O jornalista José Waldemar... o criador do Zuluzinho

Foi no final de uma manhã de quarta-feira do mês de fevereiro de 1967 que o grande comandante do Bloco do Clube dos Zulus, o maioral Lacel, e o Sérgio Tarefa, subiram apressados as escadas da redação do Jornal Estado de Minas, na esquina da Rua Goiás com Bahia, em Belo Horizonte, à procura do jornalista José Waldemar, com um único propósito: solicitar ao amigo Zé, também grande cartunista, que desenhasse o símbolo do nosso carnaval de rua, o Zuluzinho, do Bloco do Clube dos Zulus, na época, com sede na Rua João de Cerqueira Lima, 59, em Itaúna.
Com aquele seu jeitão alegre, após se inteirar do nosso objetivo, largou imediatamente o serviço que estava fazendo em uma máquina de datilografia, tirou de uma gaveta um estojo com pincéis coloridos e algumas folhas de papel em branco e nos levou para uma sala próxima à sua mesa de trabalho. Fez algumas perguntas daqui e dali sobre o bloco que estava completando três anos de desfile, que aliás ele já conhecia do carnaval de 1966, quando, próximo a Igreja da Matriz assistiu os seus componentes trajando uma cabeleira de corda de bacalhau desfiada, com um osso atravessado, rosto pintado de preto, boca de vermelho, camisa de manga comprida e calça preta com uma tanga de raspa de couro amarela, pulando, dançando, subindo nas árvores, queimando pólvora sobre uma cabeça de boi e fazendo as maiores estripulias na Praça Dr. Augusto Gonçalves.
Após ouvir atentamente as explicações do Lacel e do Sérgio Tarefa, pegou uma folha em branco e, em poucos minutos, nos entregou o desenho pronto.
Após certificar do sorriso de aprovação em nossas fisionomias, recolheu o desenho e, rapidamente, acrescentou um coraçãozinho no alto da cabeça do Zuluzinho, que até os dias atuais é a marca registrada do Bloco e posteriormente da Escola de Samba do Clube dos Zulus, que por 17 vezes se sagrou campeã do Carnaval de Rua de Itaúna. Zé, você será sempre lembrado com carinho pela velha guarda do Grêmio Recreativo Escola de Samba do Clube dos Zulus, nos seus encontros.
Sérgio Tarefa*
• Membro da Academia Itaunense de Letras