A imprensa necessária e o jornalismo essencial - II

A imprensa necessária  e o jornalismo  essencial - II


Em resposta às reações internas lá no prédio do Boulevard Lago Sul e às opiniões contrárias ao editorial “A IMPRENSA NECESSÁRIA E O JORNALISMO ESSENCIAL”, publicado no dia 2 de dezembro de 2023, na edição número 1560, achamos interessante, neste início do último ano do governo Neider, destacar algumas ações, não muitas, diríamos, “bentas” do nosso atual governo municipal, e, principalmente, mostrar que estávamos certíssimos ao fazer determinadas afirmativas e os motivos pelos quais afirmamos. 

Como muitos itaunenses sabem, e os amantes do futebol com certeza, no dia 28 de dezembro, foi realizado em Itaúna o jogo beneficente “Amigos do John Kennedy X Amigos do Felipe Gregory e do Thiago Gosling”, oportunidade em que foram arrecadadas mais de 3.000 toneladas de alimentos, que foram destinados ao Banco de Alimentos “Elza de Oliveira Lopes” e para outros locais. Sendo boa parte dessa doação entregue pelo atleta John Kennedy, itaunense da Vila Nazaré/Novo Horizonte, e que faz sucesso no Rio de Janeiro, jogando pelo Fluminense.

E estou usando o jogo beneficente protagonizado pelo itaunense humilde que faz sucesso para ilustrar e introduzir novamente as minhas interpretações em relação ao senhor prefeito e político Dr. Neider Moreira de Faria, no editorial publicado no dia 2 de dezembro. E quem foi ao Estádio Municipal José Flávio de Carvalho, no final de dezembro, sabe do que estou falando e por que volto à baila com o tema. 

O fato é que foi uma situação constrangedora para o nosso alcaide, quando uma sonora vaia tomou conta do estádio, que estava completamente lotado, ao ser anunciado o seu nome para dar o chute inicial... A situação foi tão constrangedora que o senhor prefeito, que iria usar o microfone, recuou e ficou no seu canto. Uma situação muito constrangedora, mas que vem para confirmar o que venho afirmando nos nossos editoriais nos últimos dois anos: a assessoria de imprensa do senhor prefeito Neider Moreira - com a sua contribuição e a de alguns secretários, e destaco aí o de Cultura e o de Regulação Urbana - fez tudo errado até aqui. E tanto fez que as avaliações dele, como político e pessoal, em pesquisas, oficiais ou não, são péssimas, mas o seu governo, ou seja, a sua administração é muito bem avaliada. Ou seja, não souberam fazer o trabalho de “relações públicas” do prefeito. Tanto o é que as capivaras estão mais bem avaliadas do que ele... E agora é tarde. 

Lembram quando, na reunião da Câmara em dezembro, um jovem falou no expediente popular e criticou de forma contundente a assessoria de imprensa do governo municipal pelo uso político e, no meu entendimento, também jornalístico das redes sociais oficiais do Município para fazer política e propaganda do alcaide? Pois muito bem, afirmei no editorial anterior que venho observando isso já há algum tempo, e que acabei por não expressar aqui neste espaço a situação e meu pensamento sobre a questão. Mas o cidadão que usou a Tribuna Livre acabou por me chamar a atenção para o que é obvio: o jornalismo sério, informativo e opinativo, seja ele on-line ou impresso, é essencial, pois é por meio dele que o cidadão fica de fato informado em todos os sentidos, com esclarecimento, com a verdade e com opinião, pois nas redes sociais nada disso é levado em consideração e oficialmente não se aproveita muito do que é literalmente “jogado nas redes”. 

As palavras e/ou as denúncias do jovem que usou o microfone da Câmara em dezembro foram verdadeiras e expõem o uso indevido das redes sociais oficiais do Município para tentar fazer jornalismo, mas, na verdade, o que os assessores oficiais acabaram fazendo foi transformá-las em um emaranhado de informações diversas que não esclarecem e/ou não informam devidamente ao munícipe, confundindo, por exemplo, jornalismo com humor e/ou brincadeiras de mau gosto, e o pior, com política barata e rasteira. 

Afirmei à época também que as denúncias do cidadão eram e são sérias e, além de expor o uso indevido das redes oficiais, que deveriam estar a serviço dos munícipes, mostram que a assessoria de imprensa do senhor prefeito não consegue fazer o seu trabalho com eficiência e continua a utilizar os meios de comunicação oficiais para “brincar” de informar, sem critérios, com falta de respeito e sem comprometimento com o cidadão, que é quem paga a conta, via impostos. Mas o mais interessante nisso tudo é que o uso indevido dos meios de comunicação oficiais pode causar problemas para o alcaide, que pode ser responsabilizado por fazer propaganda, além de enganosa, indevida.

