Parceria- Coteminas, SHEIN e Santanense

Santanense publicou comunicado informando que a sua controladora acertou parceria com a gigante chinesa. Ações da Coteminas deram um salto no mercado e Cia. de Tecidos pode se recuperar

Parceria- Coteminas, SHEIN e Santanense
Foto: Divulgação/FOLHA

Na quinta-feira, dia 20, a Santanense Tecidos publicou um “Fato Relevante”, comunicando ao mercado o fechamento de uma parceria da sua controladora a Coteminas com a gigante chinesa SHEIN, que atua no comércio eletrônico da moda. Segundo esse comunicado, foram estabelecidos três pontos para o funcionamento da parceria: 1 – “esforço conjunto para que 2.000 de seus clientes confeccionistas passem a ser fornecedores da Shein para atendimento do mercado doméstico e da América Latina”; 2 – (talvez o mais importante para o momento econômico da empresa), “financiamento para capital de trabalho”; e 3, “contrato de exportação de produtos para o lar”.

Dessa forma, ficou estabelecido que a Santanense participa da parceria da Coteminas com a SHEIN, para fornecer produtos a serem comercializados pela empresa chinesa no Brasil e na América Latina. Com isso, abre-se um mercado novo para a empresa itaunense. Também foi estabelecida a possibilidade de obtenção de financiamento para o “capital de trabalho”, o que aponta a possibilidade de a parceria injetar “dinheiro novo” na produção. Com isso, a Santanense pode ter recursos para recuperar a sua linha de produção, que esteve parada nas últimas semanas. E, finalmente, conforme o comunicado, foi firmado contrato de exportação de “produtos para o lar”, uma das linhas de produção da fábrica itaunense que também produz tecidos para o setor de fabricação de uniformes.

Fábrica de 130 anos vivencia crise há alguns meses

Nos últimos meses, os funcionários da Santanense, empresa com 130 anos de história e que teve o controle assumido pela Coteminas em 2004, passa por momentos de instabilidade, com várias afirmações de que a empresa estaria fechando suas portas. Os salários têm sido mantidos em dia, porém foram apontados problemas nos repasses do vale-alimentação, vale-leite e outros. Também foi constatado que grande parte dos funcionários estava “aguardando em casa” o chamado da empresa para a retomada da operação.

Isso indica que a direção da Santanense estava em negociações para recuperar seu espaço no mercado, já que a controladora da empresa, o grupo Coteminas, é responsável pelo consumo de 20% do algodão brasileiro. Com a parceria firmada com a SHEIN, a expectativa é de que, além da retomada da operação de produção, esta seja aumentada e, consequentemente, aumentada a oferta de vagas de emprego na fábrica. 

Boatos sobre “aquisição”não se confirmam

Nos últimos dias foi veiculada no site de notícias, “Viu Itaúna”, informação creditada ao prefeito Neider Moreira, de que a gigante chinesa “investiria R$ 100 milhões, assumindo também as dívidas da companhia têxtil, em meio à crise que paralisou a produção”. Porém esses dados não foram confirmados pela empresa que reafirma a parceria e a manutenção do controle pela Coteminas.

Assim como o “fechamento da fábrica” a “compra da Santanense” não foi confirmada, apenas a parceria que, com certeza, pode tirar a empresa da crise atual, como explicam fontes da reportagem. Nas próximas semanas os detalhes desta negociação poderão ser tornados públicos, porém até o momento, oficialmente, o que se sabe é que foi firmada a parceria, nos termos acima informados.

Ações da Coteminas “dão um salto” na Bolsa de Valores

Desde o anúncio da negociação com a Shein, as ações da Coteminas (CTNM3) ordinárias, partiram de um valor próximo a R$ 4, para quase R$ 16, na tarde da quarta-feira, quando chegou a R$ 15,77. Isso mostra a força da negociação com a chinesa, que atraiu a atenção de investidores.

Conforme a divulgação do Governo Federal, a Shein vai investir quase um bilhão de reais nos próximos anos, no Brasil (R$ 750 milhões), gerando expectativa de criação de novas 100 mil vagas na indústria têxtil. Com isso, o setor que vinha amargando quedas nos últimos anos, justamente pela influência das chinesas, parece que vai se recuperar. É o que demonstram as últimas ações do mercado, envolvendo o setor têxtil brasileiro e chinês.