As eleições estão aí... de novo?

As eleições estão aí...  de novo?




Talvez seja necessário a repetição de eleições a cada dois anos, quem sabe assim a gente aprende a votar, pode argumentar aquele cético cidadão ao visualizar o resultado dos nossos votos, na prática do dia a dia, ao fazer a defesa da constância de processos eleitorais no País. Eu, por minha parte, penso que essa repetição de votações a cada 24 meses serve mais é para não deixar espaço para que pensemos o quão ruim tem sido nossas escolhas. E para algumas pessoas se manterem com salários que não conseguiriam na vida privada, se necessitassem somente do seu trabalho e competência profissional. Outra coisa é que, eleição a cada dois anos serve mesmo é para manter na ordem do dia os debates infrutíferos de conceitos ideológicos, atraindo assim a atenção das pessoas voltadas para os argumentos de ‘esquerda’ contra ‘direita’, que nada de útil trazem para a população. Já estamos em período de campanha e, ao que parece, novamente teremos o debate de costumes se sobrepondo à proposição de ideias e projetos, se basearmos nos debates de bastidores. 

Em Itaúna teremos três duplas disputando as eleições para a Prefeitura e cerca de 300 pessoas em busca de uma das 17 vagas da Câmara. Gostaria que fossem debatidos projetos de como desenvolver Itaúna, desta vez. O município caminha, mas não se desenvolve como deveria, não por falta de oportunidades, mas muito mais por carência de projetos, de planejamento. E se vocês acham que estou exagerando, me digam qual projeto foi desenvolvido em Itaúna nos últimos anos. O que tivemos foram obras de asfaltamento, realizadas a partir de empréstimos tomados pelo Executivo e de verbas enviadas por deputados, que deveriam fazer mais do que enviar verbas, mas por exemplo, cobrar políticas públicas eficazes por parte dos governos estadual e federal, fiscalizar a aplicação do dinheiro público e propor legislação que possa mudar a qualidade de vida das pessoas e não seus costumes, suas crenças. Itaúna não teve sequer um projeto que objetivasse seu desenvolvimento, em quaisquer áreas que se olhe, nos últimos anos. Não teve um projeto de atração de empresas, ou de organização do trânsito. Não teve um projeto de melhoria das opções de atendimento na saúde para a população, não teve um programa de formação de mão de obra que culminasse em ampliação da renda dos trabalhadores... O que se viu foram medidas imediatistas para resolver um probleminha aqui, outro acolá. E só. Até mesmo no enfrentamento da pandemia do Coronavírus, o que se viu foi a iniciativa privada, a ação de um grupo de empresários, para equipar o hospital e oferecer atendimento médico de urgência à população. O poder público, os políticos, passaram ao largo e ao longe. E agora vamos para a escolha de um prefeito, um vice e 17 vereadores, para um mandato que terá muitos desafios a enfrentar. 

O esgoto voltou a cair no rio e nos ribeirões, coisa que tinha deixado de existir desde a implantação do Projeto Somma, no final do milênio passado. A última iniciativa de política pública para a área da saúde foram a construção do “Dr. Ovídio”, que era para ser um novo hospital, mas parou na condição de policlínica, e o Plantão 24 Horas. Depois disso, só medidas paliativas e a sobrecarga do Hospital “Manoel Gonçalves”. Depois do projeto de atração de empresas, quando a Itaunense fechou as portas e foram trazidas algumas dezenas de empresas para o município, criados o CDE, o Prodescom (o que fizeram deste projeto?), a Agência de Trabalho/SINE e as cooperativas, nada mais surgiu neste setor. Depois dos conjuntos habitacionais do Cidade Nova, Morada Nova, Jadir Marinho II, Centenário e Santa Edwiges, quais projetos habitacionais vieram para Itaúna. Há quase 10 anos que só se fala, mas nada é feito...

E ainda conseguiram ‘balançar’ as estruturas do SAAE, que já foi referência de qualidade em serviços de saneamento e hoje é motivo de crítica constante. A coleta seletiva de lixo sobrevive porque parte da população insiste em continuar separando e a Coopert permanece atuando no recolhimento do Lixo Seco. O trânsito está uma confusão, o preço da passagem de ônibus é um dos mais altos do País. O próximo prefeito e a próxima Câmara terão esses e outros tantos problemas a enfrentar. Assim, é preciso que apresentem projetos, programas que possam fazer Itaúna voltar a desenvolver. Esquecer esse negócio de ideologia barata, de “esquerda” contra “direita”, de banheiro unissex, de bordões demagógicos e debater ideias, apresentar propostas, discutir projetos, que possam gerar ganhos reais para toda a população e não só para um grupo de apaniguados. Que façam campanha política e não demagogia barata.

*Jornalista profissional, especialista 

em comunicação pública e membro da Academia Itaunense de Letras – AILE, sendo titular da cadeira 26.