MP é instado a atuar na discriminação em Itaúna

MP é instado a atuar na discriminação em Itaúna


O exercício da cidadania vai além da manifestação tímida de contrariedade. É preciso cobrar ação das autoridades na defesa dos direitos dos cidadãos para que os abusos cessem. E, quando os representantes da população, em suas várias instâncias, pouco fazem para fazer valer os direitos das pessoas, cidadãos conscientes de que seus deveres junto à sociedade o fazem. É o que tem norteado as ações de pelo menos dois itaunenses que vêm denunciando ações junto às autoridades do município. Em uma carta direcionada ao Ministério Público (MP), o historiador Charles Aquino e o arquiteto Sérgio Machado apontam a necessidade de aquele órgão atuar na preservação da história, bem como no combate ao racismo, praticado ao longo de décadas, em Itaúna. 

Na missiva encaminhada ao MP, eles apontam o “silêncio feroz” da Prefeitura de Itaúna ante o questionamento feito sobre a existência de um cemitério próximo da Capela do Rosário, no bairro de mesmo nome, onde estariam sepultados cerca de 300 corpos. Pedem o estudo e a consequente preservação daquele importante registro histórico de Itaúna. E apontam questões que os pretos vêm sofrendo ao longo do tempo, o que exige ação das autoridades para que cesse, citando fatos recentes: a manifestação nas redes sociais em relação à festa do Reinado, quando os congadeiros foram agredidos com palavras, ou o fato de a Prefeitura postar texto com viés preconceituoso em sua página oficial na internet. 

Lembrando ainda que o tema da Campanha da Fraternidade de 2024 é “Vós sois todos irmãos e irmãs”, em um verdadeiro chamamento à convivência harmoniosa dos povos, em momento em que questões político-ideológicas criam situações de intolerância mundo afora. A postura dos cidadãos ganha em representatividade ao surgir em momento em que, nos espaços públicos, tem sido dado destaque a questões comportamentais individuais, colocadas como comportamentos a serem seguidos pela maioria, o que acaba por levar ao aumento da intolerância e ao fortalecimento dos atos discriminatórios. 

Na conclusão da carta enviada ao MP, os signatários do texto afirmam que “estes relatos são cruciais para compreender as ramificações duradouras da intolerância, da discriminação e do racismo, que por vezes direta ou indiretamente, ou mesmo através de um ‘silêncio feroz’, continuam a atormentar a nossa sociedade e a impedir a conquista da verdadeira igualdade”. E relacionam as fontes consultadas para as afirmações postas na reclamatória. A íntegra da carta pode ser lida na página 2.