DESVIO DE FUNÇÃO? - Teatro Vânia Campos não atende à cultura itaunense

Artistas, agentes culturais e público questionam “falta de utilização do teatro”. Motivo seria os preços proibitivos impostos pelo SESI

DESVIO DE FUNÇÃO? - Teatro Vânia Campos não atende à cultura itaunense


O Teatro “Vânia Campos” foi entregue à população em setembro de 1981, na administração do ex-prefeito Célio Soares, atendendo a pedido da classe artística itaunense, que clamava por um espaço onde desenvolver sua arte. Foram 15 anos de funcionamento do local, sob a administração da Prefeitura, até que em 10 de agosto de 1996, no final do mandato do ex-prefeito Hidelbrando Canabrava, teve início a relação do “Vânia Campos” com o SESI, órgão de ensino ligado à FIEMG. Em 2000, foi fundada a Associação Cultural Vânia Campos (ACVC) que, por quase 15 anos, administrou o local em parceria com o SESI. A partir de 2014, a administração do teatro passou a ser exclusiva do SESI. No período da parceria, conforme destaca o relato da ACVC, foram aplicados cerca de 2 milhões de reais na manutenção e estruturação do teatro.

Porém hoje o local está sem atividades artísticas, conforme denunciam membros da classe artística itaunense – veja texto assinado por Marco Antônio Lara Machado, nesta edição –, que pede a retomada das apresentações artístico-culturais no local. Conforme o relatado, o custo para a utilização do teatro é proibitivo para os grupos amadores, como são a maioria das iniciativas artísticas itaunenses. Uma tabela de preços para utilização do espaço apresenta os valores proibitivos, tanto para indústrias, como para os grupos artísticos “de Itaúna”. Uma diária de 8 horas custa R$ 960; o custo de uma hora é de R$ 256; e a apresentação de peça teatral – com liberação do teatro duas horas antes do espetáculo, custa R$ 640. Para a “comunidade” no geral, os preços são de R$ 1,2 mil; R$ 320 e R$ 800, respectivamente.

Assim a utilização de um espaço construído com o dinheiro público (ou seja, o público foi quem pagou a construção do teatro) e para a encenação de uma peça teatral, por exemplo, custa R$ 640, se o grupo for “de Itaúna”. Se não, R$ 800. Esses valores, na opinião dos críticos, impedem que a produção cultural itaunense se faça naquele local, criado para tanto. Nas correspondências encaminhadas ao jornal, existe um ofício em que é pedido o tombamento do teatro. Porém, em pesquisa feita pela reportagem, foi encontrada a cópia do Decreto de número 7.244, de 3 de setembro de 2020, que trata exatamente deste tombamento.

Na opinião dos críticos, o SESI deveria ser mais acessível ao meio cultural itaunense, estabelecendo uma relação de apoio à cultura local. Até porque a instituição do meio empresarial surgiu no sentido de oferecer “serviços sociais adequados às necessidades e possibilidades locais (...)” e a cultura está inserida neste contexto.