Cemig quer placas fotovoltaicas sobre os lagos na região

Proposta da estatal é construir “usina flutuante” de energia sobre o espelho d´água

Cemig quer placas fotovoltaicas sobre os lagos na região
Foto: Divulgação/Clarissa Barçante/ALMG


Em reunião acontecida na terça-feira, na Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa, autoridades e políticos da região manifestaram contrariedade com projeto da Cemig de construir usinas de geração de energia fotovoltaica sobre o espelho d´água de lagos da região. A foto aponta projetos para a região do Lago das Roseiras, braço da barragem de Carmo do Cajuru, que banha o município de Divinópolis e do ‘Novo Mar de Minas’, lago formado por águas do rio Pará, em Cláudio. Conforme a proposta, seriam instaladas usinas de geração de energia flutuantes sobre o espelho d´água destes locais. 

O diretor-adjunto de Relações Institucionais da Cemig, João Paulo Menna Barreto de Castro Ferreira, falou no encontro, justificando que a usina flutuante teria uma capacidade maior, por isso a insistência da companhia em instalar as placas por cima do lago. “A capacidade de geração de energia da usina em terra seria de 5 megavoltampère (MVA). Sendo flutuante, a capacidade passa para 30 MVA. E eu ressalto que só instalaremos quando tivermos todas as licenças ambientais, de todos os órgãos cabíveis. Tudo acontecerá no seu momento específico”, afirmou.

Disse ainda que “todos que pediram esclarecimentos foram recebidos. Participamos de reuniões, não nos furtamos a ouvir. Garanto a vocês que essa usina vai melhorar muito a qualidade da prestação do serviço de energia para a população local”. Porém, moradores da região, políticos locais e deputados estaduais afirmaram que querem impedir instalação de placas de energia solar em represa. 

O presidente da Câmara de Carmo de Cajuru, Rafael Alves Conrado, afirmou que se a Cemig quisesse, podia usar o terreno da Gremig (Associação Recreativa e Cultural dos Empregados da Cemig), que foi leiloado recentemente, para essa finalidade. “O município não foi consultado em momento algum, as decisões foram tomadas a portas fechadas, sem conhecimento da região e de seu potencial turístico gigantesco. A Cemig deixou bem claro que vai instalar, mas isso precisa ser debatido com os moradores afetados. Inclusive a construção de uma subestação da Cemig, que ocorreria na área para nos beneficiar, foi interrompida como retaliação por sermos contra essa obra.” Vários outros representantes das cidades atingidas com a possível instalação das usinas se manifestaram da ocasião.

Itaúna precisa opinar para não ser a próxima

Cidadãos itaunenses lembraram que o tema, apesar de parecer “longe da nossa realidade”, precisa de ações das lideranças locais. O fato de a proposta ser em espelhos d´água dos municípios de Divinópolis, Carmo do Cajuru e Cláudio, serve de alerta. Caso sejam aprovados os projetos para aqueles locais, na opinião de ambientalistas, pode ser um teste da estatal para passar a utilizar desta prática em outros locais, a exemplo da Barragem do Benfica que, mesmo sendo uma área particular, pode despertar a cobiça da empresa e negociar com os detentores do domínio da área. 

E a estatal não fala, por exemplo, em benefícios para os municípios explorados. A união com lideranças dos municípios ora envolvidos, pode ser um passo para a defesa futura de um mesmo problema no município de Itaúna. É preciso que as lideranças locais acordem, enquanto é tempo, apontam ambientalistas que estão acompanhando o processo nos municípios vizinhos.