Comerciantes querem solução

Câmara convoca membros do Executivo para dar explicações

Comerciantes querem solução
Foto: Reprodução/Youtube/CMI


Comerciantes vão à Câmara cobrar solução para problema de enchentes na Avenida Jove Soares. Prefeito aponta necessidade de R$ 85 milhões para obras em resposta a políticos. Vereadores convocam secretário de Urbanismo e equipe para dar explicações sobre medidas que possam ser tomadas no combate às enchentes. Informações não oficiais sobre projeto já existente apontam que R$ 54 milhões seria o custo das obras necessárias. Comerciantes daquela avenida constituíram uma associação e vão acionar advogados para cobrar prejuízos e soluções para o problema. Essas e outras informações foram apuradas na reunião da Câmara de Itaúna, ocorrida na terça-feira, 7, de forma oficial e nos corredores da Casa de Leis, pela reportagem da FOLHA. 

O assunto foi tema dos debates após participação do comerciante Wenderson Arlei da Silva, da Usina Hamburgueria, no expediente Participação Popular, do Legislativo. Na sua fala o empresário foi direto ao ponto, apontando o fato de se pagar impostos com o faturamento anual dos meses de janeiro a maio e aguardarem, “por 30 anos”, uma solução para o problema, que se agrava a cada chuva. Ele afirmou que “as administrações passadas nada fizeram, mas a atual ainda piora as coisas”. E fez afirmações de que, inclusive, a liberação de um loteamento e a falta de planejamento administrativo são os principais pontos a causarem os muitos problemas enfrentados com as chuvas.

Wenderson disse ainda que as muitas obras de asfaltamento, sem planejamento para a implantação de redes de captação pluvial, também ocasionam as enchentes. E finalizou cobrando a limpeza, pelo menos, do canal da Prainha, como é conhecido o Córrego do Sumidouro, que ainda não foi feita, apesar de todos saberem que muita lama, pedra e lixo foram depositados naquele eixo de escoamento, o que pode causar novas enchentes com as próximas chuvas previstas para o final do ano.

Volume da chuva não pode ser desculpa

Após mais esta enchente na Prainha, no dia 31, afirmações de autoridades era de que “o volume de chuva foi muito alto, descomunal, acima do esperado”. Porém, não se sabe, realmente, qual foi o índice pluviométrico daquela tempestade, o que é motivo de pedido de informações feito pelo vereador Alexandre Campos. E nos bastidores o apontamento de que o volume da chuva não é o principal problema está na constatação do que aconteceu no dia seguinte, quando chuva bem menos intensa causou alagamento da avenida, como foi mostrado em imagens nas redes sociais.

Alguns vereadores, como Alexandre Campos, lembraram que administrações anteriores iniciaram o trabalho de busca de solução para o problema. A obra feita na administração de Eugênio Pinto e até mesmo o projeto que já existe para a solução do problema são demonstrações de que se sabe o que precisa ser realizado, falta, porém, que seja uma “política de governo”, o que ainda não ocorreu, conforme apontou Alexandre Campos.

Servidores da Prefeitura apontam solução

Também foram expostos nas falas de vereadores que servidores da Prefeitura e do SAAE teriam soluções já projetadas para o problema, mas que não têm sido aceitas pela equipe administrativa. Alexandre Campos chegou a citar conversas que teve com o engenheiro da Prefeitura Gláucio Martins e com os secretários Rosse Andrade e Diógenes Vilela. Afirmou que uma proposta de obra a ser feita a partir da Rua Manoel Correia, na Avenida Jove Soares e na descarga das águas junto ao Rio São João, a exemplo de uma obra realizada pelo ex-prefeito Eugênio Pinto, seria o caminho.

Também foi informado nos corredores que, em conversa com profissionais do SAAE, surgiu a informação de que o mesmo trabalho de limpeza do Rio São João e dos ribeirões Capotos e Joanica deveria ser feito no leito do Córrego do Sumidouro, em toda a sua extensão. Isso somado a uma rede de captação pluvial eficiente no loteamento construído na antiga fazenda de Paulo Viana, com algumas outras pequenas intervenções em pontos específicos, traria a solução desejada.

Empréstimo para realizar obras e convocação de secretário

Aproveitando a ocasião, alguns vereadores afirmaram apoiar um possível pedido de empréstimos por parte da Prefeitura, para que as obras necessárias possam ser realizadas. Márcia Cristina e Alexandre Campos, em contrário, afirmaram que não deveria ser analisada esta possibilidade. Conforme o ex-presidente da Mesa, a questão da Jove Soares é urgente e já existe projeto para a solução do problema e entende ainda que os recursos que a Prefeitura disse possuir para repassar subsídios à empresa de transporte de passageiros deveria ser usado para a realização das obras.

Márcia Cristina disse mais: lembrou que já foi aprovado valor de R$ 1 milhão “somente para a realização” do projeto das obras que são necessárias. “Esse dinheiro, esses R$ 26 milhões que seriam repassados à Viasul, podem pagar a maior parte dos custos”, disse ela, afirmando que a obra da Jove Soares é mais urgente do que financiar empresas privadas. A opinião foi partilhada ainda por outros vereadores que se estenderam nas opiniões e tratativas do que seria necessário para a realização das obras.

De efetivo, porém, foi a proposta do vereador Gleisinho, aprovada pelos demais edis, de convocar o secretário de Urbanismo e Meio Ambiente e o gerente da Defesa Civil para dar explicações do que está sendo encaminhado para a solução do problema. Também foi acrescido nas falas que o secretário de Infraestrutura e Serviços, a direção do SAAE e até mesmo o prefeito deveriam ser acionados para falar sobre o problema.

Alexandre Campos, mais uma vez, apresentou uma alternativa, afirmando que a convocação seria apenas para respostas de projetos, e que o necessário seria uma solução viável a ser apresentada. Na visão dele, por exemplo, o engenheiro Gláucio Martins poderia ser convidado a falar do projeto que já existe e de como pode ser solucionada a questão, explicando as necessidades e, a partir de então, que a Câmara acione os canais necessários, inclusive o Ministério Público, para ajudar no debate e solução do problema.