CRÍTICAS - Pavimentação sem captação pluvial gera problemas

Chuvas mostram falta de planejamento urbano em Itaúna conforme análises de profissionais da área de engenharia e urbaniso

CRÍTICAS - Pavimentação sem captação pluvial gera problemas
Foto: Arquivo/FOLHA


Uma das principais reivindicações das comunidades tem sido, há décadas, a pavimentação das vias públicas, principalmente as de muito trânsito. Tanto que a liberação de verbas para asfaltamento se tornou um meio seguro de garantir reeleições de vereadores em todo o País. Basta dar uma conferida nos relatórios de trabalhos realizados pelos parlamentares que vai se encontrar um volume imenso de recursos liberados para esse tipo de obras. E os orçamentos municipais também caminham nesta direção. Nos últimos anos em Itaúna, além das verbas destinadas por deputados, tanto estaduais quanto federais, para esse tipo de obra, o Município ainda levantou empréstimos de dezenas de milhões de reais para realizar obras de asfaltamento. Se por um lado o asfaltamento de vias leva desenvolvimento aos vários pontos da cidade, também gera impactos negativos, quando não há um planejamento para a realização destas obras, o que acaba com prejuízos de toda monta para a população, apontam os críticos.

E as constantes chuvas que têm caído, especialmente nos anos de 2020, 2021, 2022 e agora no início de 2023, mostram o resultado prejudicial desta alegada falta de planejamento na realização de obras de pavimentação em Itaúna. E não está – a falta de planejamento – apenas nas obras municipais. A construção do trevo do Morro do Engenho, conseguida após muitos anos de reivindicações da população, é um exemplo disso. Basta chover para que trabalhadores tenham de atuar no trecho, refazendo obras, como já mostrou a FOLHA em reportagem recente.

O trevo de acesso à Rua Silva Jardim experimentou um deslizamento de encosta, recentemente, devido à falta de obra de captação/desvio das águas que descem o barranco até a pista, alegaram especialistas em manifestações na ocasião do ocorrido. A pista das rodovias que cortam o município, especialmente a MG-431, são o retrato do problema em vários pontos, principalmente no trecho entre os municípios de Itaúna e Itatiaiuçu.

As obras, que foram iniciadas na MG-431 no período eleitoral, no trecho que vai da ligação da MG-050 com a Avenida Manoel Ribeiro (esta avenida está toda esburacada, devido às enxurradas), próximo da Intercast, até o trevo da Belgo, estão paralisadas. Algumas pessoas alegam que a paralisação das obras se deve às chuvas, outros, a questões políticas. O fato a se destacar é que nelas não existe – pelo menos ainda – um trabalho de captação pluvial, assim como em outras intervenções.

Alagamentos de vias em toda a cidade

Porém a constatação desta falta de planejamento para a realização das obras é mais sentida na área urbana do município, a cada pancada de chuva. Basta chover alguns minutos para que a enxurrada tome as vias, causando alagamentos em toda a cidade, buracos e riscos de acidentes. Esses problemas são vivenciados “nos quatro cantos da cidade, a cada dia chuvoso”, conforme disse à reportagem um cidadão itaunense ao criticar a falta de planejamento do poder público ao realizar as obras de pavimentação.

Algumas propostas de incluir na legislação municipal a exigência de se realizar obras de captação pluvial quando se realiza pavimentação nas vias já foram tentadas. Porém nenhuma delas foi adiante, visto que “atrapalharia a destinação de recursos para asfaltamento”. Enquanto isso, uma boa parte da verba a que cada deputado tem direito de indicar aos municípios vai sendo destinada à pavimentação, sem a obrigatoriedade de preparação da base, com a captação pluvial. E a administração divulga nas redes sociais, quase todo mês, um relatório de obras de pavimentação feitas. E assim, em tempos chuvosos como os atuais, a cidade enfrenta os problemas (que só aumentam) de alagamento, enchentes e destruição das obras recém-realizadas, já que a força das águas arranca o asfalto colocado em vários pontos.