E não sai...

E não sai...


E o velho ditado ou crendice parece prevalecer em certas coisas em nossa Itaúna barranqueira. Algumas ações públicas ou de cunho coletivo e ou comunitário não andam... não se concretizam e se fala muito, há promoção de encaminhamento, promessas e até direcionamento de recursos, mas não saem... É incrível! E uma delas é a restauração do prédio do antigo Hospital Manoel Gonçalves, que hoje só está de pé a fachada, que deve ser restaurada, pois o restante do prédio, que já está praticamente no chão, será completamente demolido para abrigar um galpão onde pretende-se instalar a administração do Hospital.

No ano que se passou, parecia que as obras seriam autorizadas pelo Ministério Público e pela prefeitura, pois, pelo que foi noticiado, recursos já teriam sido destinados e, inclusive, já depositados em conta específica, previamente aberta para tal fim, e esses recursos seriam destinados pelo Ministério Público Estadual, provenientes de multas aplicadas e por empresas. Pois muito bem, ninguém fala mais nisso. O assunto parece sepultado momentaneamente, pois a direção do Hospital não fala nada sobre a questão, e uma comissão formada para estudar e acompanhar a questão, parece, também esqueceu o assunto. Não há outra definição, senão a do título: “parece mesmo que tem uma cabeça de burro enterrada no lugar”. Ou “almas penadas” que vagam por lá é que não deixam a coisa fluir...

Mas, independente de qualquer coisa, há de se buscar uma solução para a questão, pois a fachada do prédio é bonita, merece uma restauração e, se isso não for feito com certa pressa, a cidade vai acabar perdendo um pouco da sua história que é importante, pois foi ali que começou a história da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira, doada aos itaunenses pelo empresário que deu o nome à instituição. Sinceramente não entendo o porquê de ainda não se ter iniciado a restauração, pois, até onde sei, está tudo encaminhado e autorizado. Será que vão esperar as paredes caírem para então tomarem providências? Podem alegar burocracia, falta de recursos suficientes ou até mesmo divergências de opiniões no sentido do que se deve fazer, mas, independente de qualquer situação, é preciso começar, é preciso restaurar para que seja preservado um pedaço da história e, mais que isso, para que o Hospital, ao instalar no novo galpão a sua administração, desocupe o espaço utilizado hoje para instalação de mais setores no prédio onde funcionam os serviços de combate ao câncer. 

Independentemente dos motivos que travam o início das obras, entendo que as autoridades e os administradores do hospital precisam agir, assim como os membros do Conselho Comunitário da instituição filantrópica - que pertence a todos os itaunenses - que, ao que parece, agora está trilhando caminho certo para equacionar os problemas de ordem financeira e administrativos que a décadas deixam todos os envolvidos na sua administração literalmente de “cabelo em pé”. Acho que passou da hora de se resolver a questão do prédio, que é, inclusive, tombado. Não há mais motivos para postergar as obras necessárias. 

O que acho estranho é que, ao que parece, os administradores da instituição e os demais envolvidos na questão da restauração fingem esquecer que há um risco iminente de desabamento da fachada e que o prédio é parte valiosa da história do município. Não há motivos para postergar mais, e se o problema são recursos financeiros, que se comece uma campanha para arrecadação de fundos para a obra, pois há várias maneiras de se arrecadar junto às empresas, pois hoje elas conseguem ter benefícios nos impostos a serem pagos. Então, ao que parece, estão é postergando a solução de preservação do prédio por entenderem que ele não tem importância ou porque não concordam com a sua restauração. E, até onde sei, já há recursos da ordem de 500 mil reais disponíveis, inclusive, provavelmente já depositados em conta específica, e recebi a informação de que o projeto já está aprovado pela prefeitura e pelo Conselho de Cultura. Então a informação citada no início do texto, citando prefeitura e MP, parece, não tem mais fundamento.

Em meu entendimento, como um itaunense e alguém que briga para que a memória do município seja preservada, pois o passado tem importância singular para o futuro, para as gerações que vêm aí, é fundamental que aquele prédio, ou melhor, a sua fachada, seja restaurada enquanto é tempo. Muitos podem não dar importância para isso, mas outros muitos entendem que é fundamental preservar a história, e, no caso, ela é parte de um todo na construção da cidade, da sua população, e é memória efetiva e afetiva de como os coronéis entendiam que, para crescer o atendimento à saúde, era importante. Como também eram importantes a infraestrutura urbana nos moldes da época, a religião que separava os pretos e os brancos, assim como o entretenimento. Mas aí, nesse caso, não preservamos muita coisa, pois os prédios dos primeiros teatros no início do século passado, dentre eles o do Cine Rex, foram demolidos e com eles parte da história da cultura itaunense também se foi, infelizmente. 

Como itaunense, diríamos, da gema, acho que tenho o direito, de além de opinar, cobrar um posicionamento público dos envolvidos na questão da restauração da fachada do antigo prédio e a construção do galpão que vai abrigar a administração do Hospital. Recurso financeiro para o início da obra tem, o projeto está feito e aprovado, as autorizações do Codempace, prefeitura e Ministério Público, resolvidas. Então alguém pode vir a público e explicar o porquê de não se dar início às obras? Ou será que vamos ter que celebrar missas para as almas penadas? Ou vamos ter que rezar e pedir é para o Manoelzinho e a Irmã Benigna? Aí, com certeza, a obra sai...                   

Por: Renilton Gonçalves Pacheco