Prefeitura informa quase 6 mil multas em 230 dias

Somente em frente ao Hospital Manoel Gonçalves foram mais de 3 mil penalidades aplicadas

Prefeitura informa quase 6 mil multas em 230 dias
Foto: Reprodução/relatório da PMI


A chamada “indústria da multa” volta às manchetes itaunenses com o relatório apresentado pela Prefeitura, a pedido do vereador Antônio de Miranda, sobre o número de multas aplicadas, com especificação dos locais onde elas ocorreram, pelos 12 equipamentos que passaram a funcionar na cidade. Conforme o relatório, do dia 20 de abril deste ano até o último dia 6 de novembro, foram aplicadas nada menos do que 5.958 penalidades a motoristas itaunenses. E o que mais espanta é que apenas um aparelho detector de velocidade, instalado nas proximidades do Hospital Manoel Gonçalves, registrou 3.081 infrações, ou seja, mais da metade do total registrado.

Esse “pardal” da Prefeitura tem sido motivo de muitas reclamações sob a alegação de que está exatamente onde a maioria das pessoas flagradas está chegando ao hospital em situação de emergência/urgência, e que não se atenta ao limite imposto de 40 km de velocidade. “Como uma pessoa vai atender ao limite de 40 km/h se tem um parente, um ente querido, passando mal e precisando de atendimento urgente no hospital?”, é a alegação mais presente nestes casos. Também é destacado pelos críticos que, além da instalação destes doze equipamentos para multar os itaunenses, não se vê campanha educativa no sentido de educar os condutores itaunenses, que deveria ser uma ação primeira do setor de trânsito do Município. “Ou a Prefeitura visa apenas o faturamento e não está preocupada com a questão da educação no trânsito”, apontam esses mesmos críticos.

Mais de 25 infrações aplicadas/dia

O fato é que a média de infrações registradas por dia nestes equipamentos ultrapassa a quantia de uma multa por hora em Itaúna. São 25,90 multas por dia, durante os primeiros 230 dias de funcionamento dos equipamentos. Isso dá 1,07 multa aplicada por hora. “É a indústria da multa, instalada por esta administração, que não faz sequer uma campanha de educação, que não seja nas postagens das redes sociais da Prefeitura. Não há uma ação, real, do setor responsável, para melhorar o trânsito da cidade”, afirmou um cidadão à reportagem, ao criticar o volume de multas aplicadas.

Outra questão bastante criticada é que, dos 12 equipamentos instalados, nem um sequer está colocado nas regiões de acesso aos bairros da região do Padre Eustáquio/Várzea da Olaria/Jadir Marinho. O questionamento é se os “moradores daquela região são privilegiados pela administração ou esquecidos”, como afirmou um político à reportagem. Se não há equipamentos, quem dirige pelas ruas daquela região não é punido. Por outro lado, “o setor de trânsito não se preocupa com o trânsito daquela região?” São questionamentos apresentados constantemente.

Outro fator bastante observado no relatório é que dois equipamentos não registraram multas no período. O que está instalado na Rua Treze de Maio, de acesso ao Bairro Piedade; assim como o equipamento da Avenida JK, de acesso à região de Santanense e Garcias. Conforme os críticos, duas são as possibilidades. Nesses casos, ou os equipamentos não seriam necessários ou a sinalização informando a existência é mais eficiente, mais visível, uma crítica muito presente em outros pontos, como os da Avenida Jove Soares, que, conforme as críticas, “têm pouca visibilidade” para os motoristas. Assim funcionam para punir e não para educar, na opinião dos críticos.

Alto número de avanços é alerta às autoridades

Um outro fator apontado por especialistas que analisam o relatório é o alto número de avanço de sinais, que foram detectados nos aparelhos instalados na Praça da Matriz, na Avenida Jove Soares, esquina com Aurélio Campos e na mesma avenida, esquina com Mardoqueu Gonçalves. Em três equipamentos foram registrados 818 avanços de sinal. A esquina da Avenida Jove Soares com a Rua Aurélio Campos registrou mais da metade deste total, com aplicação de 491 multas de casos de avanços flagrados.

No relatório não há especificação de veículos flagrados, mas a opinião da maioria das pessoas que tiveram acesso ao relatório é de que esses avanços foram realizados por motos. “É uma situação que pode ser visualizada no dia a dia. As motos iniciam a travessia ao visualizarem que o semáforo no sentido contrário foi fechado, antes mesmo de ser aberto o semáforo para elas. É uma questão de educação, muito mais do que infração proposital”, afirmou um crítico ao sistema.

Mais do que instalar equipamento punitivos, é obrigação do setor público, no caso específico de Itaúna, da Prefeitura, que municipalizou o setor de trânsito, empreender campanhas educativas de trânsito. E palestras, ações nas esquinas mais perigosas, tanto para condutores quanto para pedestres, deveria ser a tônica do setor. Pelo contrário, em Itaúna, como apontam os críticos, só se vê a atuação do setor na pintura de sinalização – muitas delas gerando críticas de humor, como a ciclovia em meio à avenida, pintada no Cerqueira Lima/Belvedere – ou a mais recente, que foi a pintura de um sinal de PARE, com o “E” invertido, como amplamente divulgado nas redes sociais dos itaunenses na última semana.

“Falta seriedade na condução do setor que, além destas situações hilárias, só aparece quando está fazendo a defesa da aplicação de multas ou de empresas privadas, como no caso do transporte público”, como afirmou um político crítico ouvido pela reportagem, lembrando das últimas aparições públicas da gerente do setor de trânsito da Prefeitura, Cíntia Valadares.