Crise no Hospital anula conquistas no setor?

Crise no Hospital anula conquistas no setor?
Hospital “Manoel Gonçalves” ganhou um novo prédio recentemente, doação da família proprietária do Grupo J. Mendes, quando foi possível ampliar o atendimento à população itaunense, inclusive com uma nova maternidade aparelhada


Na sexta-feira, dia 7, será comemorado o Dia Mundial da Saúde, e no sábado, dia 8, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. O que os itaunenses têm para comemorar e a lamentar, nesses dois dias? Se por um lado o Centro Oncológico inaugurado no dia 7 de fevereiro de 2020 se destaca em função do serviço de ponta que tem prestado a Itaúna e região, por outro lado, se agravou a crise do Hospital, que parece não ter solução a curto prazo. 

No ano passado, falou-se até mesmo no fechamento do Hospital “Manoel Gonçalves”, dado à situação financeira que se agravou, ocasionando a renúncia da sua direção e a instalação de um sistema de gestão que continua indefinido, já que a contratação de empresa para fazer a administração do Hospital parece estar emperrada.

Estrutura razoável

O serviço público de saúde de Itaúna conta com 22 unidades de ESFs – Estratégia de Saúde da Família, os antigos PSFs, além do Posto de Saúde Central. A Policlínica é um centro de especialidades médicas que oferece atendimento nas mais variadas áreas da medicina, incluindo aí laboratório de exames médicos, setor especializado em oftalmologia, clínicas de odontologia e uma série de outros serviços destinados ao atendimento gratuito da população.

Ainda na estrutura pública, funciona o Plantão 24 Horas, nas dependências do Hospital “Manoel Gonçalves”, que é o pronto-socorro de atendimento a toda a microrregião. Também existe um trabalho de destaque na área da saúde mental, no município. Outro serviço oferecido à comunidade é a Farmácia Básica. Soma-se a isso o trabalho realizado pela Universidade de Itaúna, nas áreas de fisioterapia e odontologia, principalmente.

Com essa estrutura, construída ao longo de décadas, os itaunenses podem dizer que estão razoavelmente bem servidos em atendimento médico. Além, é claro, de contar com os serviços do Hospital Manoel Gonçalves, que tem estrutura invejável para instituições do seu porte, acrescida com a ampliação recentemente inaugurada a partir de ação de empresários itaunenses que colaboram constantemente com o funcionamento do Hospital.

Assim poder público e sociedade civil mantém um atendimento que a maioria dos municípios mineiros não consegue oferecer a seus cidadãos. A rede de saúde poderia ser ampliada com um novo hospital, pois já conta com a base do Samu e a rede particular de atendimento médico em quase todas as áreas médicas. Mas este é ainda um sonho, que se estende ao longo de anos.

O atendimento precisa melhorar

Se a estrutura da rede pública, conforme apontado acima é ampla, o serviço prestado à comunidade, em vários pontos tem recebido críticas. Principalmente devido à questão vista como burocrática, pelos cidadãos. O atendimento nas unidades de saúde poderia ser melhor efetivado se casos simples, de mal-estar, de gripes, viroses, por exemplo, pudessem ser solucionados nestes espaços e não fosse necessária a marcação prévia de consultas na Policlínica, o que sempre demanda muito tempo, conforme as críticas. E isso faz com que o Plantão 24 Horas seja sobrecarregado, complementam os críticos.

Um local em que o atendimento deveria ser de urgência e emergência, passou a ser a “válvula de escape” para as pessoas que necessitam de uma consulta médica para tratar de um problema simples, do ponto de vista médico. “Se você precisar de uma consulta com um médico por causa de uma gripe, vai ter que esperar 15, 20 dias, pela consulta na Policlínica, quando não mais precisar do atendimento. Aí a saída é recorrer ao Plantão”, comentou uma cidadã que disse estar cansada de ter que recorrer ao pronto-socorro para tratar casos simples na sua família, que uma consulta médica resolveria.

A maioria das críticas são no sentido de que as unidades de saúde deveriam reservar pelo menos três, quatro ou até cinco consultas por dia, para tratar destes casos. “Isso faria com que o atendimento do Plantão 24 Horas fosse desafogado e reservado aos casos de urgência e emergência, apenas”, completa um dos críticos. Em resumo, as afirmações são de que o trabalho de ‘medicina preventiva’ em Itaúna caminha bem, porém o atendimento necessário à ‘medicina curativa’ é ainda muito falho. Que no próximo dia 7 de abril esteja diferente esta situação, é o que esperam os itaunenses.