´Salem

´Salem


Curiosamente, King tem esta queda para a escrita desde quando ainda era apenas uma criança, e na escola, já na puberdade, escrevia histórias baseadas em filmes de terror e as vendia com a ajuda de seu irmão David aos amigos, mas foi obrigado a parar com isto pelos professores. Era ávido leitor de quadrinhos de terror e foi daí que veio o interesse em escrever histórias, digamos, com uma pegada sobrenatural.

Já publicou mais de 60 romances, sem se falar em contos e outros de não ficção. Atualmente continua escrevendo num fôlego de dar inveja. 

´Salem’ é seu segundo livro sob a alcunha de Stephen King, porque antes já havia escrito 7 livros sob o pseudônimo Richard Backman, sua esposa e sua grande incentivadora salvou do lixo o livro “Carrie”. Ela o recuperou enviando-o para um editor que pagou apenas R$ 2.500,00 dólares, valor baixo mesmo para a época. Contudo, os direitos autorais viriam render-lhe no futuro cerca de 200.000,00 dólares. 

Vale lembrar que ele é pai de Thabita King e Joe Hill, também escritores, e que têm alcançado significativo sucesso entre os leitores. 

Muitas obras de Stephen King foram adaptadas para o cinema e a televisão, e algumas se tornaram séries premiadas nos streamings como é o caso de Sob a Redoma. No mesmo caminho está seu filho Joe, que também tem livros adaptados para o cinema, como o Endiabrado e Telefone Preto. 

Enfim a vida de King e sua biografia e bibliografia encheria páginas e não há espaço aqui para tanto. 

Como é comum com autores no início de sua carreira, este livro foi lançado, primeiramente, como a HORA DO VAMPIRO e só mais tarde veio a ser intitulado como ‘Salem’. 

Esta é a história de uma cidade com um passado sombrio e que ninguém sabe como ao certo aconteceu, sabe-se apenas que alguém morreu de forma estranha. Também é a história de uma criança, que afirma ter visto o cadáver pendurado em uma corda, porém ao chegar no quarto o viu abrir os olhos e sorrir para ele. É ainda, a história de uma mansão abandonada por anos a fio, situada no alto de uma colina como que a observar tudo e todos na cidade de Jerusalem’s Lot.

Dizem que o tempo pode soterrar o passado, mas não é o caso de ´Salem’. 

Jerusalem’s Lot agoniza como que parada no tempo e apesar dos anos que se passaram, as transformações foram pequenas. Tudo permanece ali, a casa Marsten soberana na colina, a cidade sepultada no passado obscuro, a tragédia como estigma de amaldiçoados e o retorno do menino agora homem, perdido entre a fantasia e a realidade.

Ben Mears, decidiu depois de anos afastado de Jerusalem’s Lot, retornar. Ainda não estava certo da decisão, mas se pôs a caminho afinal, e agora que é um escritor reconhecido, pretende tirar a limpo o passado que o assombra mais que suas próprias estórias. Não se trata de um acerto de contas com o passado, só a possibilidade de tirar as dúvidas que impregnaram sua alma desde sua saída abrupta da cidade.

“Quando passou por Portland, seguindo ao norte pela estrada.” As memórias voltaram vívidas e contundentes causando aquele frio na barriga tão característico de quem se aproxima do inevitável terror de outrora.

À medida que se aproximava de Jerusalem’s Lot sensações contraditórias o assaltavam e arrepios contínuos submetiam sua sobriedade à prova, porque depois de tantos anos, era importante voltar àquela cidade que desde então o amedronta só de lembrar.

Há mistério a resolver, é necessário... Aproximando-se, viu ao longe o telhado da velha mansão Marstem, fascinado exclamou: “Continua lá. ... – Santo Deus”.

O que fiz aqui na breve narrativa acima, foi dar, com minhas palavras, o clima no qual é introduzido o leitor no início da obra. Poderia dizer mais, contudo, seria o mesmo que estragar a leitura desse romance e tirar de todos a experiência de conhecer o começo de um dos autores mais lidos no Século XX em todo mundo e que tem uma legião de fãs no Brasil. Porque não começar a conhecer este autor por ‘Salem’, sejam bem-vindos à “hora do vampiro”.