Adelininho Quadros e a Tumba do Sr. Franco

Adelininho Quadros e  a Tumba do Sr. Franco


No desfile da Banda Suja, no carnaval de 1985, o Adelino Quadros, mais conhecido como Adelininho, com o aval dos demais Diretores, Hélcio Poita, Vânia Freitas e Dalton, saiu tocando uma Tumba (instrumento de sopro de grande porte) que havia pedido emprestada ao Sr. Franco, na época, Presidente e Maestro da Banda de Música Municipal. Após o desfile, onde fez o maior sucesso, o Adelininho foi com a Tumba atormentar a vida dos clientes que estavam no Bar do Mizirico, que ficava na Praça, próximo à Igreja Matriz. Lá tomou todas a que tinha direito e foi pulando de bar em bar, bebendo e soprando a sua tumba, até acabar apagado no passeio, próximo ao Automóvel Clube. Quando acordou, já com o dia clareando, deu por falta do instrumento emprestado pela gloriosa Banda Municipal. Mesmo com uma baita ressaca, de bar em bar, revirou todos os estabelecimentos do centro da cidade e nada. Apreensivo, pois tinha se comprometido de devolver o precioso instrumento naquela tarde de sábado de carnaval, e, pior, não tinha dinheiro suficiente para ressarcir o Sr. Franco caso a Tumba não fosse encontrada. Temendo pelo pior, passou o restante do carnaval se escondendo do Presidente da Banda Municipal, que a todo momento ligava para a sua casa, cobrando a devolução da preciosa Tumba, pois na quarta-feira tinha a procissão das cinzas, com a presença marcante da banda de música. Já estava desesperado, já pensando em pegar um ônibus para São José do Salgado, onde moram vários parentes, quando recebeu um telefonema do Boisa Perillo informando que, ao vê-lo apagado em frente ao Automóvel Clube, deitado sobre a Tumba naquele amanhecer de sexta para sábado, e, após várias tentativas para acordá-lo, resolveu levar o instrumento musical para a sua casa, na Rua Silva Jardim, receoso de que o mesmo fosse roubado, e, como o carnaval já havia passado, ele poderia ir buscá-la. Aliviado, pegou a Tumba na casa do Boisa e a entregou ao Sr. Franco. À noite, na procissão das cinzas, a garbosa banda de música, trajando o seu belo uniforme, já estava posicionada em frente à Igreja da Matriz para iniciar os seus acordes, quando o Sr. Franco, músico encarregado de tocar a Tumba, verificou que não saía nenhum som do instrumento, apesar de todo o seu esforço em soprá-lo. O jeito foi virar a Tumba de cabeça para baixo e enfiar a mão no seu interior para averiguar o problema. E em plena Praça Dr. Augusto Gonçalves, pouco antes das oito horas da noite, as centenas de beatas que estavam aglomeradas na praça aguardando o início da procissão viram o seríssimo maestro com os olhos arregalados e uma fisionomia assustada, sacudindo duas calcinhas e um sutiã que havia retirado do interior do instrumento musical emprestado dias antes para o grande carnavalesco Adelino Pereira Quadros Filho, o popular e inesquecível Adelininho...

• Membro da Academia Itaunense de Letras