A “indústria da multa”, os “pardais” do Neider e a “Guarda de Trânsito”
Na terça-feira, 20, a gerente do departamento de Trânsito da Prefeitura de Itaúna, Cíntia Valadares, foi até a Câmara “prestar contas” aos vereadores, e teoricamente à população, pois poucas pessoas acompanham o trabalho Legislativo, seja presencialmente ou via transmissão direta pelo YouTube. Além da explanação sobre o trabalho de sua gerência, ela acabou por se expor pessoalmente, pois alinhavou suas qualidades, seus títulos profissionais e suas graduações na área do trânsito urbano. Que ela é competente não havia necessidade da autoafirmação, pois desempenha um trabalho pautado nas necessidades e com muita qualidade e profissionalismo. Sabemos. Entendemos, como itaunense usuário do trânsito nos dois sentidos, como pedestre e motorista, que a cidade está bem sinalizada e com o tráfego de veículos, diríamos, organizado, com algumas ressalvas, mas isso é natural em qualquer cidade, independente da densidade demográfica e do número de veículos e da qualidade das vias urbanas, em se tratando de qualidade das pistas, medida das ruas, se estreitas ou largas...
A Senhora Cíntia, que já demonstrou o seu conhecimento na área e suas qualificações faz tempo, nos pareceu um pouco, digamos, alterada, ao fazer a sua exposição aos edis, quando começou a “mandar” alguns recados, inclusive para nós aqui no jornal, repetindo por algumas vezes: “A indústria da multa...”, “A indústria da multa...”, em tom alterado. Em alguns momentos, a gerente chegou, inclusive, a aumentar o tom de voz, quase chegando a gritar para demonstrar que ela e sua equipe estão trabalhando muito, e que Itaúna tem alguns “gargalos” que são complicados e que estudos são feitos sequencialmente, todos os dias, na tentativa de aprimorar o fluxo do trânsito e resolver os problemas já crônicos, em relação a estacionamento, sinalização, sinais eletrônicos, estacionamentos, dentre outros.
Prestamos bastante atenção em tudo que a Senhora Cíntia expôs. E, em relação ao trabalho dela e da sua equipe, só temos elogios em se tratando de execução, de prestação de serviços. Já em relação a resultados, somos críticos como profissional e cidadão. Como também somos sabedores das dificuldades e dos prós e contras dos funcionários públicos da área. Porém também achamos que muitos dos problemas já poderiam estar resolvidos, com simplicidade e apenas com bom senso. É o caso da maioria dos estacionamentos na área urbana, dentre outros. Mas que há um trabalho exaustivo na busca de soluções não restam dúvidas. Porém não havia necessidade da exaltação demonstrada pela gerente nas suas falas e em algumas respostas aos questionamentos dos vereadores, que quando têm a oportunidade de cobrar, interferir e demonstrar os problemas, e, na maioria das vezes, se calam e se transformam em verdadeiros cordeirinhos. É lamentável.
Mas vamos ao que interessa, que são os “pardais” instalados em alguns pontos da cidade e que têm sido motivo de polêmica, insatisfação e questionamentos pela maioria dos motoristas, e já são conhecidos como os “sinais caça-níqueis” do Neider. E de fato o são. E não há como esconder que os pardais são a motivação do jargão “a indústria da multa”, e que podem levar aos cofres públicos cerca de 1 milhão de reais/mês, caso não seja feito um trabalho educativo de fato e de esclarecimento constante, pois as sinalizações apenas não são suficientes. E há de se resolver também a questão da localização das câmeras, pois em alguns lugares não há motivo para tal, além de estarem escondidas.
Mas, mais grave que a questão dos “caça-níqueis”, é a questão do monitoramento do trânsito, com a possível implantação de uma Guarda Municipal. Somos sabedores de que o trânsito urbano é responsabilidade do Município e que é mesmo necessária uma fiscalização constante, mas vai virar bagunça, pois, antes disso, precisamos ter muito bem definida a questão dos estacionamentos, principalmente na área central, onde tudo é uma verdadeira bagunça. E, além da questão do Rotativo, que “funciona pelas metades”, é preciso resolver de uma vez por todas os estacionamentos privilegiados do comércio. Muitos comerciantes têm estacionamento privativo, que veio de uma prática política da Câmara, quando vereadores solicitavam e o prefeito à época atendia. E, além disso, há também sinalizações em ruas que não existem no Código de Trânsito, e que também precisam ser banidas, e a maioria delas está em frente a algumas garagens de prédios e/ou casas, garantindo uma entrada mais fácil. Porém elas não existem oficialmente (Eu mesmo já ganhei recurso de uma multa com a defesa feita em uma linha: esta sinalização não existe no Código de Trânsito Brasileiro). Os estacionamentos de 10 minutos e que exigem pisca alerta ligado e outros para idosos e para deficientes também precisam de solução. Não faz sentido um estacionamento para doentes e/ou deficientes em uma rua íngreme, onde é impossível transitar com um cadeirante ou uma maca. Em Itaúna isso acontece em alguns lugares. É quase uma piada, mas acontece.
Mas a principal questão em pauta é em relação à “indústria da multa” implantada com o início da instalação dos “pardais” do Neider. Reafirmamos: Queira a Cíntia ou não, está implantada na cidade a “indústria da multa”, um verdadeiro “caça-níqueis”. Mas isso já é uma realidade e cabe aos cidadãos itaunenses, motoristas, prestarem atenção ou terem a coragem de discutir na Justiça a instalação dos “pardais” e tudo mais que é questionável em se tratando de trânsito urbano em nossa Itaúna, que, como diria o saudoso Pancrácio Fidelis, é “humana e pitoresca”. E como é...
Por: Renilton Gonçalves Pacheco