A história da Furiosa – 2 do Bloco Sai da Reta...
O Bloco Sai da Reta surgiu quando o Sérgio Diniz Nogueira, ganhou do seu pai, José Mendes Nogueira, uma furreca Ford, modelo 1931, tipo baratinha, toda restaurada, com freios tipo “tirante”, mas que só freava com a roda traseira esquerda, só parando a uns dois três metros, após os freios serem acionados, e quando os inseparáveis amigos Sérgio Diniz Nogueira, Marcos Leão, o popular Marcosam e o Lucas Gonçalves, empoleirados no fordinho rua afora, gritavam: NÃO FIQUEM NA FRENTE, GENTE.....SAI DA RETA!
Essa furrequinha, além de cantar pneu e só parar após alguns metros depois dos freios serem acionados, ainda soltava um esguicho de água pela tampa do radiador quando fervia, e foi quando passou a ser conhecida por todos pelo apelido de “A FURIOSA”. A partir de 1976, empoleirados na Furiosa, os amigos Marcosam, Sérgio Diniz Nogueira, Lucas Gonçalves, José Eustáquio, Luciano Tavares, Lucas Leão, Mangueira e Antônio Carlos, criaram um bloco de carnaval só de rapazes, vestidos com um macacão azul como se fossem mecânicos, para desfilar pelas ruas da cidade com o nome de SAI DA RETA, em homenagem ao Fordinho 1931. Após alguns anos de desfile com o Fordinho 1931, o Sr. José Nogueira, receoso de algum acidente mais grave, vendeu a Furiosa, principalmente em função de cochichos e mais cochichos de pessoas próximas em seus ouvidos.
Sem o seu principal atrativo para desfilar no carnaval, o grupo de amigos resolveu construir um novo carro, todo de madeira, a FURIOSA - 2, para continuar a brincar no carnaval de rua.
Faltando poucas semanas para início do carnaval, elaboraram o projeto, encomendaram dois eixos e quatro rodas de madeira revestidas com borracha de pneu em uma carpintaria da cidade, compraram algumas folhas de compensado, cinco metros de um pano estampado e munidos de martelo, serrote, furadeira, cola, pregos e parafusos, os amigos Marcosam, Sérgio Nogueira, Lucas Gonçalves, José Eustáquio, Luciano Tavares, Antônio Carlos, Lucas Leão e Mangueira, montaram uma oficina no quintal da casa do Sr. José Nogueira, na Rua Gonçalves da Guia e dia e noite, passaram a construir o novo veículo, todo em madeira, a tempo de desfilar naquele carnaval que já estava próximo. E serra dali, parafusa daqui, em pouco tempo a Furiosa - 2 começou a ganhar uma forma semelhante à Furiosa original. Mas tá ficando uma beleza, gente! Exclamava o Lucas Gonçalves. E os faróis, como nós vamos arrumar, heim pessoal? - Questionava o Luciano Tavares para o Marcosam e o seu irmão Lucas Leão. E sugestão daqui sugestão dali, optaram por colocar como faróis dois velhos penicos que eram utilizados como vasos de samambaia na casa da Dona Magela. Dentro deles foram adaptadas duas velas para simular que estavam iluminando o trajeto. O bagageiro, na traseira do veículo, preso por duas dobradiças, seria usado para armazenar os litros e mais litros de goles e latas de cerveja. Um velho volante foi adaptado ao eixo dianteiro e o freio foi construído em forma de alavanca, do tipo dos carrinhos de rolimã, que quando puxado para traz, pressionava as duas rodas traseiras, controlando a velocidade ou travando as rodas.
Faltando dois dias para o sábado de carnaval passaram para o acabamento, e em poucas horas a furrequinha foi coberta pelos cinco metros de tecido estampado, comprado no depósito de retalhos da Cia. Industrial Itaunense, comandado pelo Newton Regal, colados e grampeados sobre a madeira que cobria todo o veículo. Mas ficou bom demais, pessoal! Vibrava eufórico o Sérgio Diniz Nogueira, acompanhado do Mangueira, do José Eustáquio e do Antônio Carlos, que de copos e mais copos nas mãos, comemoravam tomando uma cervejinha gelada. No sábado de carnaval a Furiosa - 2 fez o maior sucesso desfilando no entorno da Praça da Matriz com o Mangueira no volante, o Lucas Leão coordenando o freio e o restante da turma, com seus impecáveis macacões azuis, correndo e empurrando a Furiosa - 2 rua afora e, principalmente, esvaziando o seu bagageiro abarrotado de garrafas de drinks como: cuba, Vodka, caipirinha e latas de cerveja.
No início da noite do domingo de carnaval, ainda entusiasmados pelo sucesso do desfile de sábado, o Mangueira, Lucas Leão, Luciano Tavares e o Antônio Carlos, resolveram dar uma voltinha com a Furiosa - 2 em torno da Praça da Matriz para paquerar e, principalmente, chamar a atenção das garotas. Com o Mangueira no volante, o Lucas Leão no freio e o Luciano Tavares e o Antônio Carlos empurrando, a Furiosa - 2 entrou na Praça da Matriz em frente ao Posto de gasolina do Galvão, rumo à banca de revistas do Turruca no maior auê... Ao passar em frente à Casa Paroquial, aplaudidos por uma multidão de espectadores amontoada sobre os passeios, o Mangueira, por um descuido, virou repentinamente a furrequinha na contramão, em direção à Rua Antônio de Matos que, em função da forte descida, deixou para trás o Luciano e o Antônio Carlos e pegou velocidade rumo à Praça da Lagoinha. Puxa o freio Lucas, puxa o freio que vocês estão na contramão! Gritavam os dois empurradores da Furiosa - 2 que tinham ficado para trás, em frente onde é hoje a padaria do Siri. Agarrado na alavanca que comandava os freios o Lucas Leão tentava a todo custo parar a Furiosa - 2 e nada. Com a Furrequinha de madeira em zig zag, rua abaixo, o Lucas Leão exclamou com os olhos arregalados para o Mangueira ao seu lado: fica firme, companheiro, que estamos sem freio. Quando eles passaram em alta velocidade, ziguezagueando em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, surgiu na Praça da Lagoinha, subindo a Rua Antônio de Matos um Landau zero km dirigido pelo Dirceu da Farmácia Brasil, comprado semanas antes. Com a batida de frente e o disse me disse: quem vai pagar os prejuízos, eu vou falar com os seus pais, isto é muita irresponsabilidade etc. e tal, os componentes da furrequinha a empurraram pela rua Dr. José Gonçalves e a guardaram na garagem da casa da Dona Magela e do Senhor Nino Dentista e desapareceram na Praça da Matriz.
Após o carnaval a furrequinha foi removida pela polícia para nunca mais ser vista e o Sr. José Mendes Nogueira, com o seu jeitão tranquilo de tratar as coisas, fez os acertos necessários com o seu grande amigo Dirceu, proprietário da Farmácia Brasil, naquele inesquecível ‘Carnaval de Rua’ dos anos setenta, oitenta e noventa. Quanta saudade.........