Aberta a temporada de caça ao próximo prefeito

Aberta a temporada de caça ao próximo prefeito


Há uma lista de nomes rodando as especulações acerca da próxima pessoa a comandar a cidade. Falemos dela. Mas, antes, pensemos naquilo sobre o que os integrantes dessa lista precisam falar.

Antes de se pensar no próximo prefeito, é fundamental refletirmos sobre o quebra-cabeça político de Itaúna. Não apenas no sentido de popularidade e chances eleitorais dos prováveis candidatos. Mas, no contexto de algumas questões. É preciso considerar a relação entre os vereadores e quem são os deputados que querem servir à cidade. É preciso considerar a evolução econômica do município e como isso se relaciona com o crescimento avassalador que a cidade tem vivido. É necessário termos uma visão sóbria sobre a polarização ideológica que saiu do plano federal e tem procurado espaço nas barrancas itaunenses. É fundamental lembrarmos, com sensibilidade, que o cidadão itaunense se reconhece muito mais pela convivência cultural, do que pela leitura marxista que distancia “opressores e oprimidos”, em classes sociais distantes, afeitas aos grandes centros urbanos. Nossa cidade é homogênea em sua convivência cotidiana. 

O atual prefeito Neider vem naturalmente como líder de um grupo que pretende ter seu próprio candidato. Ele mesmo já não pode ser candidato, pois já foi reeleito. No governo dele, alguns nomes se lançam no debate, ainda sem endosso do mandatário, como os secretários Rosse e Fares. De maneira mais discreta, o entorno vai incensando o nome de Fernando Meira – que hesita, num gesto afeito às características pessoais que o fizeram ser reconhecido como um agente público comedido. A vice-prefeita Gláucia está mais próxima de assumir seu mandato como deputada federal, do que da disputa municipal. Mas também é sempre citada e incluída nas pesquisas. Junto ela traz naturalmente a referência do nome de Hidelbrando Neto, o Netinho – ex-secretário de estado do governo Zema e agente público sem rejeição, com a imagem leve que a nova geração de políticos traz.

Em paralelo, Gustavo Mitre, ex-deputado estadual itaunense, vem também naturalmente. Como potencial cabeça de chapa e nome forte nas pesquisas. Gustavo ocupou, em razão de uma decorrência de fatos aleatórios, a influência sobre boa parte do grupo político que um dia foi osmandista. O experiente ex-prefeito Osmando, curiosamente, seria uma zebra na próxima corrida à prefeitura. Seu desempenho eleitoral já não mostra o vigor de outrora.

Entre os dois grupos, e no meio dos quatro nomes melhores colocados na dianteira das últimas pesquisas, vem Marcinho Hakuna. Político cuja imagem não conflitaria em chapa formada por um lado ou pelo outro. E, por fim, numa via alternativa, nunca testado em eleição majoritária, e, portanto, fora do tamanho eleitoral de uma corrida para prefeitura, o vereador Kaio se lança flertando com negociações partidárias que o ajudem a sair do pleito maior politicamente.

Listados os possíveis candidatos, perguntemos: alguém tem dado uma olhada na realidade da cidade, a fim de encaixar o perfil deles na horta de abacaxis que a natureza tem cultivado? São frutos cuja qualidade da ceia será colocada nas mesas de nossas famílias em pontos cruciais da história do munícipio. Não serão quatro anos comuns. Há bifurcações muito bem simbolizadas pelo cavalo-de-pau que a toda poderosa Santanense tem dado nos últimos meses. Imaginem! Justo ela: berço social e econômico de absolutamente tudo que existe na cidade em termos de educação e saúde. Quem diria que este dia chegaria?

Como mencionamos há poucas semanas, em 2017, o PIB da cidade era 3 bilhões de reais. Em 2020, já estava em 3,7 bilhões. E em 2023, a projeção é próxima de 4,9 bilhões. Considerando esta progressão, já parou para pensar a quantidade de habitante novo que deve migrar para Itaúna, a fim de preencher as novas vagas de emprego geradas? A maioria delas, de mão de obra não especializada. Agora pense: o aumento populacional demanda um aumento tão veloz quanto ele, no desenvolvimento da infraestrutura de bairros de moradia, segurança pública, educação e saúde. Se houver descompasso, as consequências naturais é possibilidade de favelização e a queda de índices relacionados à qualidade de vida geral. Em outras palavras: o próximo prefeito terá que abrir mão de investimentos atraentes do ponto de vista eleitoral, para gastar com coisa de longo prazo.

Mas por que isso é tão digno de se grifar na realidade de Itaúna? Não é coisa básica em todo lugar? Itaúna não foi formada historicamente sem que as pessoas de absolutamente todos os bairros convivessem entre si, em algum momento da semana. Na cultura, no lazer ou na mesa institucional a classe social nunca foi o fator que aproximou ou afastou os filhos da cidade.

E os deputados com suas emendas solicitadas pelos vereadores? Cada vez mais precisam promover a aproximação dos grupos políticos da cidade. E combater a polarização entre progressismo e conservadorismo, sem tirar das pessoas o direito de cultivarem suas preferências. Nossa terra é lugar em que todos se juntam no fogão a lenha, para rezar e prosear. Não o contrário.