostram-nos uma carioquice sem igual.
Viveu apenas quarenta e cinco anos, mas deixou um respeitável número de fãs, tinha uma coluna no jornal onde publicava suas crônicas e ficou conhecido como o cronista “expert em mulher”.
O livro em questão reúne inúmeras crônicas em que figura o personagem Altamirando e inicia com a crônica que nos apresenta o distinto indivíduo que para os íntimos era conhecido como Mirinho.
Diz a Crônica “Biografia de Mirinho” que o mesmo nascera no ano da desgraça de 1926 e para comprovar esta afirmação, informa que este foi o ano em que o São Cristóvão foi campeão carioca e logo cedo o dito cujo já dava mostra do que seria toda sua vida, porque aos cinco anos foi expulso do jardim de infância quando foi pego falando mal de São Francisco de Assis e naquela época não daria outra coisa.
Estudar para Altamirando era um suplício e para ele tudo não passava de uma tortura a que ele arregou no quarto ano de grupo, o qual abandonou para fugir com a professora de ciências físicas e naturais e foi assim que ele inaugurou sua vida amorosa, de maneira escandalosa, o que nunca mudou em toda vida.
Aos quinze anos já era um marginal, superara o Sr. Gumercindo, seu pai, em tudo, sendo inclusive o primeiro no Rio de Janeiro a plantar maconha.
A obra está recheada de outros ilustres personagens criados pelo autor, temos a Tia Zulmira, Rosamundo o distraído, O Dr. Data Vênia e também a melhor crônica escrita por Stanislaw, a Velhinha Contrabandista.
Sérgio Porto não chegou a viver o bastante para escrever um romance, se era projeto seu, a morte o surpreendeu, ceifando-o quando ele já estava maduro.
Primo Altamirando gosta de mulheres, mais do que de beber, comer ou falar da vida alheia e neste quesito é mais viciado do que em preguiça, porque também não gosta de trabalhar e se é para ganhar a vida que seja enganando.
Se você não gosta de ler, este livro pode ser o remédio, porque a leitura vem em doses homeopáticas com a certeza de que, se nada extraordinário acontecer, é garantido pelo menos que vai morrer de rir e se por acaso isto não acontecer você não terá perdido muito tempo. Saboreie é só começar...