Editorial - Perfis anônimos atuam para manipular o debate público e promover interesses políticos e pessoais em Itaúna

A notícia é um bem de interesse público. Por isso, precisa ser tratada com isonomia, responsabilidade e isenção — princípios que protegem o cidadão e sustentam qualquer sociedade democrática. Quando esses pilares são substituídos por interesses obscuros e manipulação, o resultado é um ambiente tóxico, confuso e perigoso.

Em Itaúna, cresce de forma acelerada a ação de perfis anônimos e páginas apócrifas que se apresentam como “informação isenta”, mas operam para atacar este ou aquele político conforme conveniências internas de grupos específicos. Ninguém sabe quem são seus responsáveis ou quem determina suas pautas. Mas o propósito é claro: influenciar o eleitor, manipular percepções e distorcer debates que deveriam ser públicos e transparentes.

Há, inclusive, indícios de que assessores ligados a determinados políticos alimentam esses perfis, o que levanta suspeitas sobre possível uso — ainda que não comprovado — da máquina pública para fins de propaganda pessoal.

O que se vê é um mecanismo que mistura anonimato, interesses eleitorais e manipulação, funcionando como instrumento de promoção de pré-candidatos para 2026. São páginas que atuam como braços digitais de grupos políticos, atacando adversários, criando narrativas parciais e fabricando climas de tensão, tudo sem prestar contas à sociedade.

Enquanto isso, tentam descredibilizar quem trabalha às claras: jornalistas, comunicadores e veículos que têm rosto, CNPJ e responsabilidade legal. É uma estratégia óbvia: enfraquece-se quem responde juridicamente por suas publicações, para fortalecer quem opera no escuro, sem transparência e sem compromisso com a verdade.

Por trás de perfis que se passam por voz da cidade, o que existe é um jogo político disfarçado de informação. Há até quem não seja verdadeiramente itaunense, mas usa a estrutura pública para trabalhar, de fato, para o “chefe” e fortalecer a própria bolha de influência. 

Alguns dos pré-candidatos promovidos por esses perfis não têm, na prática, chance real de se eleger. Mas usam o anonimato para inflar a própria presença digital, criar factoides e tentar construir relevância artificialmente. Há ainda vereadores que se elegeram surfando nesse tipo de narrativa, trabalhando de forma coordenada com essas páginas para atacar a imprensa, adversários e qualquer voz crítica. Mas acabam se enrolando nas próprias palavras e atitudes perante a população.

É a consolidação de uma milícia digital, montada sob interesses pessoais, que transforma o debate público em espetáculo político — e o cidadão em mero espectador de manipulações.

Para quem repudia a imprensa constituída e está habituado a tentar impor censura por meio de projetos de lei, agir dessa forma pode até parecer algo normal. Mas escancara, mais uma vez, a falta de preparo para o cargo público, quando deveria estar apto e aberto a ouvir todo tipo de pessoas e opiniões.

O mais preocupante é ver quem deveria zelar pelo respeito às instituições assistir a tudo passivamente, permitindo que suspeitas de uso indevido de estruturas públicas cresçam sem esclarecimentos, e deixando que a dinâmica política da cidade seja contaminada por práticas obscuras.

O cidadão itaunense precisa manter atenção redobrada para proteger o direito básico de ser informado com clareza, responsabilidade e verdade.

Renilton Gonçalves Pacheco – Folha do Povo 

Sérgio Cunha – Folha do Povo

Brígida Gonçalves - Folha do Povo

Bruno Freitas – @viuitauna

Hamilton Pereira – Rádio Sol

Rodrigo – Rádio Sol