Políticos, pessoas e a imprensa
Ontem, revendo arquivos da coluna “Na Ponta da Caneta” ou editoriais da FOLHA, como queiram, deparei-me com uma publicação de 1997, edição 036 do dia 11 a 18 de outubro, que achei interessante e que me fez fazer uma conexão com a atualidade, principalmente quando o assunto é Brasília, invasão, depredação e reportagem sobre os atos de terrorismo acontecidos no dia 8 de janeiro. Como já frisado na edição passada, muitos acham que podem fazer, estar presentes ou não e defender seus pontos de vistas políticos, mas não podem aparecer na imprensa, pois entendem que a imprensa é obrigada a se curvar perante as suas escolhas políticas e tem até mesmo que defendê-las.
O texto publicado há 25 anos é muito atual e até mesmo engraçado e envolve vereadores da época que pensavam igual aos lunáticos que defenderam e defendem o ocorrido na capital federal e até mesmo ameaçam processar jornalistas, jornais e sites de notícias da região. Processar até podem, é direito deles, mas é bom que tomem cuidado com as consequências também. Mas vamos lá. Do texto, vamos retirar os nomes dos vereadores citados à época, pois alguns já faleceram e, afinal, já se passaram duas décadas e meia. Estamos usando apelidos. O texto não tem conexão com os fatos ocorridos em Brasília, mas tem a pecha de que todos podem fazer o que quiserem, mas ninguém pode noticiar. Por exemplo, eles podem ocupar as ruas, ir para as redes sociais, balançar a bandeira nacional, usar símbolos oficiais, mas nós não podemos registrar nada. Além desta conexão, o texto serve de alerta para os atuais vereadores, que não falam em Congresso, mas gostam de uma viajem, principalmente a Brasília...
A imprensa brasileira vive momentos de apreensão ante a votação pelo Congresso Nacional da nova Lei de Imprensa, que, ao que tudo indica, vem para imprensar os comunicadores. Se os congressistas não tiverem consciência, vamos acabar voltando ao tempo da ditadura militar, quando a mordaça ganhava da caneta. Se com a “meia liberdade” de imprensa existente os políticos locais estão tentando botar pressão, imaginem com a nova lei, se aprovada com seu texto original.
O que assistimos na Câmara Municipal na reunião da segunda-feira, dia 08, demonstra a falta de preparo dos nossos políticos quando o assunto é a crítica, pois o político itaunense ainda não enxergou que o papel da imprensa é mesmo o de denunciar para que os abusos sejam contidos. Todos têm o direito de discordar, o que não têm é o direito de achar que podem botar pressão tentando amedrontar jornalistas. Volto ao assunto para destacar o discurso “absurdo” que o vereador Penidão, mais uma vez, protagonizou na tribuna do Legislativo, atacando a imprensa local, seus jornalistas e repórteres. O vereador chegou a questionar a qualidade de uma foto sua publicada por um jornal da cidade. Será que o bonitão da bala chita está querendo entrar nas redações para escolher poses? E quanto às críticas a setores da imprensa referentes à viagem de quatro vereadores para Maceió, acho que todos tem o direito de ter opinião. Estamos numa democracia e por mais de uma vez já escrevi aqui nesta mesma coluna sobre isso. O Penidão não tem o direito de atacar a imprensa como ele acha que tem. E digo mais, a expressão usada por ele – “Os jornalistas têm que tomar cuidado com o que escrevem sobre nós” – é de uma pretensão inconcebível. Nós não temos que tomar cuidado com nada, porque escrevemos o que vimos e ouvimos. Se eles, na minha opinião, têm o direito de viajar, nós da imprensa temos o direito de noticiar e criticar. Vou repetir: Penidão, a sua imagem hoje é pública. E não adianta reclamar. Eu pelo menos sou a favor de que vereadores viagem com o dinheiro público para os congressos, desde que haja seriedade e de que esses congressos rendam conhecimento. Mas muita gente acha isso um despautério! E é através da imprensa que o povo fica sabendo o que acontece dentro da cúpula da Getúlio Vargas e é por isso que os jornais causam tanto medo aos políticos. O interessante é que causam medo só aos políticos inseguros. Estes políticos têm é que colocar na cabeça, de uma vez por todas, que a imprensa é um bem necessário, porque é de fato uma das poucas armas que o povo tem a seu favor.
Camarão à moda chinesa
e lagosta a molho madeira
O vereador do PSDB ficou tão irritado com um colunista da cidade que chegou a afirmar que não precisava viajar com o dinheiro do povo para comer, porque na sua casa tem comida. Ora, que na casa dele tem comida e com fartura todo mundo sabe. Mas garanto que na casa dele não tem lagosta à moda e nem camarão à chinesa, no almoço e no jantar. E que, por mais confortável que possa ser, não é nenhum hotel cinco estrelas. Ô, cara, não tem ninguém preocupado se você vai ou não comer, ou se você vai comer “PF à moda nordestina” ou se vai saborear “lagosta com champignon”. Isso não é problema meu e nem de ninguém, e isso não é assunto para tribuna de Câmara nem para coluna de jornal. O vereador é tão louco que chegou a afirmar que iria fotografar o almoço para provar que não iria comer pratos típicos e caros. É muito louco mesmo. Penidão, faça como o Carioca, assuma a viagem e pronto. Não fique dando chiliques, porque vai acabar sofrendo um enfarte. Perguntar não ofende: a farinha com rapadura estava gostosa? E qual o sabor da tapioca?
Sob censura
Não entendi até agora a ira do vereador Penidão (não é o Luciano não, viu, gente?). Ficou irritado só porque sugeriram ao povo protestar? Ou ficou irado porque o encontro foi em Alagoas, e como disse o Meinha, na terra de gente muito boa, como os Collor de Melo, o PC Farias e os Malta? Ou será que ficou irado só porque o jornal Brexó falou que ele iria trazer “bons frutos” do encontrão e não especificou se os frutos eram do mar ou se eram de macaxeira, de umbuzeiro etc. etc. Sinceramente, até o momento não entendi o motivo da irritação. Não pode ser só porque publicaram aquela foto que ele está de olho fechado, e disseram que ele estava era sonhando com a viagem. Não pode ser! Eu li e reli o jornal Brexó e não vi motivo para tanta irritação do Penidão e do Carioca, e do Fabão e do Farmacêutico... Será que eles ficaram irritados só porque escreveram: “Vereadores farão viagem a Maceió com dinheiro público”? Não. É, pode até ser por isso, mas não é motivo, né? Ou porque publicaram: “Carioca ainda acha ‘barato’ a despesa, que pode chegar a R$ 4.500,00”. Também não é motivo. Ou será que a irritação é porque a Secretária de Educação foi para os Estados Unidos, um país do primeiro mundo, onde se encontram paraísos como Miami, Disney... e os “nobres” vão é para o Nordeste? É, pode até ser, mas acho que ainda não é motivo. Afinal, é só esperar o Congresso Internacional de Vereadores. Sinceramente não consegui achar motivos contundentes para tanta irritação, principalmente do Penidão. Afinal, nem o Brexó e nem o Meinha chegaram a dizer que o “encontrão” que terminou ontem lá nas Alagoas – na praia da Boa Viagem – teria participação especial dos famosos “jegues do Nordeste” e nem de jegues de toda parte do país. Encontro de vereadores, prefeitos, vices, secretários e assessores só pode mesmo ter sido um encontrão, onde o jegue nordestino foi figura ilustre. Cala a boca, Magda! Rimrom! Rimrom! Rimrom!
Em tempo: será que o Barbosão lembrou de trazer um chapéu nordestino?
Renilton Gonçalves Pacheco