Samu de Minas Gerais à Beira do Colapso por Déficit de R$ 56,8 Milhões

Samu de Minas Gerais à Beira do Colapso por Déficit de R$ 56,8 Milhões
O Fator

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) em Minas Gerais enfrenta uma crise financeira que pode levar à paralisação do serviço. Dez consórcios intermunicipais de saúde, responsáveis pela gestão do Samu em todo o estado, denunciam que os repasses da União estão muito abaixo do mínimo constitucional, gerando um déficit acumulado que pode atingir R$ 56,8 milhões em 2025.

Repasses Insuficientes e Risco de Paralisação

A União deveria ser responsável por 50% do custeio do Samu, em um modelo tripartite com estados e municípios. No entanto, os consórcios afirmam que esse índice não tem sido alcançado pelo governo federal. "Nossa preocupação é o Samu chegar a um colapso em Minas Gerais. Existe a possibilidade de paralisação tanto por conta dessa falha no repasse, quanto pela falta de pagamentos dignos aos nossos condutores socorristas", alerta Carlos Du, prefeito de Barbacena e presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência (Cisru) Centro-Sul.

Apelo aos Governos e Demandas Urgentes

Para tentar evitar o colapso, os consórcios enviaram um ofício à bancada federal mineira, alertando sobre o risco e destacando que a situação "cruza o limiar do aceitável". Uma reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em Brasília, também foi realizada, onde os representantes entregaram um ofício e apresentaram os números. Além de pedir a regularização dos repasses, eles solicitaram o pagamento de uma 13ª parcela da verba e a recomposição inflacionária dos últimos dois anos.

O Ministério da Saúde informou, em nota, que recebeu o ofício em 9 de junho de 2025 e que o documento "está em análise pela área técnica".

Salários Defasados Agravam a Crise

A necessidade de mais recursos também visa a melhorar os salários dos condutores socorristas, que recebem entre R$ 1,5 mil e R$ 1,8 mil. "Esse valor não é justo para o profissional que está na ponta e não conseguimos majorar o valor sem o cumprimento da Lei e a ajuda da União porque não temos recursos", explica Carlos Du, ressaltando que muitos profissionais precisam de múltiplas jornadas para complementar a renda.

Consórcios com Maiores Déficits

O levantamento dos consórcios aponta cenários alarmantes:

 * Cissul (Sul de Minas): Previsão de R$ 9,3 milhões de rombo em 2025, com repasse da União em apenas 28,39% do custeio.

 * CIAS (Região Metropolitana de Belo Horizonte): Expectativa de déficit de R$ 9,1 milhões, com repasse de 15,54% do custeio.

 * Cisrun (Norte de Minas): Déficit de R$ 7,2 milhões e repasse de 36,12%.

 * Cisdeste (Macro Sudeste): Prejuízo de R$ 5,38 milhões e repasse de 29,55%.

 * Cisurg Oeste (Centro Oeste e Betim): Previsão de R$ 5,32 milhões e 19,76% de repasse.

 * Cisreuno (Noroeste): Estima R$ 4,9 milhões de rombo, sem identificação dos repasses da União.

 * Cisnorje (Nordeste e Jequitinhonha): R$ 4,7 milhões de déficit e 40,21% de repasse.

 * Consurge (Leste): Projeta prejuízo de R$ 4,4 milhões, com a União arcando com apenas 8,33% do custeio.

 * Cistri (Triângulo do Norte): Saldo negativo estimado em R$ 3,26 milhões e índice de 35,42%.

 * Cisru (Centro Sul): Previsão de fechar o ano no vermelho em R$ 3,24 milhões e repasse de 31,72%.

Posição do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde afirma que os repasses federais para o Samu 192 são realizados de forma regular e automática, tendo transferido R$ 82.299.490,65 para Minas Gerais de janeiro a junho de 2025. O ministério reitera que o custeio mensal é de responsabilidade compartilhada, com 50% da União, no mínimo 25% dos estados e no máximo 25% dos municípios.

Diante deste cenário crítico, o futuro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Minas Gerais permanece incerto. A regularização dos repasses e o diálogo entre os consórcios e o governo federal são cruciais para evitar um colapso que afetaria diretamente o atendimento de urgência à população.