Paranoia II
Na semana anterior, expusemos nossa opinião sobre a verdadeira “paranoia” que tomou conta de pais de estudantes em todos os níveis (principalmente no ensino médio), tanto da rede particular como da estadual e municipal nas escolas de Itaúna, tendo os ataques nas escolas ocorridos no sul do país e em São Paulo como os principais motivadores. Insisto na palavra paranoia, isso, porque realmente acho que há um certo exagero no modo de agir dos pais, mas, por outro lado, entendo que há mesmo que se refletir e agir contra a exposição das crianças e adolescentes a atos agressivos nos ambientes escolares, principalmente porque o que podemos considerar uma “onda das redes sociais” se propaga quase que instantaneamente mundo afora.
Porém, entendo que há também um certo exagero por parte dos pais, pois um mínimo de segurança sempre existiu nos prédios escolares, sejam eles públicos e/ou privados, portanto, os episódios isolados não vão, em meu entendimento, se transformar ou impulsionar uma sequência de atos agressivos. Mas, como é melhor prevenir que remediar, medidas têm mesmo que ser tomadas. E, ao que parece, foram. Na última semana, quando a polícia foi para as portas das escolas públicas impondo uma ronda ostensiva e intensiva e as escolas particulares, diante da mobilização dos pais, tomaram medidas novas para aumentar a segurança, fazendo a instalação de detectores de metais nas portarias e a contratação de seguranças particulares, além de promoverem a inspeção das vans escolares e dos micro-ônibus antes deles entrarem para levar os buscar os alunos, uma sensação de segurança foi sentida.
Esta tudo dentro dos conformes, em nossa opinião, porém, ainda me chama a atenção a verdadeira paranoia da maioria dos pais em se tratando de buscar mais segurança para os filhos, sem entender que não basta somente a criação de guardas efetivas e armadas nas portas e dentro dos prédios escolares, é preciso muito mais que isso, a começar pela efetiva criação de políticas públicas voltadas para a área de segurança em prédios públicos e que envolvam todos, famílias, educadores, alunos e os governos em todos os níveis. É mais complexo, mas é extremamente necessário começar um trabalho que inicialmente, deve avaliar a questão social, pois não adianta investir e se preocupar com a segurança, se não combater a motivação da agressividade dos jovens, que pode estar centrada na falta de uma boa alimentação, na falta de uma moradia digna ou ainda na realidade de uma família desestruturada.
Outra coisa, confesso estar indignado com o uso da situação para a promoção política. Ou seja, com a “cara de pau” dos políticos, o que não é novidade. Mas o que assisti na Câmara Municipal na terça-feira, apenas nos faz refletir efetivamente sobre a política e os políticos. Chegam a ser patéticas determinadas falas, a postura e as colocações de determinados representantes do povo. Com toda a sinceridade, é mesmo patético. Tenho conhecimento para afirmar isso, e mais, é ano a ano ou de ciclo em ciclo, cada vez mais decepcionante observar que a tendencia é piorar. Sinceramente não entendo. As colocações de alguns vereadores na terça-feira sobre a questão da segurança nas escolas, são mesmo tão patéticas, que chegam a beirar o ridículo, pois não condizem com a realidade local e muito menos demonstram efetivamente uma solução.
Usar a situação para angariar simpatia de grupos e/ou profissionais é mesmo de uma “cara de pau” sem proporções. Sinceramente, a maneira como os nossos representantes agiram diante do tema segurança não me convenceu, pois acho que a discussão deveria estar centrada na construção de ações que envolvam todos, como já afirmei no início, e isso não foi preocupação do Legislativo. A preocupação foi simplesmente mostrar para os profissionais que atuam na segurança particular que eles, vereadores, estavam pressionando o prefeito para que ele dê ordem para a contratação das empresas especializadas. E não é por aí...
É mesmo necessário que o sistema de segurança nas escolas públicas seja revisto, mas não vai ser a contratação de serviços de segurança particular que vai resolver a situação. O trabalho dos seguranças pode até ajudar a inibir ações externas e extremas, mas, como já frisei, é preciso mais que isso, e a implantação de políticas públicas voltadas primeiramente para as famílias, depois para os estudantes é a principal ação e deveria ser a prioridade dos governantes e é o que deveria ser cobrado pelos vereadores. E essa, sabemos, não será a prioridade, pois envolve estudo e, mais que isso, programação e vontade política.
Somos sabedores que, mesmo com a politicagem e a exploração da situação de forma indevida por políticos em exercício, há uma preocupação de fato dos governos em todas as três esferas, mas, efetivamente, a não ser as ações da Polícia Militar, tanto de ronda ostensiva, como a de palestras aos estudantes, num trabalho digno de aplausos, não estamos conseguindo enxergar mais nada que possa de fato resolver a questão da agressão juvenil, cada vez mais presente em nossa sociedade. Quem sabe rezar? Mas, além de rezar, é preciso também aprender a votar, além disso é necessário disponibilidade para educar os filhos, pois sempre ouvi que é em casa que se aprende... a viver em sociedade, a respeitar o próximo e principalmente temer a Deus... Chegamos lá...
Por Renilton Gonçalves Pacheco