Sujeiras!

Sujeiras!


Por algumas vezes, nos editoriais semanais, elogiei a administração do Senhor Neider Moreira no que se refere à eficiência do dia a dia. Ou seja, em relação aos afazeres diários inerentes às responsabilidades de uma administração pública, que incluem manter a cidade limpa, gerenciar com eficácia os serviços de distribuição de água, coleta de esgoto, coleta de lixo, iluminação, sinalização de trânsito, jardins das praças bem cuidados e o trânsito fluindo, além das escolas, cemitérios, postos de saúde e plantão médico funcionando bem, dentre muitos outros... Ou seja, tudo normal, pois uma administração pública municipal tem que administrar os serviços diários para o bem do cidadão, que paga impostos, ou seja, paga pelos serviços. 

Entendo que a administração do Senhor Neider, nesses quase 8 anos, tentou gerenciar os citados serviços essenciais de forma eficiente, pois, num olhar mais amplo, a cidade é razoavelmente limpa, tem boa qualidade de vida e os serviços funcionam. Mas é preciso também afirmar que muitos deles não funcionaram tão bem e isso nosso jornal mostrou praticamente todas as semanas, nos últimos 7 anos e 4 meses. É comum, por exemplo, assistir no telão da Câmara e ouvir dos vereadores, sejam eles da base ou oposicionistas, reclamações sobre bueiros entupidos, buracos nas ruas de bairros, mato subindo nos passeios, dentre muitos outros problemas... E são constantes as reclamações via telefone ou e-mail no jornal, por exemplo.

As reclamações mais sérias são em relação os serviços de Saúde, o Plantão 24 Horas, que funciona no Hospital Manoel Gonçalves, mas é de responsabilidade do Município, e que não funciona com a eficiência necessária, e também os PSFs, que deveriam ser a primeira porta para os primeiros atendimentos e não conseguem exercer essa função. Não sabemos se por falta de estrutura funcional ou por uma questão administrativa de opção. Mas que não funcionam com a eficiência necessária é fato. 

Outro problema sério é a questão que envolve a limpeza na área central da cidade. Todos os dias as lixeiras amanhecem reviradas e as centenas de sacos de lixos rasgados com o lixo espalhado nos passeios. Na Praça Dr. Augusto, nas ruas Silva Jardim, Capitão Vicente, Antônio de Matos, dentre outras adjacentes, é possível assistir à sujeira praticamente todos os dias... Os motivos básicos são o não recolhimento no dia anterior após às 18 horas, a colocação do lixo pelos moradores e comerciantes após 18 horas e os moradores de rua que reviram as lixeiras e rasgam os sacos de lixo, espalhando-os por todas as calçadas. É uma sujeira! Isso sem contar os cachorros, que, já acostumados com a rua, fuçam o lixo, rasgando os sacos que encontram nos passeios. É até interessante observar como os referidos quadrupedes sabem onde estão os sacos de lixo e o horário... 

Exposto a situação, entendo que só há uma solução para acabar ou pelo menos amenizar a questão, digamos, caótica em que fica a área central da cidade todas as noites e manhãs, quando o cidadão sai de casa para trabalhar e tem que ficar se desvencilhando de montes de lixo nos passeios, literalmente fuçados pelos moradores de rua e os cachorros, também de rua. Como já publicado inúmeras vezes, primeiramente é preciso solucionar a questão dos moradores de rua, que também são pedintes e incomodam a população o dia todo na área central, querendo dinheiro para comprar drogas e/ou bebidas. Solucionando essa questão, teremos solucionado parcialmente a questão do lixo, porque aí é preciso ver como fazer com os cachorros de rua, que estão protegidos por lei. Em meu entendimento têm que ser recolhidos ao canil municipal para depois serem adotados por meio de atos públicos de adoção via AIDA. Na rua é que não podem continuar, pois, além da bagunça e da sujeira, podem transmitir doenças aos transeuntes nas praças e calçadas e nos pontos de ônibus. São bonitinhos, mas somente. 

Agora, mudando completamente de foco, mas, em minha opinião, continuando no assunto sujeira, confesso que estou com um olhar de achar de fato uma “sujeira” o modo como a maioria dos nossos políticos agem. E entre eles encaixo o nosso alcaide, que esta semana fez “solenidade” para apresentar o projeto para as obras necessárias na Av. Jove Soares, nosso principal corredor de trânsito para a interligação bairro a bairro e a área central, e que é também a nossa “Avenida do Lazer”, onde estão os principais restaurantes, barzinhos, lojas gourmet etc. 

Ora, ora, ora... Faltam praticamente oito meses para o término do governo do Senhor Neider, e ele apresenta agora um projeto de obra que vai custar R$ 80 milhões e paga pelo trabalho quase R$ 1 milhão?! Fatalmente o projeto vai ser “engavetado”, e no próximo ano o novo prefeito é quem vai ficar com o “abacaxi”, pois, se não o tirar da gaveta, terá que arcar com as cobranças dos comerciantes e moradores da “Prainha” e do restante da população que passa pelo logradouro para ir e vir trabalhar, além do então ex-prefeito e provavelmente candidato a deputado, que não vai perder a oportunidade. Mas o que chama a atenção é a “cara de pau” de se apresentar um projeto, friso, um projeto, e afirmar: “Quando tivemos aquela chuva descomunal no fim do ano passado, o projeto já estava quase pronto. A verdade é que é uma mudança de paradigma. Agora temos um norte para sabermos as mudanças que precisam ser realizadas. Temos agora um projeto extremamente avalizado, robusto e estudado para que a gente resolva definitivamente o problema da Av. Jove Soares. Um grande legado que deixamos para a cidade, para que o próximo prefeito possa realizar. Então fico muito feliz de entregar isso”.  

Pois é, temos um projeto, uma mudança de paradigma, temos um norte... Disse ele. E a “bomba” vai ficar nas mãos de outro. E o pior, o problema continua sem solução, então, apesar das afirmativas do Senhor Neider de que “temos agora um projeto extremamente avalizado, robusto e estudado para que a gente resolva definitivamente o problema da Av. Jove Soares”. A gente resolva... A gente quem!? Ou seja, é tudo uma verdadeira “sujeira”. Ponto.