Projeto Somma “destruído” em vários pontos

Reportagem apura que, nos últimos seis anos, não aconteceram manutenções na rede de coleta do esgoto

Projeto Somma “destruído” em vários pontos


O Projeto Somma, desenvolvido em Itaúna na década de 1990, foi implantado para captar o esgoto ao longo dos cursos d’água na área urbana, antecipando a construção da ETE – Estação de Tratamento de Esgoto. Iniciada em 1994 e concluído em fins de 1997, a obra tinha projeção de durabilidade de 20 anos. Portanto as primeiras redes deveriam já receber manutenção em 2014 e as finais, a partir de 2017. Porém, apesar de a vereadora Márcia Cristina afirmar insistentemente que não aconteceram manutenções na rede coletora de esgoto formada pelos interceptores (captação do esgoto às margens dos cursos d’água, evitando assim que esses resíduos desaguassem nestes canais de água), a reportagem ouviu de servidores do SAAE que essas obras aconteceram, sim. “Basta solicitar um relatório das obras realizadas nos últimos 20 anos, lá no SAAE, que podem confirmar”, afirmou um servidor da autarquia que trabalha diariamente no setor de obras.

Conforme apurado pela FOLHA, Itaúna foi dividida em cinco bacias de saneamento – o que está colocado no Plano Municipal de Saneamento Básico. São as bacias enumeradas de “A” a “E”, respectivamente localizadas nas regiões dos bairros de Lourdes, Várzea da Olaria, Avenida Jove Soares/Centro, Principal (que vai do Bairro das Graças à ETE) e Itaunense/Santanense (capotos). Na relação de obras realizadas nos interceptores, uma das que mais chamou a atenção, até porque causou muitos transtornos na época, aconteceu na região que vai do Grêmio de Santanense até a entrada da fábrica do mesmo nome. No período dessas obras, o trânsito foi desviado e várias reclamações foram registradas.

Também foi feita obra de manutenção dos interceptores, com a troca do manilhamento, na região da Delmira Gonçalves, nos Garcias, ocasionando interceptação do trânsito por vários dias naquele local. Um outro trecho dos interceptores que foi inteiramente reformado foi nas proximidades do complexo esportivo da Universidade de Itaúna. Também na área que dá os fundos com a Praça de Esportes do Bairro de Lourdes, aconteceu a troca dos interceptores, em ações de manutenção daquela rede. E um outro ponto apontado pelos servidores do SAAE foi na Avenida Jove Soares, na ligação com o Rio São João, onde foi feita obra de combate às enchentes pela administração de Eugênio Pinto. Também naquele local, a rede do Projeto Somma foi inteiramente trocada.

Obras no canal dos ribeirões e no rio causaram estragos

Nos últimos meses, as reclamações se avolumaram em relação ao despejo de esgoto nos cursos d’água a ponto de o vereador Antônio Da Lua fazer denúncia à Comissão de Meio Ambiente da Câmara. E as causas apontadas, na maioria das vezes, são as obras de desassoreamento dos cursos d’água, realizada por empresa terceirizada e que não teria recebido as informações da existência das redes, ou essas informações, se repassadas, não foram observadas, conforme apontam alguns críticos. 

Segundo denúncias de vereadores e da população, os problemas surgiram conforme as obras de desassoreamento caminharam ao logo dos cursos d’água. De acordo com informações não confirmadas, o custo para a reforma dessas redes “destruídas pelas máquinas da empresa terceirizada” – como dito em várias oportunidades pelos edis – pode ultrapassar tranquilamente o valor de R$ 10 milhões. Desta forma, a menos de uma semana da inauguração da ETE, pôde ser ouvido na Câmara que seria necessário “tratar toda a água do Rio São João, que está puro esgoto”. A ETE, que é, sem dúvida, a realização de um sonho dos itaunenses, pode se tornar sem efetividade, já que as águas dos córregos, ribeirões e do rio estão contaminadas pelo esgoto. “Não pela falta de manutenção do Projeto Somma, mas por causa da destruição destas redes nos últimos meses”, conforme disse à reportagem um político itaunense.