Chuva transforma Jove Soares em rio, arrasta veículos e invade comércios

Previsão da Defesa Civil anunciava que o estado sofreria com chuvas intensas. Falava-se em intensidade de até 100 mm em alguns pontos

Chuva transforma Jove  Soares em rio, arrasta  veículos e invade comércios
Foto: Reprodução/Redes sociais


A tarde da terça-feira, 31 de outubro, marcou os itaunenses com a tempestade que se bateu sobre a cidade. A chuva que estava prevista nos avisos da defesa Civil do Estado se confirmou e caiu por cerca de uma hora sobre a cidade, causando um verdadeiro caos na área central e nos bairros Foi muita água, alagando ruas e avenidas, derrubando árvores, muros, arrancando telhados e arrastando carros como mostram os inúmeros vídeos postados nas redes sociais.

Na Praça da Matriz, uma árvore de grande porte veio ao chão, passando a centímetros de carros que estavam estacionados. Com a queda da árvore o trecho a partir da esquina com a Rua Antônio de Matos teve de ser interditado, o que causou grande confusão no trânsito, que já estava caótico.

No bairro Padre Eustáquio, o muro de uma escola desabou, além de muita enxurrada, alagamentos e queda de árvores foram registradas. Lama para todo lado e lixo que foi carregado pela enxurrada que se formou ao longo da Avenida Lenhita. Os bairros Irmãos Auler, Vila Vilaça, Várzea da Olaria, Leonane, também sofreram bastante com o excesso de enxurradas, com muitos alagamentos, naquela região da cidade.

“Rio Jove Soares”

A avenida se transformou em um rio, com a correnteza que arrastou carros e invadiu imóveis. Um dos pontos mais emblemáticos do problema foi na altura de uma concessionária que ficou com água até próximo do teto, o mesmo ocorrendo com uma pizzaria próxima.

Um vídeo mostra as águas invadindo um laboratório e alguém falando que seu carro tinha sido levado pela enxurrada. Em outro, dois homens empurram uma moto rua acima, enquanto passa um carro sendo levado pelas águas.

Imagem aérea mostra a avenida em quase toda a sua extensão, desde a Praça do estádio Zé Flávio, até próximo da esquina com Avenida Dr. Miguel Augusto, tomada pelas águas. Nos comentários, desabafo e revolta com a situação de calamidade que ocorre a cada chuva mais forte na cidade.

Prejuízos podem passar de R$ 2 milhões, avaliam empresários

A reportagem da FOLHA ouviu de empresários que fizeram levantamento dos prejuízos causados pelas chuvas que, somente no trecho envolvendo a Avenida Jove Soares, o valor dos danos ultrapassa os R$ 2 milhões, tranquilamente. 

Conforme levantamentos superficiais, quase duas dezenas de veículos foram arrastados e mais de 30 sofreram avarias com as enxurradas. Nas imagens do pós-enchente é possível ver muita lama, móveis de escritórios, mesas, geladeira, armários, deixados ao longo da avenida, após terem sido arrastados pelas águas. Também o asfalto foi avariado em vários pontos e algumas placas da cobertura do córrego que atravessa o local foram soltas.

Defesa Civil do Estado alerta, mas população fica sem informação
 
Alertas da Defesa Civil, para quem tem o serviço cadastrado no celular foram enviados comunicando a possibilidade de “chuva forte, com até 100 mm”, na tarde da terça-feira, 31 e na quarta-feira, 1º. Porém, o serviço municipal de defesa civil que recebe informações mais detalhadas, como o boletim com ilustrações e textos, informando da possibilidade de tempestades, não se manifesta publicamente e nem emite alertas à população.
No boletim expedido na segunda-feira, 30, informando a possibilidade de chuvas no dia seguinte, o alerta foi dado. O mapa mostra a possibilidade de “chuvas fortes e trovoadas” em todo o Estado.
Algumas pessoas criticam o fato de a Defesa Civil de Itaúna só agir após acontecer os problemas. “Por que não emitem comunicados, sabendo que pode ocorrer tempestade, especialmente tendo conhecimento de que chuvas mais fortes, com índices pluviométricos acima de 20 mm podem causar enchentes na Avenida Jove Soares?”, questionou um dos cidadãos afetados pela enchente na Jove Soares, à reportagem.
E vai além ao comentar que a comunicação da Prefeitura, “que só é feita pelas redes sociais nos últimos anos, perde muito tempo com modismos, brincadeiras, assuntos sem importância, e esquece de que o serviço público deve estar atento a esses problemas”. Completou afirmando que “não ia evitar a enchente, mas prevenir o cidadão poderia evitar prejuízos como ter o veículo arrastado pelas chuvas”.
Foto: Reprodução/Def. Civil Estadual

Prefeito alega que obra necessária “é cara”

Alargamento do canal-leito do Córrego do Sumidouro foi anunciado “para 2018”

Em matéria da assessoria da Prefeitura, publicada em 26 de outubro de 2016, era anunciado que “Itaúna é pré-selecionada em programa do Ministério das Cidades para financiamento de R$ 12 milhões” para que fosse feito o alargamento do canal do Córrego do Sumidouro. Conforme a matéria, “na tentativa de captar os recursos para as intervenções, o Município inscreveu proposta no Programa Avançar – Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades. E foi pré-selecionado para requerer o financiamento de aproximadamente R$ 12 milhões”.

Ainda segundo a notícia, “as medidas previstas pela administração têm o objetivo de solucionar um antigo problema vivenciado por moradores e comerciantes da região: as inundações da via, decorrentes da falta de capacidade para absorção das águas pluviais”. Passados cinco anos do anúncio, não se falou mais sobre a possibilidade. E na atualidade, conforme apurou a FOLHA, o prefeito tem alegado que não têm condições de realizar a obra.

Segundo avaliação do prefeito, a obra custaria mais de R$ 80 milhões. Também nos setores técnicos da Prefeitura a informação é de que não existem possibilidades de financiamentos para obras desta natureza. O que indica que a solução para o problema ficará para a próxima administração, visto que a atual tem pouco mais de um ano de mandato.

E enquanto não acontecem ações da Prefeitura – que seria o órgão responsável por propor e executar a solução, – os itaunenses vão convivendo com o receio de, a cada chuva mais forte, ter seus imóveis invadidos, seus veículos arrastados e suas vidas colocadas me jogo. Enquanto isso, conforme apontam os críticos, a Prefeitura teria dinheiro para investir R$ 26 milhões em subsídio para empresa de transporte coletivo, dezenas de milhões em obras de asfaltamento e até recursos para calçar o Morro do Bonfim e ainda pretende construir o viaduto na MG 431, no trevo do Padre Eustáquio...