Neider faz chantagem com a Câmara: subsídio de R$ 10 milhões ou aumento da passagem de ônibus
“(...) Para não termos aumento de passagem, também teríamos que fazer um subsídio”, afirma o prefeito em vídeo divulgado pela Prefeitura, antes da reunião dos vereadores.
O prefeito de Itaúna, Neider Moreira, divulgou um vídeo com mensagem aos itaunenses, falando sobre a problemática do transporte coletivo e afirmando que, se os vereadores não aprovarem o projeto enviado à Câmara, de subsídio de R$ 10 milhões neste ano para a Viasul, a passagem de ônibus em Itaúna vai subir a R$ 6,52.
No texto da assessoria, que apresenta o vídeo, afirma-se que “o prefeito traz a verdade dos fatos acerca do transporte coletivo em Itaúna”, em um arremedo de texto de aprendiz de jornalismo. Porém, na fala do prefeito ele faz, mesmo, é a ameaça de que se os vereadores não aprovarem o subsídio, vai ter o aumento.
E no final da tarde, na Câmara, aconteceu uma audiência pública para debater o pedido de autorização para a Prefeitura repassar R$ 10 milhões para a Viasul, neste ano e mais um valor no próximo ano que, segundo apurou a FOLHA, será de cerca de R$ 26 milhões.
Advogado da Viasul repete ameaça e acusa vereadores
Durante a audiência pública realizada na Câmara, presidida pelo edil Alexandre Campos, em companhia de Lacimar Cesário, que solicitou a reunião, se apresentaram para falar sobre o tema, o secretário de Regulação Urbana, Tiago Araújo e a gerente de Transporte, Cíntia Valadares, em nome da Prefeitura; o professor e engenheiro, Renato Ribeiro, do Cefet; e o empresário Ramon Ribeiro e o advogado, Jardel Araújo (que já foi procurador do Município de Itaúna no primeiro mandato de Neider e é casado com a atual secretária de Desenvolvimento Social de Itaúna, Alessandra Nogueira Araújo).
Cada um, à sua maneira, repetiu a ameaça de que, se não for aprovado o subsídio – que será votado na reunião desta tarde de terça-feira, 29 de agosto – a passagem de ônibus de Itaúna passará a R$ 6,52 – possivelmente o maior valor do transporte público em Minas Gerais.
Tiago Araújo, secretário de Regulação Urbana, apontou que foram feitos estudos e que “agora está com vocês, nossos nobres vereadores, a responsabilidade (...)”. Cíntia, como sempre, fez defesa da necessidade do aumento, também sem abordar qualquer cobrança em relação ao péssimo serviço prestado pela empresa ao município. O representante do Cefet preferiu apenas responder a questionamentos e o empresário Ramon Ribeiro defendeu seus pontos de vista enquanto empresário, de que o município deve ajudar a manter o serviço.
Porém, a fala do advogado Jardel, surpreendeu, pela atitude dele. Mostrando-se raivoso, desafiou vereadores que não estavam presentes a “olhar nos olhos, na íris”, em atitude quase bélica, apontando o fato de alguns deles não estarem presentes (casos de Kaio e Gustavo Dornas e citando Tõezinho, nominalmente). E deu o seu veredito, como se fizesse parte da Administração, ainda, afirmando que “caso não seja votado (o subsídio), a passagem será aumentada para R$ 6,52”. Muitos entenderam a fala do advogado como recado do prefeito, seu ex-chefe e atual chefe da sua esposa.
Alexandre Campos iniciou a sua fala e respondeu à altura
O vereador Alexandre Campos foi o primeiro a falar e rebateu veementemente as falas que o antecederam, apontando que “o diesel abaixou em mais de R$ 2 e não teve redução na passagem” e, mais adiante, rebatendo as ameaças, disse que “duvido muito o prefeito fazer isso (dar o aumento de 23%) amanhã (se o subsídio não for aprovado)”.
Alexandre rebateu as comparações, por exemplo, com Belo Horizonte, quando lembrou da quantidade de benefícios que foram obtidos naquela cidade, para que os vereadores aprovassem a ajuda da prefeitura às empresas.
Também os vereadores Márcia Cristina, Da Lua e Edênia, além de vários cidadãos e cidadãs itaunenses interpelaram os representantes da Prefeitura e da Mesa. Na opinião da maioria das pessoas que acompanharam o encontro, conforme foi dito pelo vereador Alexandre Campos, os representantes da empresa e da Prefeitura não se preparam para debater a necessidade do aumento, mas sim, para ameaçar os vereadores, inclusive em tom belicoso, como o advogado Jardel Araújo, olhando apenas a questão da empresa.