Dos milhões à tarifa zero...
Desde o sábado passado que o assunto Tarifa Zero está na pauta de alguns itaunenses, passando por líderes partidários e alguns outros cidadãos ligados a partidos políticos de esquerda e que levam para a rua posições de cunho popular, sendo a maioria deles militantes e pretensos candidatos a cargos eletivos. Da rua, o assunto foi para a Câmara Municipal e foi debatido na terça-feira, 23, em reunião extraordinária dos vereadores, e a conclusão que podemos tirar até aqui é que há um movimento crescente defendendo a tarifa zero, mas que não tem como ter uma conclusão positiva em curto prazo, pois as circunstâncias práticas não permitem ações de cunho amplo, ou seja, não é momento para cancelar contrato de concessão e muito menos de discutir uma tarifa zero, quando sequer a garantia dos serviços plenos e com qualidade está sendo possível, pois a concessionária alega não estar prestando os serviços como deveria, devido a prejuízos contabilizados no período da Covid e cobra do Município reposição no valor de R$ 26 milhões para que possa investir na modernização da frota em e em abrigos e terminais, por exemplo.
O assunto destinação de recursos da ordem de 26 milhões de reais para a concessionária Via Sul, que já é de conhecimento de todos na cidade e que por duas vezes já teve o projeto de autoria do Executivo derrubado pelos vereadores na Câmara, é outro tema que envolve o transporte público e que vai voltar à Câmara na primeira semana de fevereiro, pois, até mesmo para a judicialização da questão, é preciso provar que todas as tentativas foram exauridas. E a questão tarifa zero, em nossa opinião, passa pela reposição dos recursos perdidos pela Via Sul, pois a empresa não vai continuar trabalhando com déficit e se não ver os recursos perdidos repostos, com certeza vai pedir aumentos sucessivos até repor todo o prejuízo no período da Covid. E, além disso, numa lógica, os custos têm aumentos, e assim os preços das passagens precisam mesmo ser revistos. É a lógica do capitalismo.
Então, como já argumentamos por mais de uma vez em outros editoriais, somos favoráveis à reposição dos prejuízos da empresa Via Sul, desde que ela também assuma o compromisso de colocar veículos novos, construir abrigos decentes nos pontos de ônibus e, mais que isso, junto com a prefeitura, estude a construção de um terminal na área central, de preferência na Praça Dr. Augusto. É possível, basta querer.
Então esse assunto que vem rendendo faz mais de 120 dias e, ao que parece, ainda não é consenso entre os vereadores, vai voltar à tona nos próximos dias. E como temos afirmado em outros editoriais em edições no ano passado, continuamos com a mesma opinião de que é preciso analisar o que está por trás da destinação deste recurso para a Via Sul, pois, além dos prejuízos da empresa, que são reais, desconfiamos que há mais interesse de quem não está na empresa do que dela própria. Repetindo: continuamos com a mesma opinião já expressada em editoriais anteriores.
Sinceramente, achamos que essa situação deve mesmo ser resolvida de uma vez por todas, desde que parte dos recursos seja revertida em prol dos usuários. Basta os vereadores negociarem com o chefe do Executivo para que o dinheiro seja em prol de melhorias no serviço de transporte coletivo, com a aquisição de ônibus novos com ar-condicionado, guaritas decentes e modernas e com indicativos eletrônicos de horários e itinerários, dentre outros já citados acima. E, além disso, os nossos representantes no Legislativo precisam exigir do chefe do Executivo um compromisso a curto prazo para que um terminal para coletivos, mesmo que provisório, mas com um mínimo de conforto, seja feito na nossa principal praça, na Dr. Augusto. É possível construir um terminal coberto, com capacidade para receber os ônibus e onde o usuário possa esperar sem estar exposto ao sol ou chuva. Basta querer fazer, pois há alternativas possíveis de serem executadas com poucos recursos.
Então é essa nossa opinião sobre a questão recursos para a Via Sul. E, sinceramente, como afirmado anteriormente, acreditamos que o projeto voltará mesmo à Câmara, e a qualquer custo, independentemente de ser ou não aprovado. O prefeito, que deve estar em situação difícil com a empresa, quer é “lavar as mãos” e concorda que é preciso deixar tudo juridicamente possível para que a empresa possa judicializar a questão. E, caso esse assunto não seja resolvido da melhor forma nas próximas semanas, possivelmente teremos mais um aumento de passagem como presente de ano novo, logo após o carnaval. Então o povo tem é que exigir melhorias no transporte em todos os sentidos. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos e ouvir as conversas e posicionamentos “para inglês ver”, porque a insistência em aprovar os milhões é grande e nos leva a refletir, tentar entender e concluir que há mais poeira por debaixo do tapete do que imaginamos... Como já frisamos por várias vezes, são coisas da nossa Itaúna Barranqueira!
Por: Renilton Gonçalves Pacheco