“Derrapadas” previsíveis
É previsível! Vai se aproximando o final do mandato e tudo vira uma verdadeira “festa” e há um afrouxamento visível da vigilância administrativa, o que até certo ponto é até natural, pois o mandatário acha que já fez o que tinha que fazer, e passa apenas a executar o necessário, ou seja, manter os serviços básicos em funcionamento. Só que desta vez o Senhor Neider Moreira precisa tentar fazer o sucessor e eleger pelo menos dois ou três vereadores para que esteja, digamos, protegido das cobranças, dos questionamentos vindos do Legislativo, e precisa das contas aprovadas, até porque, temos a certeza, ainda não vai se aposentar, e tem que ficar com nome limpo para promover nova candidatura lá na frente.
Então, no vale tudo da política e ainda com a máquina nas mãos, a preocupação passa a ser a sucessão, pois outra coisa que ele precisa é fazer o sucessor, senão estará, digamos, em dificuldades com as aprovações das contas, o que seria outro entrave para as pretensões políticas futuras. Mas, para que não tenha problemas lá na frente, os seus pupilos precisam parar de fazer as costumeiras lambanças. E, nesta semana, uma das lambanças acabou em questionamento judicial do Cruzeiro Esporte Clube, após mais uma “gracinha” da sua turma da comunicação. Se bem que não é uma lambança tão séria em termos judiciais e de geração de impedimento futuro, mas pode ter consequência moral.
Faz tempo que a FOLHA vem alertando e fazendo críticas em relação ao “estilo” escolhido pela assessoria de imprensa do Senhor Prefeito para atuar nas mídias sociais, onde acreditam que fazem sucesso, devido ao alto fluxo de acessos. Mas eles, os comandantes da assessoria que eu denomino capenga, não conseguiram ainda enxergar que os acessos nas plataformas oficiais não são da população buscando notícias da administração, mas, sim, um canal de busca de informações oficiais em relação a serviços e atuações da administração em toda a cidade. Esta visão de que estão fazendo jornalismo moderno nas redes sociais oficiais, repito, é míope, e tem mais, a maioria dos acessos vêm do próprio funcionalismo público, e mesmo assim há muito impulso forçado. Não é mesmo?
Por mais de uma vez, em matérias ou mesmo nos editoriais, já citei que estão trabalhando errado e fazendo um jornalismo “cambeta” e oficialmente, o que é o pior. E o interessante é que se quer se preocuparam com isso. Segundo informações vindas do gabinete do Senhor Prefeito, eles, os jornalistas oficiais e o alcaide, têm a absoluta certeza de que estão fazendo sucesso e atingindo todas as camadas da população com as suas “notícias”. Ledo engano, são criticados pela população que cobra comunicados à moda antiga, ou seja, via rádios, jornais e até mesmo “carro de som” nas ruas dos bairros avisando que vai faltar água, que a água está suja, que o “caminhão de lixo” não vai passar para recolher amanhã, etc. Mas preferem e insistem nas mídias sociais e acham que está resolvido. Então é respeitá-los e rir. Somente. Então que a atitude do Cruzeiro Esporte Clube sirva de lição. Pode acontecer coisa pior. Um conselho: não insistam, façam o “feijão com arroz”.
E vamos para outra derrapada, que é controversa e até certo ponto previsível. A questão Via Sul e os prejuízos alegados no período da covid, que, depois de muita discussão, idas e vindas envolvendo a Câmara e que foi parar na Justiça, em minha opinião, é mais que uma derrapada, pois evidencia a falta de critérios para resolver questões que são cobradas pela população faz tempo e que é visível também faz muito tempo, como a qualidade dos serviços prestados, apesar dos esforços da concessionária. E o pior, em minha opinião, deixa transparecer interesses pessoais na solução da questão.
Como já defendi aqui mesmo neste espaço, entendo que a empresa precisa ser ressarcida dos prejuízos, mas tem que oferecer contrapartidas com a melhoria dos serviços, com a aquisição de carros novos, construção de guaritas e até mesmo de um terminal na área central, dentre outras contrapartidas. Mas a derrapada evidente se dá porque os valores apresentados foram muito alto, na casa dos 18 milhões de reais e com muita conversa, digamos de “pé de ouvido” em relação à partilha dos recursos. Entendo que o insucesso da empreitada ou mesmo o desenho dela não foi bem elaborado, ou, se estou enganado, foi é muito bem planejado, com um desenho criterioso de instâncias políticas e jurídicas e que terá sucesso lá na frente nos tribunais superiores.
Mas uma coisa é certa, para o povo, o cidadão que paga impostos, o que importa é ter os serviços funcionando com eficácia e ter a certeza de que os recursos públicos estão sendo usados com honestidade e em seu favor, para melhorar o seu dia a dia. No caso em tela, como já afirmado no início do editorial, as informações precisam chegar até o cidadão para que ele saiba avaliar e entender que há um trabalho constante em prol da melhoria dos serviços públicos em função dele. E no caso discutido aqui, isso não aconteceu na administração do Senhor Neider por um motivo simples: eles entenderam que as redes sociais oficiais resolveriam tudo. Ledo engano... Mais uma derrapada. E dentre capivaras, piadinhas de mau gosto para anunciar vagas no Sine e outras mais, as derrapadas podem acabar por derrubar de vez as pretensões neidistas... Fica a dica: Jornalismo se faz com seriedade e, principalmente, com apuração e verdade. Coisas raras lá pelos lados do Boulevard Lago Sul.