Ex-diretor do SAAE comenta sobre soluções dos gargalos
Após os muitos questionamentos sobre a eficiência da autarquia, que vem sendo contestada, reportagem da FOLHA ouviu Nilzon Borges
O SAAE de Itaúna foi municipalizado no primeiro mandato do ex-prefeito Osmando Pereira da Silva, no período de 1989/1992. Essa foi uma das primeiras medidas daquela administração, visto que o principal problema de Itaúna era, sem dúvida, a questão relacionada ao tratamento e distribuição de água à população, além de questões relativas à rede de esgoto e de captação pluvial. Desde então, a autarquia itaunense veio construindo uma imagem que a colocou como referência de qualidade no estado, e até no país, em termos de saneamento básico. O nome “SAAE de Itaúna” passou a representar eficiência, qualidade, competência, durante algumas décadas. Porém, nos últimos seis, sete anos, essa marca construída vem sendo bastante questionada pela população.
Pode-se “contar nos dedos”, como dizem os mais antigos, as semanas em que o SAAE não foi apontado em reclamações, questionamentos, críticas, pela população, nas páginas dos jornais, programas radiofônicos, reportagens da tevê e nas rodas políticas, bem como na Câmara Municipal, onde o tema é bastante recorrente. As constantes reclamações de falta de água, que começaram nas zonas rurais se estenderam para a área urbana. Também se somam a isso os muitos problemas relacionados à captação de esgoto, com o problema aumentado após as redes de captação ao longo dos cursos d’água da área urbana terem sido praticamente destruídas. A situação criou desconfiança entre a população em relação à qualidade do serviço, anteriormente incontestada, e também gerou um grande clima de insegurança e insatisfação em meio aos servidores da autarquia.
A reportagem da FOLHA, que tem acompanhado essa verdadeira “desconstrução” da marca “SAAE de Itaúna”, buscou ouvir pessoas que anteriormente eram ligadas à autarquia e uma dessas pessoas se dispôs a falar. Trata-se do servidor aposentado da autarquia que, durante as últimas décadas, trabalhou um bom período na direção geral daquele serviço de saneamento. E ele afirmou, categoricamente, que a solução para esses “gargalos”, como apontados, não é difícil.
“A principal ferramenta está aí”, disse Nilzon
Ao ser questionado se via solução para os muitos problemas que têm sido apontados em relação ao SAAE, Nilzon Borges foi categórico: “Não vejo muita dificuldade, não. A principal ferramenta para corrigir esses problemas está aí. É o conhecimento, a experiência e a competência dos servidores do SAAE. Eu convivi por muitos anos ali, e sei que a autarquia tem gente capacitada, competente, para dar solução a esses problemas”, disse. O ex-diretor afirmou que “não falo para criticar esse ou aquele, mas é certo que, buscando a valorização do servidor, ouvir suas opiniões, fazer uma gestão de equipe, é o caminho mais rápido para resolver estes problemas”, aponta.
Nilzon foi enfático em apontar que a construção da marca da autarquia como eficiente, competente, se fará de dentro pra fora. “Com certeza, as soluções ficam mais simples quando se tem um grupo de pessoas, uma EQUIPE atuando no mesmo sentido, os problemas serão solucionados com eficiência e celeridade. Dar condição de trabalho às pessoas que conhecem do setor, atuar com elas em busca das soluções e com certeza teremos as respostas positivas.”
Ele fez questão de relacionar as muitas conquistas do SAAE, desde a municipalização, quando “uma adutora foi construída em poucos meses, foi solucionada a falta de água em Itaúna em tempo recorde. Foram implantados os emissários, instalados um sem-número de quilômetros de redes de captação de esgotos e distribuição de água, resolução de problemas que se pensava crônicos, tudo isso porque no SAAE nós temos pessoas com competência e capacidade para isso”. O ex-diretor afirma que “não é necessário medidas radicais, mas é importante que as pessoas estejam tendo reciprocidade em suas ações. A equipe do SAAE é muito eficiente e só precisa de espaço e apoio para atuar”, afirmou.
“A retomada de ações como o funcionamento do horto, distribuindo mudas para a população, a presença do serviço de plantão com mais agilidade, o planejamento e a estruturação do cotidiano das ações no abastecimento de água e na captação do esgoto são medidas que já funcionaram e que devem voltar a ser adotadas. O servidor do SAAE precisa voltar a ter orgulho de trabalhar naquela autarquia”, lembra ele.
Enumerando conquistas
“O SAAE de Itaúna já fez coisas que muitos julgavam quase impossíveis, com poucos recursos”, apontou Nilzon Borges. E as enumerou, apontando conquistas da autarquia: a construção da adutora de água bruta em tempo recorde, a construção de uma rede de distribuição de água, sólida, eficiente, com reservatórios capazes de abastecer toda a cidade e a zona rural. A captação de 100% do esgoto produzido em Itaúna e até o tratamento do esgoto em várias comunidades rurais. O recolhimento dos resíduos sólidos, que passou a ser administrado pelo SAAE e que deu solução a um problema de estrutura do município. A limpeza urbana passou a ser modelo de eficiência.
A retirada do “lixão” do Bairro Parque Jardim, bem como a administração do Aterro Sanitário, considerado modelo na região. O horto municipal, que passou a ser um cartão postal de Itaúna. O Projeto “Rio São João Vivo”, a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico de Itaúna, que custaria uma fortuna, segundo especialistas, tudo isso foi obra dos servidores do SAAE, como destacou Nilzon Borges. “A Equipe SAAE está lá e quer a reconstrução do SAAE, a população quer os bons serviços prestados de volta, falta gestão compartilhada para a retomada da marca do SAAE, de eficiência, de competência, de qualidade. Por isso é que eu digo que o SAAE tem solução quando se somam experiências e vontade de fazer”, reafirmou Nilzon.