Miragem em chamas

Miragem em chamas


Esta é mais uma história do personagem Jack Reacher, que tornou Lee Child, um autor mundialmente conhecido.

O livro foi publicado no Brasil primeiramente com o nome de CIDADE EM CHAMAS, que numa tradução mais literal, seria ‘Echo Queimando’, mas como o nome da cidade é Echo, optaram por cidade e no lugar de queimando, acharam melhor “em chamas”. Posteriormente em nova edição, esta mesma história veio pelo selo da Bertrand Brasil com o nome de ‘Miragem em Chamas’ e neste caso, considero que ficou pior, porque não tem nada a ver com miragem.

Na sequência dos livros que envolvem o personagem Jack Reacher, este é o quinto livro escrito pelo autor. Particularmente, tenho outros livros do escritor com este protagonista, mas curiosamente, li exatamente o Cidade em Chamas, que está numa coletânea de quatro livros da Seleções Readers Digest, cuja edição é de 2003. A atmosfera do livro é cinematográfica, o ritmo é de ação contínua e crescente e o autor é um mestre em nos prender à trama. Você só vai largar o livro quando acabar, é aquele tipo de obra viciante, pegajosa e instigante.

Quando eu falo cinematográfica é que fica perceptível as tomadas em que o leitor, que num momento está preso a fatos que envolvem o personagem, se vê de repente às voltas com um observador incógnito, mas totalmente relacionado com os acontecimentos, isto tudo em tempo real, o que alimenta o improvável na história.

A construção do substrato da narrativa dá corpo e sentido ao desenrolar do contexto e faz valer a pena cada reviravolta, sem falar nos instantâneos interpretativos de Jack Reacher, que põe a serviço dos indefesos e marginalizados, toda a sua experiência de investigador militar. 

Jack Reacher está perambulando pelas estradas poeirentas do Texas, passando seus dias de motel em motel ao longo da estrada, que vez ou outra, está nas cercanias de uma cidade pequena. Sempre que pode, aproveita para frequentar os bares da localidade e não foi diferente naquela noite.

Ao retornar ao motel tem o que se pode dizer de uma noite bem dormida. Reacher acorda pela manhã em seu quarto de motel e se dirige ao banheiro para escovar os dentes. Ainda sonolento, pensa num bom café para despertar de vez, e quando olha pela janela vê a viatura da polícia local encostar diante da entrada. Saltam dela três policiais corpulentos e o que está à frente parece familiar. 

Tinha que ser, era ele mesmo, o sujeito que ele esmurrara no bar ontem à noite e deixara desacordado depois da breve discussão sem sentido. Agora o melhor mesmo é sair o mais rápido possível, porque não parece que a recepção naquele lugarejo vai valer a pena, então, passa a mão em seus pertences, que não são muitos e cabem todos na mochila e salta à janela do banheiro, seguindo direto para a autoestrada. 

Como é urgente, não para de olhar o relógio, porque para ele em dez ou menos minutos os policiais estarão no seu encalço. Por isso a pressa, estica o polegar para o primeiro caminhão que passa e só vê a poeira deixada pelo descaso, olha mais uma vez o relógio e já passaram cinco minutos, logo, logo, sairão à sua procura, portanto, continua com o polegar levantado sinalizando freneticamente, na esperança de quem sabe um ônibus, ou talvez um táxi, mas desta vez o impensável aconteceu, uma mulher parou e perguntou:

- “Para onde você vai?”. E ele respondeu: - “Qualquer Lugar.” 

Não era a melhor resposta, mas não tinha tempo para outra melhor, pensando haver cometido um erro em assim responder, foi surpreendido com: - “Tudo Bem. Estou indo para um lugar depois de Pecos.”. Respondeu: - “Está ótimo.”

Apesar do alívio, teve aquela sensação de que era bom demais para ser verdade, pois é bastante incomum arranjar uma carona, num fim de mundo, com uma mulher bonita, jovem, sozinha e num cadillac ... isto dá o que pensar.

O livro vai neste frenesi até a última página, por que não confere o resto da história lendo-a do início ao fim?