SÃO 2,4 MIL OU 240 SEM-TERRA? - Polêmica pode levar à perda de credibilidade do Legislativo

Nos últimos dias, o debate nos meios políticos de Itaúna tem girado em torno da possível “invasão” de sem-terra na região dos Chaves/Córrego do Soldado, divisa de Itatiaiuçu com Itaúna. Em vídeo de um edil, profissional da área da saúde, ele deu o mau exemplo de se abaixar, encher a mão de água e levar à boca e dizer que aquela água é potável, isto é, própria para o consumo humano, e que vai ser poluída caso os sem-terra se mudem para a região. Isso em um córrego onde vacas, cavalos e outros bichos transitam, bebem e defecam no entorno. A água é limpa, mas não deve ser “potável”, como disse o vereador. Mas o que mais chama a atenção é que o acordo, feito na Justiça, de transferência de acampados de uma fazenda em Santa Teresinha para a área no local acima citado, está sendo colocado como se uma turba estivesse chegando à região, onde vão construir barracos de madeirite – seriam iguais àqueles da invasão no Bairro Universitário. E que não chama tanto a atenção dos vereadores? –, jogar esgoto nos córregos, acabar com a vegetação no entorno e causar danos à vizinhança. No oficial, conforme o acordo firmado e as informações colhidas no município vizinho, serão transferidos para o local algo em torno de 60 famílias, ou seja, cerca de 260 pessoas, para uma área de 110 hectares (Observe no mapa a delimitação da linha amarela. A linha azul corresponde ao ribeirão dos Pintos que desagua no Rio São João e que vai contribuir para regar as plantações dos assentados). E tanto estardalhaço levou a Procuradoria do Município a entrar na briga, acionar o MP e apontar a “possibilidade” de crime ambiental, pelo que se tem falado. Uai (como dizem os mineiros assustados), estão denunciando crime que não ocorreu? Vá saber. Ou seria pré-julgar os acampados pelo fato de serem sem-terra? Aí seria preconceito social, afiançado pelo poder público? E a fala daquele edil que diz ser cristão, afirmando que “quem ficar com pena leva eles (os sem-terra) pra casa”? Isso é preconceito social explícito e que, em outros lugares, daria até uma ação por falta de decoro. E nem venham com a alegação da imunidade parlamentar, pois a liberdade de expressão, como se sabe, não é libertinagem para se expressar de forma preconceituosa, vil, acusatória, devido à condição social da vítima.