CANDIDATO-VEREADOR: contra quem você realmente disputa?

CANDIDATO-VEREADOR:  contra quem você realmente disputa?




O candidato a vereador não precisa ser o mais votado de todos para ser eleger. Não precisa ter a campanha mais rica. Não precisa conhecer mais gente do que os demais. Não precisa ser a pessoa mais próxima de quem manda no partido. E, por fim: na prática, esse candidato não está numa disputa direta com todos os outros candidatos. Ele normalmente está disputando sua vaga com uma ou duas pessoas. A única coisa que o bravo candidato precisa fazer é ficar na frente desta outra pessoa. E embora a eleição a vereador me pareça o pleito eleitoral mais ingrato de todos, ela demanda uma estratégia relativamente simples e objetiva. A campanha a vereador precisa, em poucas palavras: entender muito bem as regras do jogo, a química apaixonada do voto bairrista e quem é o outro candidato que pode ficar com sua cadeira por ter um mero votinho a mais do que você.

As regras do jogo. Analisamos que entre 54.466 e 58.050 pessoas validarão sua cédula eletrônica em Itaúna, neste ano de 2024. Portanto, o quociente eleitoral deve ficar entre 3.204 e 3.414 votos. Cada vez que um partido (ou Federação) alcança este número por meio da soma de todos seus candidatos, ele ganha uma cadeira. Depois a briga ocorre dentro de casa. Entre os candidatos do mesmo partido, verifica-se quem teve mais voto e esta pessoa assume a vaga. 

Primeiro passo indispensável. Idealmente, seria indicado ter uma pesquisa quantitativa prévia para saber mais ou menos quem está provavelmente na disputa de cadeiras dentro de seu partido e quantos votos minimante você precisa para entre nesta briga. Também seria ótima uma pesquisa qualitativa que te apontasse o perfil do eleitor que votará no candidato com que você está diretamente disputando uma vaga. Ele é seu verdadeiro vilão, na sua guerra particular pela vitória. Na falta de pesquisas, os candidatos precisam de alguma maneira, ter uma noção destas informações.

Dinâmica apaixonada do sufrágio. O voto está relacionado à simpatia que o eleitor sente pelo candidato, mais do que pela maneira racional com que o político argumenta. É óbvio que valores como competência, seriedade e conhecimento de causa ajudam-nos a enxergar alguém com bons olhos. Mas esqueça o convencimento da razão. É a emoção que elege. No caso de vereador, esta empatia ainda considera o buraco de rua em frente à casa do eleitor ou a ambulância pública que levou a eleitora para o hospital – mais do que uma proposta estrutura para a saúde e para a cultura. Deixe isso para o candidato a prefeito. Também não adianta fazer propaganda explicando sobre como se irá fiscalizar o executivo ou sobre um plano mirabolante para salvar tudo e todos ao mesmo tempo. Haverá muita gente batendo palma para seu discurso bonito, mas silenciosamente votando no outro que tratou do esgoto a céu aberto no meio do bairro no qual você disputa voto. Ou no carteiro que é candidato e foi simpático porque deixou transparecer ser uma pessoa “de bom coração”. Lembre-se que iguais possuem mais simpatia por seus pares. E a semelhança pode existir em várias áreas da vida. Nos aspectos mais simples, e nos mais sofisticados. O ser humano vai com a cara daquele com quem se identifica. Às vezes por admiração, às vezes por mera simpatia. A propósito, na fase inicial de sua campanha, você se lembrou de contar ao eleitor a história de sua vida, incluindo os conflitos e os fracassos que te marcaram, desde a infância? Usou fotos para isso? Mostrou que você é um ser humano exatamente como o eleitor para quem você pedirá voto, APENAS na fase final de sua campanha, a fim de que ele não te enxergue como um utilitarista oportunista? Poupe sua energia e mire em grupos de eleitores cujo santo bate com suas características pessoais. Você não precisa de votação para se eleger prefeito. Lembre-se disso. Não saia dando tiro para todo lado. Isso tira eficiência do seu tempo e do dinheiro que você investiu na sua campanha.

Seu nicho eleitoral, seu campo de batalha. Cabeças de chapa escolhem seus territórios de maneira mais confortável, pois já ocupam espaço na simpatia de um nicho eleitoral mais ou menos leal. Evite bater de frente com eles, a não ser que seu partido vá conquistar apenas uma cadeira – incluindo o cálculo das sobras. Seu nicho pode ser geográfico; a exemplo de quem tem a maioria dos votos em um bairro específico. Pode ser ideológico; a exemplo de quem mira na propaganda para eleitores de esquerda ou de direita. Pode ser focado numa causa; a exemplo de quem defende os animais de rua ou de quem promete trabalhar pelos aposentados. A única coisa que você, candidato a vereador não deve fazer é querer ser dono de todos os nichos sobre os quais você escutar falar. Primeiro porque você não precisa de todos os votos que um candidato a prefeito busca, segundo porque você desperdiçará tempo e dinheiro, terceiro porque você não conseguirá fidelizar o número pequeno de votos que você relamente precisa, pois alguém investirá mais energia do que você em cada um deles. Conte o mínimo e o máximo de votos que seu nicho pode te dar. Se não for o suficiente, busque nichos correlatos e contíguos. Por exemplo: o número de seus eleitores das artes-plásticas não serão o suficiente? Vá em busca de quem sobrevive por meio da arte cênica. Mas lembre-se que neste exemplo alguém já fidelizou um contingente de votos em outras áreas da cultura. Resista a querer abraçar o mundo com as pernas. O tempo e o dinheiro são curtos em uma campanha.