Professor José Gomes Miranda morre aos 89 anos
Filho encontra poema e partilha com os amigos e admiradores do professor
Aos 89 anos de idade, morreu no sábado, dia 12, o conhecido Professor José Gomes Miranda. Sua dedicação e amor à profissão que exerceu durante longos anos em Itaúna fez com que ele deixasse de ser José Gomes Miranda para se tornar o Professor José Gomes Miranda, ou simplesmente Professor Miranda, como era conhecido e admirado em Itaúna.
Professor Miranda deixa os filhos Davi Miranda e Agnes Miranda, e um sem-número de amigos e admiradores que o conheceram em sua caminhada de mestre exemplar. Ele completaria 90 anos na próxima sexta-feira, dia 25. Admirado em Itaúna pelo seu trabalho e sua postura como ser humano, Professor Miranda foi homenageado de forma singular, em 1990, aos 55 anos de idade e em pleno exercício de sua brilhante carreira, emprestando seu nome a um prédio escolar. O então prefeito Osmando Pereira da Silva, em seu primeiro mandato, construiu, no bairro São Geraldo, um prédio escolar de 737,38 m², para abrigar a escola da comunidade e o denominou “Prédio Municipal ‘Professor José Gomes Miranda’”. Professor Miranda lecionou também por muitos anos na Universidade de Itaúna, nas faculdades de Letras, Pedagogia e Economia.
Sempre ligado aos setores de educação e cultura de Itaúna, o Professor Miranda foi figura importante, por exemplo, para a existência da Academia Itaunense de Letras - AILE, da qual se tornou Acadêmico Benemérito. E, na sua despedida, recebeu, em nome da AILE, uma homenagem em versos da escritora Maria Lúcia Mendes: “Julgas que a luta não finda/ Veja a lição das alturas: O céu tem azul ainda, além das nuvens escuras”.
Seu filho, Davi Miranda, encontrou um poema que o pai escreveu e que estava ainda inédito, e o dividiu com os itaunenses: “Creio... Creio em mim,/ na minha determinação pensada./ Creio nos que me lideram e comigo buscam as mesmas estradas,/ se com amor temperam gestos./ Creio nos amigos,/ pois me tornam a vida mais leve, fluida.../ Creio sobretudo em Deus,/ fonte de toda força para o bem, e milagre imenso do quanto me cerca!/ Creio nas preces que sobem ao alto, como o fumo dos incensos, pois me alimentam de caridade e paciência, ao sentar-me junto aos incrédulos;/ Creio nas mãos que trabalham,/ se dignificam a casa do operário, e lhe garantem o pão dos filhos./ Creio na vitória dos que lutam,/ se respeitam o pranto dos vencidos e com eles concertam partilha justa./ Mas não creio estar limpo no mundo,/ quem, ao partir, não o deixa melhor;/ Mas não creio isento de culpa, quem, diante de uma flor ou de uma estrela,/ -apagada que seja-/ não sinta nesta sorte a presença d’Aquele que mantém a vida, e sustenta os mundos”
(José Gomes Miranda).