UIT em 171º lugar

UIT em  171º lugar

A FOLHA de São Paulo, um dos maiores jornais do país, publicou na segunda-feira, dia 21, o ranking/2024 das universidades brasileiras, públicas e privadas, no chamado RUF – Ranking Universitário FOLHA de São Paulo, um dos mais confiáveis do país e que é estudado, inclusive, pelos mestrandos e doutorandos desde o seu lançamento, porque “os critérios que compõem a nota do RUF – ensino, pesquisa, inovação, internacionalização e mercado, permitem que gestores acompanhem o desempenho e entendam a reputação das instituições em diferentes perspectivas e mobilizem esforços para a área específica”. O Ranking RUF está em sua 10ª edição e, segundo a FOLHA, retratou instituições do país com dados antes dispersos. 

Então, contando com a credibilidade do ranking, vamos tecer comentários sobre a colocação de um dos maiores patrimônios dos itaunenses, que hoje é comandado por uma família através de um braço forte de um reitor que virou “dono” do patrimônio, pois tem o controle absoluto de um Conselho Universitário sem voz ativa, dependente e que, em nossa opinião, não representa a sociedade itaunense num todo. Não vamos aqui voltar com a verdadeira “lorota” dos ocorridos nas décadas de 90/2000, mas vamos reafirmar que o processo de fechamento administrativo que não evolui vai acabar por ser responsável pela extinção desse, até então, patrimônio dos itaunenses, construído lá atrás, com a injeção de recursos públicos, terrenos públicos doados, dentre outros. 

Em nossa opinião, a Universidade de Itaúna tem, nas duas últimas décadas, uma administração míope em se tratando de evolução do ensino superior no país, e hoje começa a sofrer os reflexos disso, com a perda sequencial, ano a ano, de alunos para as universidades particulares que oferecem cursos on-line. Tanto o é que a UIT já não completa turmas para cursos na área de educação, engenharia, dentre outros cursos que permitem a realização à distância; e seus cursos nas áreas da saúde, que exigem o estudo presencial, são considerados bons, mas apenas um deles hoje tem prestígio. É nossa opinião. 

Quanto à colocação no Ranking Universitário RUF da FOLHA, entendemos que a posição dentre as 203 universidades brasileiras ativas avaliadas até que não é dos piores, se levado em consideração que são avaliadas ainda mais de 2.260 instituições de ensino, dentre universidades, centros universitários e faculdades. Mas chama a atenção entre as 2023 ativas avaliadas a colocação 171, pois está a “nossa” Universidade de Itaúna no final da lista. 

Entendemos que esse fator decrescente da Universidade é a sua administração retrógada e que não fez, por exemplo, investimentos para buscar o aluno de toda a região, oferecendo, por exemplo, cursos on-line. Esse aluno, que precisava se locomover de cidades vizinhas por meio de carro particular, ônibus fretado ou residir em Itaúna em repúblicas, passou a fazer economia para os pais e a ficar no conforto do lar paterno. E um detalhe: o diploma tem o mesmo valor no momento de exercer a atividade profissional. 

Enfim, a “nossa” UIT não é mais a mesma, com seus milhares de alunos, alguns de seus prédios já não estão sendo usados, e, se a tendência prevalecer, em poucos anos, ela não terá como se sustentar. Sua estrutura ficou grande e o custo é muito alto. O que esperamos e torcemos, como itaunenses que somos, é para que a sua direção consiga ter um olhar diferente sobre a instituição de ensino superior – que, apesar de se mostrar “particular e ter dono”, leva o nome da nossa Itaúna –, para que não chegue à falência daqui a alguns anos, deixando para o município prédios abandonados e sem solução de desfecho. Temos um exemplo que é o prédio do Mercado Municipal, em ruínas, abandonado no centro da cidade. 

Somos sabedores de que o reitor-mor pode fazer conforme dita, pois, repito, tem o controle absoluto sobre o Conselho de Curadores, mas é preciso olhar para frente, evoluir, ampliar horizontes e, principalmente, continuar oferecendo os cursos básicos mais comuns como o de Direito, por exemplo, pois a grande maioria dos jovens itaunenses que não podem estudar em outros centros, como Belo Horizonte, por exemplo, precisam de uma formação superior para poder concorrer no mercado de trabalho, e ter uma Universidade na cidade facilita muito, mesmo que a qualidade do ensino não esteja em índices desejáveis por intolerância, posicionamento arcaico e/ou até mesmo desejo de não evoluir.

O fato é que, como posicionamento no ranking, fica evidente a necessidade de uma virada administrativa na UIT, e isso precisa ser discutido amplamente com os poderes constituídos, pois ela não é particular, é uma Fundação de Direito Privado, mas foi construída com recursos públicos, recebeu esses recursos. Mesmo que juridicamente não haja uma “brecha” para se discutir a questão, insistimos que é melhor dialogar agora do que se arrepender depois e perdê-la por incompetência administrativa e/ou “petulância”, ou ainda por posicionamento ditatorial. Os dados do ranking são incontestáveis, conforme matéria explicativa publicada pela FOLHA, sobre a metodologia, apuração e uso de dados utilizados para a feitura e levantamento do RUF. Então, magnífico reitor, Vossa Magnificência deveria rever conceitos, estudar possibilidades e aderir à abertura estrutural e de metodologia educacional. O futuro está aí, e não há como resistir, pois é cada vez mais veloz a universalização do ensino superior e, se Vossa Magnificência não mudar a filosofia administrativa e de ensino, vamos acabar entregando a nossa Universidade de Itaúna, definitivamente, para as universidades on-line. E tudo que foi construído com esforços dos itaunenses, desde os idos da década de 60 do século passado, será deixado às traças, ao abandono. 171º lugar num ranking de 203. Pois é, tenho dito.