Particularmente, a conclusão que tirei da fala do jovem itaunense na Câmara no ano passado foi a de que, como sempre defendi, a imprensa, seja ela falada, escrita, televisiva e/ou on-line, é essencial e sempre vai ter a sua importância preponderante, independente de qual plataforma, pois é ela que de fato chega até o cidadão e tem a credibilidade para informar e opinar. Tanto o é que, pelas falas nos corredores nos prédios do Legislativo e da Prefeitura, as informações são de que, em levantamento recente, a administração do senhor Neider Moreira é muito bem avaliada, porém o político Neider tem uma avaliação péssima. Repetindo: a sua assessoria de imprensa não conseguiu enxergar que usar as redes sociais para fazer marketing político não funciona. As redes sociais são excelentes para informações rápidas, mas para fazer marketing, seja ele qual for, não servem, mas o prefeito, que “abre o peito” e propaga “nossas redes sociais têm milhões de acessos diariamente”, literalmente “se ferrou” em se tratando de marketing político, pois o cidadão quer ver nas redes sociais oficiais é se o aviso de que não vai haver água no bairro X ou Y está lá, se a sua rua vai ser asfaltada e/ou vai receber capina e se o serviço de recolhimento de lixo vai funcionar após o feriado prolongado etc. O cidadão não quer saber se o prefeito fez isso ou aquilo ou se vai fazer. Ele quer é saber da prestação dos serviços pelos quais paga. 

E reafirmo que, apesar do nosso prefeito Neider não acreditar, é a imprensa que tem o poder de difundir as realizações com credibilidade, com eficiência, inclusive pelas redes sociais, e é o jornalista que consegue chegar ao leitor, seja ele qual for e por qual via. E repito, particularmente, acredito mais nos alto-falantes da Kombi do João José, trafegando nas ruas e fazendo chamadas, do que nas redes sociais oficiais da Prefeitura com seus milhares de acessos. E não é piada. É fato. Então, senhor prefeito, por achar que as redes sociais da Prefeitura são eficientes, o senhor menospreza os veículos de comunicação do Município, achando que a sua assessoria de imprensa, com suas postagens, resolveria o problema de comunicação da sua gestão. Pois é... Agora, com a avaliação da sua imagem lá embaixo, descobriu que está desgastado e que sequer pode apoiar um candidato a prefeito. Aliás, dizem, que nenhum pré-candidato quer o seu apoio...

Então, senhor prefeito, em minha opinião, sabe por que o senhor não está bem avaliado como político? Porque não acredita na imprensa, no jornalismo local. Mas o cidadão itaunense, que é quem importa, acredita, pois ele quer ler, ouvir ou assistir as opiniões dos jornalistas nos jornais, nas rádios ou na TV local, e também nas redes sociais desses órgãos de imprensa, não é nas redes sociais oficiais da Prefeitura. A verdade, excelentíssimo senhor prefeito, é que o senhor não soube utilizar os meios de comunicação locais e os desprezou, e agora está colhendo os frutos. O desgaste da sua imagem e a avaliação baixa existem exatamente porque suas redes de comunicação não chegaram ao cidadão e, então, sua avaliação só existe de uma forma: negativa. E isso tem uma explicação lógica: os órgãos de comunicação oficiais do Município divulgam os trabalhos da Prefeitura, mas não divulgam a imagem do prefeito, do realizador, ou seja, o “garoto propaganda” da sua administração deveria ter sido o senhor. Jogaram errado, trabalharam errado e agora é tarde. Então, político Neider, acredite na imprensa local, seja ela escrita, televisiva, falada ou on-line, mas acredite. E repito: adotei uma frase para a nossa FOLHA, e acho que ela cai como uma luva aqui: “Jornal tem que ter opinião”. E, aqui na FOLHA, temos. E é essa opinião, que o senhor julga não influenciar em nada, que pode ser um dos motivos do seu desgaste com a população. Sabe por quê? Porque “Jornal tem que ter opinião”. E temos. E mais, médico é uma coisa, benzedor é outra... Jornalista é jornalista e gambiarreiro é outra coisa... Fizeram gambiarra, até aqui...

Por: Renilton Gonçalves Pacheco