ATAQUE A ESCOLAS - Boataria leva pânico às famílias itaunenses

Pais de alunos do Colégio Santana cobram “modernização” no sistema de segurança da escola. Nas estaduais, Polícia Militar implanta a Operação de Proteção Escolar

ATAQUE A ESCOLAS - Boataria leva pânico  às famílias itaunenses


Como é comum ocorrer no Brasil, o fato registrado no dia 5 de abril, em Blumenau, Santa Catarina, quando um homem invadiu uma creche e atacou as crianças, matando quatro delas, despertou o medo e acionou o gatilho das fake news e da busca por medidas de segurança nas escolas. Nos últimos dias, a população da maioria das cidades brasileiras tem convivido com notícias – a maioria falsas – de ataque em escolas. Infelizmente, outros casos se repetiram, porém sem a gravidade fatal do primeiro. Em outras situações, em cidades como em Poços de Caldas, no Sul de Minas, crianças levaram armas para a escola, “para se defenderem de ataques anunciados nas redes sociais”.   

Por um lado, “doentes mentais” se aproveitam do pânico gerado e passam a ampliar a situação, em busca de audiência. E por outro, a situação começa a ser discutida atabalhoadamente, diante da necessidade de medidas de segurança que possam garantir um mínimo de tranquilidade aos pais e familiares que, ante tanta imbecilidade e falta de atitude de autoridades, vivem aos sobressaltos. Enquanto isso, espera-se que o fato seja realmente debatido com seriedade e serenidade e que medidas possam ser adotadas, não para inibir o ataque somente, mas para garantir as condições mínimas de segurança às famílias, à comunidade, seja nas escolas, nas creches, nas ruas. 

Colégio Santana e o pedido dos pais

Uma das maiores e mais tradicionais escolas de Itaúna, com mil e setecentos alunos, como não poderia deixar de ocorrer, foi bastante afetada com o fato e os boatos. Durante os últimos dias, em grupos de WhatsApp com participação de pais de alunos, circulou a “notícia” de que um aluno teria sido flagrado com uma faca na mochila. Versões as mais variadas circularam, com uma versão “oficial” apurada pela reportagem de que realmente ocorreu o fato, porém não se tratou de ameaça, mas a informação de um pai que teria entrado em contato com a direção é de que “a faca não foi para ameaçar ninguém, mas para utilização em uma aula abordando costumes antigos”.

Também recebemos a informação de que foi realizada uma reunião com pais, onde teriam participado cerca de 700 pessoas, em que foi discutida a questão da segurança na escola. Um dos pedidos dos pais seria de que fossem contratados seguranças para monitorar o acesso à escola e não apenas porteiros, como ocorre atualmente. As informações são de que a direção da escola recebeu bem as solicitações e ficou de analisar a viabilidade das propostas.

De oficial, por parte da escola, foi distribuído um comunicado aos pais, ao qual a reportagem teve acesso, afirmando que “treinamentos, orientações aos profissionais diretamente envolvidos no contato com o público e controle de acesso, vigilância pessoal, cercas na imensa área do Colégio, monitoramento, são medidas que continuaremos implantando e ampliando no sentido de aperfeiçoar cada vez mais nossos procedimentos”. E complementa o comunicado afirmando que “temos plena consciência de que nenhuma medida isolada levaria à erradicação dos riscos, mas o conjunto de várias medidas, com certeza, reduz bastante”.

PM inicia Operação de Proteção Escolar

Outro fator positivo em torno do assunto é a ação da PMMG, que iniciou operação de proteção escolar em todo o estado. A necessidade de que a polícia esteja mais presente no ambiente estudantil é reivindicação antiga da sociedade. Com a onda de boatos em torno das ameaças – algumas realmente confirmadas – em ambiente escolar, foi definido pelo alto comando da corporação a operação que visa levar garantia de segurança às famílias.

Em Itaúna, conforme divulgação da 9ª Cia. PM Independente, a Operação de Proteção Escolar teve início no dia 10, segunda-feira. Imagens de viaturas policiais nas imediações de prédios escolares têm sido encaminhadas à imprensa. Conforme a corporação, a operação é composta de “diversas ações preventivas nas cidades de Itaúna e Itatiaiuçu”. Ainda segundo o comunicado da PM, “policiais militares realizarão visitas em todos os educandários, levando orientações de segurança, de conscientização e mobilização social, fortalecendo as redes de proteção nestas instituições”.

É necessário conscientizar a população

Especialistas em segurança pública de todo o País apontam a necessidade de que todos os esforços sejam realizados para garantir a segurança no ambiente escolar, além de uma atuação conjunta na conscientização da população. Essa conscientização, ainda segundo especialistas, precisa apontar que a segurança no ambiente escolar não deve ser cobrança apenas de momentos como este, de pós-tragédia. Ações de policiamento são necessárias, mas não devem ser as únicas a merecer a atenção das autoridades e das famílias. A educação no ambiente familiar é tão importante quanto o ensinamento no ambiente escolar e a repressão a atos de violência por parte da polícia.

Também a atuação consciente dos veículos de informação é importante, não dando vazão a notícias de impacto apenas, que causam mais mal do que informam à comunidade. “Antes de divulgar, é preciso apurar se o fato é real. E, na hora de divulgar, a manchete não pode seguir apenas no sentido de ‘vender’ a notícia”, como aponta um experiente jornalista. “A manchete sensacionalista leva à formação de consciência criminosa em uma sociedade que valoriza muito a questão midiática, o ‘espaço para aparecer’. Quem está à procura de ‘audiência’, encontra na manchete sensacionalista uma oportunidade de aparecer na mídia e, muitas vezes, um incentivo ao cometimento de crimes”, complementa ele. Por isso é necessário “abrir mão da manchete sensacionalista em favor da segurança”, ensina.

Guarda Municipal: promessa não cumprida seria uma solução

Mais uma vez a instalação da Guarda Municipal em Itaúna, prometida pelo atual prefeito, quando em campanha, assim como de administrações passadas, é uma necessidade, conforme analistas. Assim como a instalação de câmeras de videomonitoramento, o popular “olho vivo”, como acontece em Itatiaiuçu (nesta semana a prisão de um bandido que sequestrou mulher em São Paulo foi rápida devido ao apoio do “olho vivo”. Veja matéria nesta edição).

A implantação da Guarda Municipal, além de promessa de campanha, chegou a ser tema de debate e até de aprovação na Câmara Municipal. Além da questão da fiscalização de trânsito, uma das principais funções do setor seria a garantia da segurança em escolas e prédios públicos. “Já passou da hora de o prefeito cumprir a promessa. Ou vai ficar só asfaltando ruas?”, questionou um pai, ao falar sobre a necessidade de implantação da guarda. Outro, mais sereno, aponta a urgência da comunidade debater a necessidade e, entendendo essa necessidade, cobrar a implantação da guarda municipal e do “olho vivo”, além de fazer cobranças mais veementes ao poder público. “A segurança pública não é tarefa do município, mas a guarda municipal e o “olho vivo” são, sim. E ambos os serviços serão muito importantes para garantir a tranquilidade dos itaunenses”, arrematou.