Vão caçar uma “rola”

Vão caçar  uma “rola”


“Sabe-se que a primeira atividade teórica da razão, ainda oscilante entre o pensamento e o sentimento, é a de contar. Contar é o primeiro ato teórico livre da razão. A estatística é a primeira ciência política. Posso entender a cabeça de um homem se souber quantos cabelos ela produz. Faça aos outros o que você quiser que lhes façam. E como poderemos dignificar-nos melhor senão através das estatísticas?” - Immanuel Kant 

A introdução é só para fazer lembrar aos políticos ou tecnocratas que vivem no meio onde o exercício da política se confunde com politicagem e que, ou mais e às vezes menos, os menos avisados não sabem que, em qualquer ataque ou em qualquer defesa, a razão deve sempre prevalecer. A emoção, sentimento nobre, não cabe em meio às mazelas que surgem das ações, em que a política barata e rasteira insistem em sopitar. 

Nos últimos anos, tenho manifestado neste espaço opiniões que considero importantes para Itaúna e seu povo e quero deixar claro que estou apenas divulgando fatos e opinando acerca de ações inegáveis que estão ocorrendo no seio do governo municipal nesses últimos anos, principalmente em setores como o da construção civil, por exemplo, que ontem, sexta-feira, dia 31, foi motivo de reunião aberta com os profissionais da área, engenheiros e arquitetos, dentre outros, que já não aguentam mais... Questiono, sim, alguns atos que considero nebulosos, mas e daí? É um direito meu questionar atos públicos, mesmo que isso não agrade, inclusive, pessoas do meu círculo de amizade. Deixo a entender, sim, em muitos de meus editoriais, que a grande maioria dos ocupantes de cargos públicos administrativos em Itaúna, em Minas e no Brasil não assume as responsabilidades de seus atos públicos e sequer assume a maioria dos compromissos assumidos em campanha ou no ato de suas nomeações, caso dos secretários municipais e demais ocupantes de cargos comissionados.

Entendo que, ao assumir um mandato eletivo e num momento em que as ações e a postura dos políticos são questionadas, e está na berlinda a classificação moral deles, eles devem, antes de tudo, exercerem o mandato com dedicação, eficiência e sem revanchismo. E o revanchismo está estampado em muitos atos contra cidadãos comuns que não comungam da mesma teoria política e administrativa dos atuais mandatários. Mas, independentemente de posições políticas, qualquer outro ato maliciosamente fabricado causa náuseas. E afirmo isso porque, até o momentom, não consegui digerir algumas declarações e atos dos atuais mandatários, incluo aí os secretários, porque, observa-se, estão se preocupando apenas com atos políticos e em busca da vitrine. E Itaúna é muito mais que isso. 

Por outro lado, entendo que a oposição, em sua totalidade, independente de grupo político, deve ser feita também com responsabilidade, sem artifícios fabricados e/ou chacota. E principalmente sem mentiras. O que assisti e li nas redes sociais esta semana não me “cheirou bem”. A oposição é louvável e necessária, mas com responsabilidade e precisa ser feita por pessoas que tenham prestígio, amor pela cidade e, mais do que tudo isso, tenham cabedal político. Iniciantes e eleitos por pura coincidência de fatores não conseguem efetivamente estabelecer um mandato de fato, apenas compõem o plenário, o que é o caso da maioria dos vereadores. Uma pena. Até aqui, o que vi foram piadas, chacotas construídas e uma perseguição barata. Assim não se constrói um conceito político em prol da cidade, apenas se faz um jogo. E isso é irresponsabilidade, assim como a situação no poder, pois é preciso seriedade com a coisa pública e respeito pelo cidadão. E mais uma vez deixo claro que é direito dele, prefeito, como do seu estafe, divergir das minhas opiniões e das publicações do jornal em forma de notícias (que são apuradas e checadas), pois a livre manifestação do pensamento está aí garantida pela Lei Maior, apenas a exerço.

E, mais uma vez, vou plagiar aqui uma resposta que o jornalista Ricardo Boechat, falecido em acidente de helicóptero em 2019, deu ao pastor Silas Malafaia, à época, quando ele se irritou com comentário do saudoso jornalista sobre incitação à discriminação religiosa feita pelas igrejas pentecostais no Rio de Janeiro. Cai aqui como uma luva. O jornalista, então âncora do Jornal da Band e comentarista da rádio Band News, num dia inspirado e com competência, falou verdades e mais verdades ao pastor, iniciando-as, sugerindo que Malafaia fosse procurar uma rola. 

Não tenho nenhum constrangimento em plagiar o falecido jornalista ao sugerir aos excelentíssimos senhores vereadores, pelo menos uns quatro ou cinco, afirmando que deveriam caçar uma rola, ao invés de ficarem preocupados com comentários jornalísticos. Entendo que temos esse direito, como já afirmamos anteriormente, pois as figuras públicas estão sujeitas a questionamentos, críticas e até mesmo a afirmativas, que só configuram após análises de documentos, e isso, quando acontece, não atinge a honra dos envolvidos. Mas estamos em Itaúna, terra de Borba Gato, onde alguns se acham reis e outros têm a certeza de que são. Acham-se intocáveis. 

Nos últimos meses, alguns ocupantes de cargos nos poderes Executivo e Legislativo, optaram pela tática da pressão e/ou da manipulação, na tentativa de inibir o jornal e seus articulistas de opinar sobre assuntos de interesse público. Agem como se fossem os donos da verdade e têm a certeza de que as suas imposições vão fazer com que os jornalistas recuem. Porém estamos tranquilos e não vamos nos intimidar. E nessas circunstâncias, a única coisa que temos a dizer é: excelentíssimos senhores vereadores, vão caçar uma rola, vão trabalhar, exercer o cargo para o qual foram eleitos com atenção num todo, vão cobrar da administração municipal que, em nossa opinião, está capengando, vão, por exemplo, cobrar do prefeito um jeito de diminuir os gastos da prefeitura, demitindo metade dos cargos de confiança... Tem funcionários saindo pelo “ladrão”. Vão trabalhar em favor do município e dos munícipes que estão sendo sacrificados com taxas e mais taxas para manter um estafe do tamanho de um bonde... Repito, vão caçar uma rola.

Renilton Gonçalves Pacheco