Apenas 30% do esgoto está chegando na ETE

Conforme apuração da reportagem, cerca de 70% do esgoto gerado em Itaúna está caindo nos cursos d´água

Apenas 30% do esgoto está chegando na ETE
Foto: Arquivo/FOLHA


Uma semana após a inauguração da ETE – Estação de Tratamento de Esgotos, a reportagem da FOLHA apurou junto a fontes do SAAE que cerca de 70% do esgoto gerado na cidade está sendo despejado nos cursos d’água e não chegam até a estação para o devido tratamento. Se levado em conta que a previsão de vazão do esgoto itaunense é de 219 litros/segundo, com população estimada de 100 mil pessoas, mais de 150 litros por segundo está indo parar no rio. Com isso, cerca de 70 litros de esgoto, por segundo, estão chegando à ETE para tratamento. As informações são estimadas, não havendo um número exato oficialmente, porém as fontes afirmam com segurança que no SAAE está acontecendo a medição do volume.

Perguntado a alguns trabalhadores da autarquia sobre o que está levando a esse volume de esgoto que está sendo desviado para os cursos d’água, a quase totalidade afirmou que os estragos causados nos interceptores com as obras de limpeza do rio são o principal motivo. Conforme os trabalhadores, apesar de políticos insistirem que não foram feitas obras de manutenção do Projeto Somma ao longo dos tempos, os trabalhadores apontam para “a realidade da situação”, como disse um deles. “Basta fazer uma pesquisa sobre as notícias de vazamento de esgoto na cidade, quando começaram a ocorrer com maior volume, para saber as causas”, apontou. E lembrou que, até o início das obras de limpeza do rio e seus afluentes, denúncias de vazamento de esgoto eram raras.

Sobre as expectativas de correção do problema, profissionais experientes que estão no trabalho diário da autarquia afirmam que o SAAE tem pessoal e conhecimento técnico para realizar as obras. “Todos aqui, desde os funcionários da rua até o pessoal mais graduado, lá de dentro, sabem que o esgoto captado na região do Itaunense está sendo jogado nos Capotos, que o esgoto da região da Várzea e Padre Eustáquio está caindo no Joanica e que o esgoto do Bairro de Lourdes, Morro do Engenho, vai parar no rio, por causa dos rompimentos das redes”, disse um trabalhador. E completa que “é possível corrigir, desde que a direção do SAAE priorize essas obras. Dinheiro, eles anunciam que tem em caixa, mas a Prefeitura deve arcar com parte do custo também, porque os estragos foram causados com as obras feitas pela empreiteira que eles contrataram”, concluiu.

 É voz corrente entre os trabalhadores que o SAAE está sendo “destruído”, conforme disse um servidor, “por causa da politicagem. Estão desvalorizando os profissionais de carreira e dando privilégios a contratos, colocando pessoas sem especialização e sem compromisso com o SAAE, já que não tem carreira construída aqui (na autarquia). É preciso voltar a valorizar os profissionais efetivos, fazer concurso para repor peças e manter a qualidade na prestação de serviços que o SAAE já teve e que está perdendo a cada dia com essa política atual”, desabafou um servidor, demonstrando o clima de descontentamento existente na autarquia.