O que será aquilo brilhando no horizonte?

O que será aquilo  brilhando no horizonte?


Sou cliente da GOX desde os tempos da internet a rádio. Não se espante: isso foi outro dia.

A tecnologia era precária, mas eles se esforçavam. Acabei saindo, mas voltei quando a fibra ótica substituiu a manivela. Desde aqueles tempos, a GOX sempre teve um diferencial admirável: o atendimento cordial e eficiente, assistência técnica competente e ágil. Alguns restaurantes costumam fechar pro almoço e se você precisa de um suporte no feriado, está todo mundo na praia. A GOX está sempre alerta. 

No entanto, recentemente resolveram mexer no time vitorioso e foi adotado o atendimento por robôs. Não gosto de conversar com robôs, um problema pessoal, reconheço. Os atendentes de antes eram simpáticos e solícitos, mas há alternativa? Acho que deveriam ter feito uma pesquisa de expectativas.

Dia desses precisei atualizar os meus dados e lá veio o filho de chocadeira. Optei por falar com uma pessoa e o robô me disse: “...alguém vai atendê-lo”... Achei rude. Como assim “alguém”? Isso são modos de se referir a um ser humano? Ele é “um atendente virtual” e o humano é só “alguém”? É como se o  segurança do banco falasse pra você: senta ali que “um cara” vai te atender: é falta de educação.

Muitas das histórias sobre o nosso futuro próximo que circulam por aí, tem ar de paranoia, o que lhes tira a credibilidade. No entanto as estranhezas se multiplicam a cada dia e o nosso relacionamento com as máquinas não podem se restringir a que só nós nos adaptemos. 

Dizem que as nossas máquinas estão a um passo de passarem a servir a outros senhores, que poderão travá-las, desligá-las, sumir com arquivos e mandar mensagens em nosso nome, a seu bel-prazer. Apenas torcer para que nada disso tenha fundamento, não é suficiente: é preciso que se avance nas regulamentações e na compreensão do funcionamento desses mecanismos, que já estão ficando misteriosos para os seus próprios inventores.

As Big Techs fazem parte desse problema e talvez sejam a maior parte dele. Adiei a atualização do Windows por meia dúzia de vezes. Um dia ele não perguntou e começou a atualizar por conta própria, me encostando na parede: “... não desligue o computador até que essa etapa esteja completa!”. É claro que obedeci.

Breve você vai ver filmes de clones seus e vai dizer: uai... não me lembro bem disso... E seus amigos vão dizer: lembra sim! Já viram outros...

É esse tipo de coisa que eu temo quando se trata da Inteligência Artificial, a já popular IA. As máquinas vão permitir que você tenha controle sobre a sua identidade? Vão deixar que interrompa qualquer processo? Você programou seu veículo auto suficiente pra ir até Juatuba, mas resolveu parar em Azurita. O  carro diz pra você: “...me preparei pra ir até Juatuba e é pra lá que NÓS, vamos!”. De condutores, podemos nos transformar em passageiros da história.  

Numa esfera mais dramática e assustadora, o computador central do Pentágono dispara a contagem regressiva para lançar mísseis nucleares sobre um lugar qualquer do planeta. As tentativas de reversão são frustradas e os técnicos recebem uma mensagem: “...você não tem autorização para acessar esse comando”.  Eles devem ligar pro SAC? Pode acontecer como se deu comigo no UOL, cujo robô me disse assim: “...para entrar em contato com o SAC, antes você deve entrar em contato com um dos nossos atendentes........todos os nossos atendentes estão ocupados no momento: tente mais tarde”.

Ah, passou pela sua cabeça a solução final: desligar a tomada!!!

Se apresse, pois elas estão com os anos contados.

*Arquiteto, Urbanista, Professor M.Arts