BARRAGEM: COMPORTAS ABERTAS são PREOCUPAÇÃO
Nível do espelho d’água não interfere no abastecimento, e período exige esvaziamento para não ocorrer transbordo
Esta é a situação apontada: de um lado, cidadãos que entram em contato com a reportagem para informar que as comportas da Barragem do Benfica estão abertas e que isso pode ocasionar falta de água em Itaúna; de outro lado, técnicos explicam que o período é de se abrir as comportas, para esvaziar a “caixa” e se preparar para o período de chuvas fortes, que se aproxima. E ainda tem a informação adjacente de que, a vazão do rio sendo mantida, abrir ou não as comportas não interfere na captação e, consequentemente, no abastecimento de água de Itaúna. Neste caso em particular, a reportagem apurou que a vazão de 5 mil litros por segundo é mantida no rio, até por força de legislação ambiental. A geração de energia não pode alterar esta vazão para menos. E ela é suficiente para garantir o abastecimento, pois são captados 400 litros por segundo – a ETA só tem capacidade para tratar 320 litros e tem de descartar o excedente. Assim, as comportas abertas ou fechadas não alterariam a vazão do rio, explicam técnicos. O real problema do rio vai além dos ambientalistas, é que a vazão do São João já foi de 12 mil litros por segundo e hoje está em 5 mil, não por causa da barragem, da geração de energia, mas pela degradação do curso d’água. A vazão de 12 mil litros era observada em 1979. Hoje, 45 anos depois, é menos que a metade. E, se continuar caindo nessa proporção, daqui três décadas, pode faltar água de uma forma que o rio se transforme em córrego e nem barragem exista. O que é preciso, mesmo, é preservar o rio, no seu todo, mostra-nos o ambiente, reduzindo o volume de água que corre pelo São João!