Câmara questiona SAAE

Denúncia de crime ambiental sem precedentes deve ser feita ao MP. Obra de recuperação dos emissários vai custar mais de R$ 7 milhões

Câmara questiona SAAE
Reprodução YouTube/CMI


Quem assistiu à reunião da Câmara da terça-feira, 26, pôde notar que a maioria dos vereadores estava muito preocupada com o problema do estouro das redes de interceptores de esgotos que está jogando os dejetos sanitários dos itaunenses nos córregos e no rio. Foram várias as manifestações da edilidade em relação ao problema, cobrando medidas urgentes da autarquia SAAE, responsável pelo saneamento do município, para que seja interrompido o deságue de esgoto no São João. Foi aprovado, inclusive, um requerimento para convocação da diretora do SAAE e do responsável pelo setor de meio ambiente da Prefeitura, lotado na Secretaria de Regulação Urbana, para falar sobre o assunto e dar explicações aos vereadores.

O autor do requerimento para a convocação da diretora do SAAE – mais uma vez – à Câmara, vereador Gustavo Dornas, afirmou que pretende arguir a dirigente da autarquia sobre um levantamento da real situação da rede de interceptores (Projeto Somma); o que já está programado e quando serão feitos os reparos; quanto vai custar esse serviço; como ocorreram esses rompimentos, se foram provocados pelas obras de desassoreamento do rio; se alguém será responsabilizado pelos custos dos reparos... Por mais de uma vez, o edil repetiu suas perguntas e disse que vai exigir respostas.

O assunto repercutiu dentre os edis, a ponto de Antônio Da Lua parabenizar os colegas por finalmente entenderem a grave situação em que se encontra a questão do esgoto que passou a cair no Rio São João e nos afluentes. Na maioria das manifestações, é notado que existe o entendimento de que a rede do Projeto Somma foi destruída com a ação de máquinas nas margens dos cursos d’água para o desassoreamento desses canais. “Uma obra que seria necessária acabou por causar um prejuízo imenso a Itaúna, porque não tiveram o cuidado em preservar as redes de interceptores”, disse um dos vereadores, em off, à reportagem, atestando falas de colegas. Mas por outro lado, sabe-se que a rede de interceptores que foi feira na década de 90, no governo de Hidelbrando Canabrava, o Bandinho, tem 28 anos e já está mesmo no momento de ser refeita. 

SAAE cita “ações da Infraestrutura”, segundo site de notícias

Enquanto a questão aumenta de intensidade na Câmara, o SAAE continua sem uma ação direta na questão. Conforme a vereadora Márcia Cristina afirmou em plenário, na reunião em que a diretora da autarquia, Alaiza Andrade, participou, respondendo a perguntas dos edis, a dirigente do SAAE teria dito que não sabia onde ocorreram os rompimentos. Informou ainda que também o responsável pelo meio ambiente da Prefeitura não tinha conhecimento dos fatos e que pediu a ela que lhe enviasse a relação dos pontos onde existiam os problemas. 

Em matéria de um site de notícias da cidade, postada no Instagram, é creditada a informação ao SAAE de que o despejo de esgoto no rio se devia “a ‘fenômenos da natureza” e ações da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços no Ribeirão dos Capotos e Rio São João”. Não há, porém, explicações sobre o que seriam os “fenômenos da natureza” ou quais seriam as “ações da Secretaria de Infraestrutura”, porém fica implícito que o SAAE está creditando pelo menos parte da culpa pelos problemas à Secretaria de Infraestrutura da Prefeitura. E, para concluir os desencontros, a reportagem recebeu informações – não confirmadas – de que nesta semana a ETE, inaugurada no dia 16, já teria seu funcionamento interrompido “para manutenção”, como informou a fonte. Será?

Por meio de outra fonte, a reportagem também recebeu informações de que as obras de recuperação e substituição dos interceptores e/ou emissários de esgoto nas Av. São João, Av. Walter Mendes e nas margens do Ribeirão dos Capotos já foram orçadas e custarão aos cofres públicos R$ 7 milhões. Segundo essas fontes, o prefeito estaria esperando o momento certo para buscar os recursos via empréstimos a baixo custo, no Projeto que se chama Via Verde, e não se sabe se é em nível estadual ou federal. É preciso aguardar os próximos capítulos, enquanto isso, os moradores continuam com o mau cheiro insuportável, caso do bairro Santanense e região, e o esgoto continua caindo no Rio São João, mesmo com uma ETE recém-inaugurada.