Homenagem - O Senhor Adolfo Mendes foi, mas sua história e ensinamentos ficam...
Redação Folha do Povo 
Na noite do dia 13 de maio, o Senhor Adolfo Mendes Filho se deitou para, assim, iniciar sua ida para junto de Deus. Dormindo, ele não amanheceu entre nós no dia 14. Dessa forma, registrou o falecimento do seu tio e padrinho a também comunicadora Cristina Gontijo, em um texto carregado de emoção e saudades. Itaúna amanheceu com a informação da passagem de Adolfo Mendes Filho, nascido em 4 de junho de 1931, a poucos dias de completar 94 anos.
Adolfo Mendes foi um homem que ajudou a construir, inclusive, literalmente, a história de Itaúna nesse último quase um século de existência. Era um homem de gostos comuns, como tomar alguns chopps com seu amigo Zé do Zaqueu, que conheceu menino e conviveu até que o amigo faleceu. Um homem de levar dedos de prosa com os amigos, muitos deles clientes na sua loja. Um comerciante hábil que aprendeu com o pai, e um empresário da construção civil, que foi responsável pelo erguimento de vários edifícios em Itaúna.
Grande conhecedor da história da cidade, entendido de assuntos variados, como a política e o cotidiano da sociedade itaunense, sempre tinha um assunto para abordar com os amigos, um conselho, um ensinamento a repassar a quem dele se aproximava. Começou a trabalhar com o pai na esquina das Ruas Josias Machado e Zezé Lima, onde ele tinha uma loja de secos e molhados, onde se vendia de tudo. Depois, continuou sua jornada de sucesso já na sua loja na Rua Cel. Artur Vilaça, na esquina com a Praça da Matriz, até o dia 13, como era de costume, trabalhou até a tardinha. Na véspera de sua partida, fez tudo como estava acostumado a fazer. Trabalhou, conversou com os amigos, para à noite se deitar e iniciar a caminhada até Deus.
Adolfo Mendes Filho partiu, mas deixou aqui as suas histórias, seus ensinamentos...
A biografia, narrada para uma homenagem recebida no Rotary Club Itaúna - Adaptado
“Adolfo Mendes Filho nasceu no dia 4 de junho de 1931, filho do comerciante Adolfo Mendes e da professora Gercina Rocha Mendes, único homem entre sete irmãs. Estudou no Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves, onde concluiu o quarto ano primário. Com a morte prematura de sua mãe, quando ele tinha apenas dez anos, os planos de enviá-lo para continuar os estudos em Belo Horizonte também foram sepultados. Começou, então, a trabalhar com o pai, que tinha armazém de atacado e varejo, padaria e fábrica de macarrão. Assumindo gradativamente os negócios do pai, Adolfo focou no varejo e fez do pioneirismo a sua marca registrada. Nessa época, vendia bebidas, cereais, conservas e, em loja ao lado, rádios, radiolas, máquinas de costura e bicicletas. Gradualmente, foi deixando de lado o armazém e se especializando em eletrodomésticos e relógios.
Em 1955, iniciaram-se as transmissões de TV no Brasil e, nesse mesmo ano, a Casa Adolfo Mendes trouxe a primeira televisão para Itaúna. O jovem Adolfo contratou técnicos especializados para montar uma enorme antena de tevê no telhado da casa do Sr. José Herculano, hoje, onde está instalado o Hotel Ponta Chique. Um televisor foi colocado sobre a marquise e o povo se aglomerou na praça para assistir a uma imagem em preto e branco, de baixa qualidade, mas, ainda assim, surpreendente.
Após esse feito, a Casa Adolfo Mendes começou a vender os aparelhos de TV. Mas, mesmo com antenas enormes e complicadas, a imagem não era satisfatória. E, mais uma vez, Adolfo foi pioneiro. No fim da década de 1950, ele tomou para si a tarefa de fornecer imagem de qualidade para que os itaunenses pudessem assistir à TV Itacolomi e à TV Vila Rica. Contratou técnicos, mandou fabricar o equipamento, instalou dois retransmissores no alto do Morro do Bonfim e cuidou da manutenção do sinal por mais de dez anos, tudo por conta própria.
Em 1970, ter um aparelho de televisão era privilégio somente dos mais favorecidos. Então, para que todos pudessem assistir aos jogos da Copa do Mundo, Adolfo Mendes montou um palanque na Praça da Matriz e instalou ali diversos televisores. Milhares de pessoas vieram de todas as partes da cidade para torcer e vibrar pela Seleção Brasileira, que se consagrou tricampeã do mundo.
Adolfo Mendes Filho se orgulhava de ter vendido e instalado o primeiro aparelho de TV, a primeira geladeira e o primeiro fogão a gás na maioria dos lares itaunenses.
Leitor voraz, interessado e conhecedor de política, desde muito jovem, respeitado por sua competência e honestidade, foi vice-prefeito de Hidelbrando Canabrava Rodrigues, o Bandinho, em uma gestão que trouxe muito progresso para Itaúna, no início da década de 70, entre os anos de 1973 e 1977.
Autodidata, apaixonado por arquitetura, em 1972, Adolfo Mendes construiu o primeiro prédio de três andares de Itaúna, todo em vidro, alumínio e mármore, uma novidade e referência para a época. Nele, instalou sua nova loja.
Mas, como todos sabem, ao lado de todo grande homem sempre tem uma grande mulher... Assim, Dona Geny Nolasco foi a grande mulher na vida do Senhor Adolfo, a companheira de todas as horas. Namorados desde 1959, casaram-se e tiveram quatro filhos, Ana Maria, Marcos, Cristina e Adolfo Olímpio, e seis netos”. Assim, nos braços de Deus, lá se foi o grande Senhor Adolfo Mendes Filho, encontrar com a sua cara-metade. Com certeza, ela o recebeu sorrido e ele, um apaixonado, sorriu de volta e disse agora é para sempre, como sempre foi... Fica a nossa homenagem a um amigo”.
