Prefeito de Itaúna pressiona por subsídio, segundo oposição

Exercendo o “poder de fiscal” – que não exerceu em momento algum para cobrar bons serviços da empresa – a Prefeitura atua para retirar 18 ônibus de circulação da Viasul, denunciam.

Prefeito de Itaúna pressiona por subsídio, segundo oposição
Reprodução/Redes sociais




O prefeito Neider Moreira postou nas redes sociais, vídeo em que anuncia que “visando a segurança dos usuários do transporte coletivo, a Prefeitura de Itaúna anuncia a retirada de diversos veículos de circulação”.

Trata-se de cumprimento de ameaça, segundo oposicionistas, anunciada na semana passada, que pelo visto está sendo cumprida, pois não foi votado o subsídio de R$ 26.2 milhões que ele, prefeito, quer repassar à empresa.

Na fala do prefeito ele comenta o fato de o subsídio não ter sido votado e alerta para a questão de, com a retirada de ônibus – seriam 18 veículos – vai ocorrer redução no quadro de horários. Neider explica ainda – ou tenta – que, aprovando o repasse, a passagem de ônibus em Itaúna vai ser de R$ 5 – seria R$ 4,50 em setembro, conforme o projeto anterior de repasse dos mesmos R$ 26.2 milhões – e que a empresa vai atender a uma série de “condicionantes” para o repasse do dinheiro.

Quem garante o cumprimento das promessas?

As afirmações do prefeito, porém, são contestadas por vários vereadores que lembram o fato de a Prefeitura não ter atuado, em nenhum momento para fazer com que a empresa cumprisse com o que está no contrato, como o atendimento ao quadro de horários, à segurança e limpeza dos ônibus e nem mesmo a cessão dos abrigos.

“Todas as ‘condicionantes’ já deveriam ter sido cumpridas, agora o prefeito vem afirmando que a empresa vai cumprir, se receber o subsídio. Quem garante? Não dá para confiar, até porque a Prefeitura, através do setor de trânsito, não fiscaliza a empresa conforme está obrigada a fiscalizar, pelas cláusulas contratuais e se fizesse, já teria pedido a quebra do contrato há muito tempo”, disse um político à reportagem, ao analisar o vídeo postado pelo prefeito.

E segundo a oposição, “a fala do prefeito comprova a ameaça que informaram, de que ele estaria fazendo a portas fechadas, de tirar os ônibus de circulação se não aprovassem o subsídio. Falta agora a demissão dos servidores contratados por indicação dos vereadores... O prefeito está, simplesmente, confirmando o que se dizia nos bastidores. E isso pode caracterizar crimes que ao final acabariam até por cassação de mandato”, apontou.

E outro questionamento feito pelo político é sobre a alegação para o recolhimento dos ônibus: “a segurança da população só passou a importar quando não foi dado o repasse? Esses 18 ônibus estão assim, sem condições de circular há quanto tempo? Por que estão circulando, então? Por que a Prefeitura só vai agir depois que não foi atendida a vontade do prefeito, de repassar R$ 26,2 milhões para a Viasul? Se o subsídio tivesse sido aprovado esses ônibus continuariam circulando até quando? São perguntas que a Câmara e o Ministério Público devem fazer ao prefeito. Com a decisão dele, de retirar os ônibus de circulação, o prefeito simplesmente assume que não agiu em favor da comunidade, pois estes ônibus estão circulando sem condições para tanto e ele deixou que circulassem até agora. Se o dinheiro fosse repassado para a Viasul, seriam trocados, imediatamente esses ônibus? Cadê a CPI da Viasul? O Ministério Público também deveria agir para cobrar essas respostas. Ou o prefeito pode fazer o que quiser para pressionar a aprovação do repasse do subsídio?”

“Ficam as perguntas e, na quarta-feira, os 18 ônibus devem ser retirados de circulação. E o contrato continuará não sendo cumprido, mas a Prefeitura só vai fiscalizar quando tiver votação polêmica e os projetos do Executivo não forem aprovados”, concluiu.