Solução na Jove Soares custaria R$ 80 milhões

Prefeitura contratou empresa para estudar situação e viabilizar um plano de ação. Administração e especialistas foram até a Câmara explicar e apresentar o projeto idealizado para solucionar enchentes cíclicas

Solução na Jove Soares custaria R$ 80 milhões
Foto: Reprodução/Youtube/CMI


Ruas alagadas, árvores e muros derrubados, telhados arrancados e carros arrastados pelas vias e comércios invadidos pela enxurrada e destruídos, essas foram algumas das preocupações vivenciadas pelos itaunenses para um problema que é antigo: as inundações das vias, decorrente da falta de capacidade para absorção das águas pluviais. E, com o objetivo de solucionar o problema a longo prazo, a Prefeitura de Itaúna contratou a empresa Projeta, sediada em Belo Horizonte, para estudar a situação.

Na última reunião ordinária da Câmara Municipal, na terça-feira, 14, representantes da administração municipal e da empresa apresentaram o projeto idealizado, que tem o custo previsto de R$ 80 milhões em uma extensa obra, que seria realizada somente nos próximos anos. Ou seja, sem soluções a curto prazo.

A empresa explicou que foram realizados o levantamento topográfico e o estudo da microbacia do Córrego do Sumidouro, na área rural e urbana até o Rio São João, para diagnosticar o problema e estudar o potencial de ocupação da bacia. O projetista Lucas Lacerda, da Empresa Projeta, explicou que a solução prevista é a ampliação da drenagem existente na Avenida Jove Soares e a reformulação da rede de abastecimento de água e esgoto na região. As etapas posteriores seriam a implantação de bacias de retenção e detenção na SB-01 e SB-02, reformulação da bacia de retenção SB-07, que é a ampliação da Lagoa em frente à Prefeitura, e, por último, a verificação do cenário futuro pós-implantação dos projetos de drenagem propostos. No total, foram catalogadas dez sub-bacias da bacia do Sumidouro, para entender a vazão total da área que é de 96,10 m³/s.

Ainda de acordo com o arquiteto, a verificação da galeria existente evidenciou a sua incapacidade de dar vazão ao córrego do Sumidouro em eventos de chuvas intensas, sendo necessária a construção de uma nova galeria de escoamento e de criar bacias de retenção e detenção para amortecer essa vazão que chega na “prainha”, como a expansão de lagoas/reservatórios, reduzindo impactos no trecho de rio a jusante. 

Ainda conforme explicado durante a reunião, o orçamento é a última parte que fica definida no projeto, podendo ser atualizado conforme as modificações realizadas. No entanto, já é possível apontar a inviabilidade devido ao seu custo alto, sendo necessário buscar possibilidades de financiamentos para a obra que, provavelmente, ficará para as próximas administrações. 

Conforme apresentado, o custo total previsto é de R$ 80 milhões, sendo R$ 50 milhões para o alargamento do canal, R$ 17 milhões para a estruturação da rede, R$ 11 milhões para as sub-bacias e por volta de R$ 3 milhões para a bacia em frente à sede da administração. As demais etapas poderão ser executadas em paralelo ao alargamento do canal, que é a etapa que demanda maior tempo. 

Situação “cai no esquecimento”, afirma popular

A situação de alagamento da Avenida Jove Soares, Av. São João e em outros pontos da cidade cai no esquecimento da população não atingida e do poder público. É o que afirma popular que foi até a plenária da Câmara, na reunião ordinária do dia 14 de novembro, para tratar da questão das chuvas e enchentes cíclicas no município.

“O que é mais difícil? O depois. O depois é o mais difícil, porque o durante todo mundo está comovido, todo mundo está envolvido. Depois esquece…você não viveu aquilo, não entrou água na sua casa. Então eu queria só pedir isso pra vocês”, ressaltou a participante, que mostrou fotos e vídeos das ruas após as chuvas que aconteceram no início do mês.

Comerciantes manifestam preocupação

Enquanto o problema não é solucionado, os empresários da Av. Jove Soares lidam com o medo de uma nova tempestade. Os comerciantes têm manifestado preocupação e descontentamento com a falta de soluções a curto prazo, visto que as enchentes e as inundações na prainha prejudicam o funcionamento dos estabelecimentos, gerando prejuízos financeiros e emocionais, ao ter seus comércios fechados ou, pior ainda, carros, móveis e eletrodomésticos arrastados pela lama, como aconteceu nas chuvas do início de novembro.

Durante a reunião, os vereadores ressaltaram a importância de um projeto emergencial para reduzir o problema das enchentes, principalmente na Avenida, visto que, pelo tamanho da obra, o projeto precisaria de alguns anos para ser finalizado.

Alternativa emergencial

Tendo em vista que o processo é caro e demorado, o engenheiro Gláucio Martins, da Secretaria de Infraestrutura e Serviços, aponta como solução emergencial a ampliação do canal do quarteirão da Rua Manoel Correa até o Rio São João, com o objetivo de reduzir as enchentes.

Isso porque, atualmente, a água que desce dos bairros até a prainha se acumula nessa região, gerando os transtornos registrados. A alternativa não soluciona totalmente o problema, mas reduz a inundação no ponto.