Candidatos se lançam em busca de votos

Os políticos brasileiros deveriam ser “estudados pela Nasa”, para citar uma frase muito “na moda” recentemente. O espectro ideológico, mesmo que pouco existente no País, com a maioria dos políticos balançando como “folha de bananeira, ao vento”, para continuar nos ditados populares, parece que será o viés definidor dos votos nas próximas eleições. Inventaram que o Brasil tem grupos ideológicos e o debate eleitoral caminha por esta seara nos últimos temos, já que a proposição de programas governamentais de fato é coisa mais difícil de se elaborar. E assim o pessoal “da direita” busca a votação que esteve com Bolsonaro nas eleições presidenciais passadas e a turma “de esquerda” quer os votos que foram dados a Lula. Caso essa seja a divisão dos votos para as eleições municipais no Brasil, vão ser eleitos mais prefeitos “da esquerda”, mas Itaúna elegerá alguém “da direita”, muito provavelmente.

Ainda não contaram para os políticos que a eleição municipal tem questões mais localizadas e que o eleitor pode estar cansado desta “briguinha ideológica”, que não coloca os reais problemas na mesa do debate. Em Itaúna eles deveriam ser o preço da passagem, o péssimo serviço prestado pela empresa do transporte público, a falta de atendimento médico, os alagamentos na Jove Soares e em outros pontos da cidade, a dificuldade para se aprovar um projeto de construção na Prefeitura, ou mesmo o endividamento do Município para os próximos anos, depois dos vários empréstimos aprovados. Mas o que os políticos pensam em colocar no debate é o embate “direita X esquerda” e os riscos de “o comunismo tomar conta”, “de O Brasil e, por conseguinte, Itaúna virarem uma Venezuela”, “a necessidade de todo mundo andar armado”, ou mesmo o combate aos “banheiros unissex”. 

Lembrando que Bolsonaro teve 36.985 votos e Lula obteve 18.682 na eleição presidencial em Itaúna. Esses, parecem, foram os carregadores de voto nas últimas eleições, dando a Bolsonaro o dobro da votação de Lula em Itaúna e elegendo deputados que vieram aqui no período eleitoral e que devem voltar à cidade para apoiar seus candidatos a prefeito e vereadores. Isso posto, vamos à disputa eleitoral, que já é travada nos bastidores políticos dos itaunenses. 

Quem já se apresentou à disputa? 

Disputando os votos “da direita”, estão a vice-prefeita Gláucia Santiago, que teve vídeos divulgados nos últimos dias, com apoio de Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira. Kaio Guimarães, que também é candidato, tem espalhado pela cidade que ele, sim, terá os apoios dos bolsonaristas – afinal, ele até foi questionado por ir a BH em apoio ao ex-presidente, em campanha, no carro da Câmara, lembram? – e de Nikolas Ferreira, para quem trabalhou ferrenhamente nas eleições passadas. 

Já o ex-deputado Gustavo Mitre, conforme apurações de bastidores, afirma que terá o vice na sua chapa apontado pelo pessoal da direita de Itaúna. “Eles – a direita itaunense, que se reuniu em um grupo conhecido nas redes sociais – é que vão indicar o vice na chapa com o Mitre”, disse ao jornal um de seus apoiadores. Esse pode ser, então, o Marcinho Hakuna, que tem afirmado contar com o apoio desse mesmo grupo, conforme informações chegadas à reportagem. Outro que contaria com o apoio direitista é o vereador Da Lua, que conta com isso para ser o vice na chapa com Gustavo Mitre. 

Já o secretário de Infraestrutura, Rosse Andrade, tem se apresentado como candidato e, conforme as apurações, seria o candidato do atual prefeito, podendo compor com alguém indicado pela direita itaunense, pois ele é muito simpático a esse grupo e se declarou, nas eleições passadas, membro deste grupo ideológico. Inclusive, em grupo de WhatsApp, Rosse tem mostrado um apelo bastante religioso, o que seria uma prática muito comum ao pessoal da direita, que se complementa como cristã.

Mas e as articulações? 

Aí é que entra o jeitinho. Com tanta gente em um mesmo espectro, já vem sendo trabalhada a seguinte situação. Gláucia sairia da disputa, pois é “quase certo” – e para algumas pessoas é mais do que certo – que ela vai assumir uma vaga de deputada federal pelo PL – Partido Liberal. Aí, facilitaria um pouco as negociações. Mas, por outro lado, ela também estaria oferecendo a vaga de vice na sua chapa para o Gustavo Mitre, com a promessa de que ele, Gustavo, seria o candidato do grupo a deputado estadual ou até a federal, que “é mesmo o que o Gustavo quer”. 

Já pelo lado do Mitre, dizem que ele não desiste do apoio do grupo neidista e está pronto para fechar um acordo com Neider, “a hora que ele quiser”. Mas isso seria uma cisão na turma osmandista que o apoia, apesar de ele dizer – tem gente que disse que ouviu isso do próprio – que o osmandismo acabou. Hakuna, para deixar a disputa, teria a promessa de que seria apoiado pelo vencedor para novamente assumir a presidência da Câmara. 

E o Kaio? Este está contando certo de que terá o apoio do Bolsonaro e do Nikolas, além do pessoal do seguimento evangélico. Com esses apoios, pensa ele, é difícil perder. Resta, do outro lado, se articulando e esperando para ver o que vai dar, o Jerry e o Mirinho. Este último conta com o apoio do Rogério Correia, candidato lulista em Belo Horizonte. Os dois estão unidos e “sozinhos” na disputa dos quase 20 mil votos da esquerda e com um governo federal liberal no poder à disposição. E aí? Em quem apostar? Começou o ano das eleições municipais em Itaúna!