Água servida nas cidades está contaminada com agrotóxicos

Reportagem não localizou dados sobre análises de Itaúna na página do Ministério da Saúde

Água servida nas cidades está contaminada com agrotóxicos
Foto: Arquivo/FOLHA


A ONG (Organização Não Governamental) Repórter Brasil, mais uma vez, fez análise sobre a água tratada oferecida nos municípios brasileiros e mais uma vez constatou alta presença de agrotóxicos no líquido e um outro problema sério: a falta de informações repassadas ao Ministério da Saúde (MS), por parte dos municípios. Seis em cada dez cidades brasileiras não repassaram dados relativos ao ano de 2022, objeto do levantamento da Repórter Brasil. Um estudo anterior da mesma entidade, realizado sobre os dados de 2018 a 2020 e reproduzido em reportagem aqui da FOLHA mostrava a alta concentração de agrotóxicos na água servida aos brasileiros e da necessidade de alguma medida, urgente, para frear este envenenamento das pessoas.

Agora, no levantamento da ONG, publicado neste mês, o problema é ainda maior, visto que a maioria dos municípios não enviou dados, o que pode ser o caso de Itaúna, já que a reportagem da FOLHA não localizou informações do município na página em que constam as análises, no Ministério da Saúde (www.gov.br/saude/pt-br/composicao/seidigi/demas/situacao-de-saude/vigiagua). Conforme o estudo publicado pela referida ONG, a incidência do que chama de um coquetel de agrotóxicos, com o registro de 27 destes venenos, comumente usados na agricultura, foram encontrados em 23 cidades mineiras que apresentaram suas análises.

A reportagem da FOLHA levantou dados de cidades da região, que fazem divisa com Itaúna e encontrou a informação de que em Itatiaiuçu foram detectados 25 tipos de agrotóxicos, por exemplo. Em Divinópolis, o número de agrotóxicos detectados foi de 20 variedades. Em Carmo do Cajuru, detecção de 18 tipos de agrotóxicos e em Juatuba, 22 tipos. Os municípios de Pará de Minas, Mateus Leme e Igaratinga, assim como Itaúna, não têm informações no “vigiagua” do Ministério da Saúde, relativos a 2022. 

Conforme o estudo apresentado pela Repórter Brasil, menos de metade dos municípios mineiros apresentaram o acompanhamento, o que não quer dizer que não o tenham realizado. Porém, esta falta de informações e até mesmo de fiscalização por parte do Ministério da Saúde, facilita com que cada vez mais produtos prejudiciais à saúde humana sejam encontrados na água oferecida às comunidades. Segundo as respostas de órgãos oficiais, “o monitoramento – nos casos em que existem informações – é feito”. Mas não apresenta, por exemplo, medidas que tenham sido tomadas por parte das autoridades, em todos os níveis hierárquicos, para coibir o envenenamento das águas potáveis dos brasileiros. Com o agravante de que nem toda a população dispõe de água tratada, o que aumenta a incidência de casos de envenenamento, possivelmente mais prejudicial à saúde humana.

A falta de transparência por parte dos órgãos responsáveis pelo tratamento da água servida às populações, aliada à falta de medidas inibidoras de abusos por parte do órgão central, que é o Governo Federal, e ainda a ação de certos grupos como as bancadas defensoras do agronegócio, atuando para liberar o uso de mais agrotóxicos, aumentam os problemas em proporções alarmantes, apontam os estudos.