Não há Cristo sem a Santa Igreja Católica

Não há Cristo sem a Santa Igreja Católica


A Igreja Católica e Cristo são uma só Carne. É impossível ter verdadeira fé em Cristo Jesus sem crer também na única Igreja que Ele fundou, porque ambos, como ensina a mais antiga tradição, baseada no testemunho das Sagradas Escrituras, constituem uma só pessoa mística, o Cristo total. A Santa Igreja Católica forma um só corpo com o Cristo, nos ensinam as núpcias do Cordeiro. Ela é a continuidade da humanidade de Jesus Cristo ao longo da história. Aceitar a um negando a outra é separar-se da genuína fé apostólica. Lúcio Navarro, Padre Paulo Ricardo, o Papa Pio XII, na abençoada encíclica Mystici Corporis, de 29 de junho de 1943, as Sagradas Escrituras e toda Santa Tradição apostólica nos guiam nesta explicação.

Para termos de Deus o conhecimento que Ele mesmo nos quis revelar, precisamos, antes de tudo, ter fé em Jesus Cristo, ou seja, crer no que Ele diz e no que Ele é, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. 

A Igreja Católica é uma continuação do mistério da Encarnação. O Filho de Deus, expressão da glória do Pai, se fez homem na plenitude dos tempos, veio a este mundo e dá CONTINUIDADE À SUA OBRA SALVÍFICA POR MEIO DA IGREJA POR ELE FUNDADA. Jesus continua vivo e presente, de uma forma real e misteriosa, nos membros de seu Corpo, sobretudo nos santos, isto é, naqueles que vivem perfeitamente o mistério de sua incorporação a Cristo.

Jesus Cristo continua, vivo e real ao longo dos séculos, em sua Igreja, Santa e Católica. Ele está aqui, hoje e sempre; não é um personagem do passado, um simples nome ilustre, mas uma pessoa com a qual podemos, sim, viver e conviver, ainda que sob a penumbra da fé.

A Bíblia não caiu do céu no colo de alguém. Foi esta Igreja Católica, fundada diretamente por Ele, que escreveu boa parte das Sagradas Escrituras. Foram os discípulos do Senhor que, inspirados pelo Espírito Santo, redigiram os vinte e sete livros que compõem o que hoje chamamos Novo Testamento. Foi a Santa Igreja de Jesus, ilustrada e guiada pelo mesmo Espírito, que discerniu em quais livros bíblicos estava contida a genuína Revelação de Deus. É, portanto, a mesma Igreja a única autoridade a quem foi confiado o poder de interpretar corretamente o Texto Sagrado. 

Mas e o que responder àqueles que afirmam que a Igreja Católica é uma invenção humana? 

Os diversos credos protestantes que se propuseram como alternativa à única Igreja fundada por Cristo herdaram de Lutero uma agressiva incompreensão da teologia recebida diretamente dos apóstolos sobre o fato de a Igreja Católica ser literalmente a continuidade da humanidade de Cristo nesta terra. A explicação detalhada disso amadureceu na evolução de seu dogma. São João Damasceno explicou sobre Cristo como instrumento da salvação. Santo Tomás de Aquino tratou de que essa instrumentalidade se estende por meio dos sacramentos. E o Papa Pio XII nos entregou a bendita encíclica Mystici Corporis. Esta encíclica representa um marco no esclarecimento da eclesiologia, assumindo amplamente os enunciados bíblicos.

A nossa fé em Jesus, por consequência, para ser fé autêntica e verdadeira, tem de estender-se também à Igreja Católica. Cremos no Cristo total, a Cabeça não subsiste separada do Corpo nem o Corpo tem razão de ser à parte da Cabeça.

Segundo Lutero, a Igreja que Cristo menciona na Bíblia é uma igreja invisível e a igreja visível é apenas uma criação humana, uma plaquinha colocada sobre uma porta onde as pessoas se reúnem. Mas esse argumento de Lutero conflita com aquilo que está nas próprias Sagradas Escrituras e na Tradição repassada pelos apóstolos. Até porque a Igreja dos Apóstolos é visível. Os 12 apóstolos e seus discípulos são bem definidos e não são invisíveis. Eles não fazem parte de um grupo indefinido invisível, mas de uma estrutura palpável, batizada pelo próprio Cristo.

É muito claro, evidente, que Deus resolveu nos salvar usando a humanidade de Cristo. Assim Deus Pai determinou que o sobrenatural entrasse neste nosso mundo por meio do envio que o PAI faz do ESPÍRITO SANTO a fim de ungir o CRISTO cabeça. O Espírito Santo não é derramado em nós diretamente, como supõem os protestantes pentecostais. Nós dependemos da humanidade de Jesus Cristo para recebê-lo.

Boa parte das centenas de interpretações protestantes acredita que a Igreja Católica é uma unidade física e moral, cuja união se baseia sobre a finalidade de nos salvarmos por meio de Cristo. Um equívoco.

A Encíclica Mystici Corporis nos ensina com clareza sobre isso. A Santa Igreja Católica, longamente tratada nas Sagradas Escrituras e na Santa Tradição Apostólica possui três tipos de unidade. A primeira é unidade física: aquela que conecta toda a estrutura visível. A segunda é a unidade moral: somos uma agremiação de pessoas com o fim comum de nos salvarmos para a vida eterna ao lado do Pai. A terceira é a mais importante, chamada de unidade mística: somos membros do Corpo Místico de Jesus Cristo. Este Corpo Místico é aquilo que chamamos de extensão da humanidade do Salvador ao longo da história. Passamos a fazer parte dele apenas quando nos batizamos. Sem pertencermos a este Corpo, fora dele, não há Salvação. É este Corpo que nos torna filhos adotivos de Deus Pai. Este Corpo Místico é sinônimo de Santa Igreja Católica. E quem nos disse isso foi o próprio Deus Encarnado.

Bom lembrar que os diversos escândalos lamentáveis foram sempre cometidos por seres humanos falhos que pertenciam à Igreja. Enquanto havia um pecador como Alexandre Borja, que era papa, a verdadeira Igreja Imaculada de Cristo subsistia e era transmitida por meio da grandeza de seus pilares santos contemporâneos como uma Santa Teresa D’Ávila, um São Felipe Neri ou um Santo Inácio de Loyola.

Quando Cristo diz: edificarei A MINHA IGREJA e as portas do inferno não prevalecerão contra ELA (Mt XVI, 18); a que Igreja se refere? Não é a uma Igreja invisível, nem a uma alternativa vislumbrada pelo protestantismo, nem a nenhuma Igreja protestante em particular, porque as Igrejas protestantes só começaram a existir no século XVI. Refere-se, sem dúvida alguma, à Igreja Católica; é fácil demonstrá-lo no início do adjetivo Cristãos, surgido em Antioquia junto com o nome da Igreja fundada por Cristo, conforme registram no próprio século I. Santo Inácio, contemporâneo dos Apóstolos e pessoa que sucedeu São Pedro como Bispo de Antioquia nos fala abertamente da Igreja Católica, na sua Epístola aos Esmirnenses: “Onde comparecer o Bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que, onde estiver Cristo Jesus, aí está a IGREJA CATÓLICA”.

Por Rafael Corradi Nogueira