Respeito ao cidadão. Com eleição não se brinca
A democracia é de fato um estado de espírito. E o ato de votar é tão democrático que não cabe nenhum questionamento. Isso apesar do sistema eleitoral permitir uma campanha que pode ser considerada desumana e com brechas para uma disputa que é sempre desigual. Porém a disputa é válida e, apesar dos pesares, é mais ou menos democrática, e, assim sendo, tem que ser respeitada com suas consequências positivas e negativas.
Estamos começando o encaminhamento para mais um processo eleitoral em nível municipal, e, em minha opinião, é o mais importante para o cidadão, e isso independe da sua condição social e financeira. A eleição para a escolha dos representantes em nível municipal, ou seja, dos vereadores, prefeito e vice, é com certeza a que mais mostra a vontade popular, o que em Itaúna não é novidade, pois essa vontade popular já foi demonstrada nas eleições de 2000 e 2004, por exemplo, que tiveram Osmando Pereira e Eugênio Pinto como vencedores.
Nas eleições citadas, o povo levou ao poder um representante que não tinha o apoio da minoria, ou seja, das lideranças partidárias, empresários e a dita classe média. Explico: Eugênio Pinto, que tinha vencido uma primeira eleição na sorte, saindo da obscuridade de uma hora para outra, devido a erros graxos do adversário, cumpriu um primeiro mandato aos tropeços e acabou por ser reeleito, pois, mesmo com os erros e os absurdos da época, acabou sendo levado a um segundo mandato devido ao povo, ao “povão”, como dizem no meio político, pois fez para o povo e tornou-se popular. À época, mesmo com uma rejeição que ultrapassava os 60%, o então prefeito de primeira viagem conseguiu vencer um pleito que não lhe dava vantagem expressiva, pelo contrário, enxovalhado por escândalos e por denúncias de corrupção, dificilmente ele teria uma eleição tranquila. Então, se as articulações não tivessem delineado uma polarização, fatalmente ele não continuaria no poder por mais quatro anos.
Em minha opinião, nas eleições que começam a ser disputadas nos bastidores e que estão num momento em que as conversações e os acordos são prioridades e necessários, pois eles é que contribuirão para os resultados conclusivos, está delineada, mas é preciso cautela, estratégia e, mais que isso, paciência e leitura. Hoje temos, no momento, a cerca de 120 dias do pleito, uma leitura baseada em pesquisas, que mostra que um trabalho de alguns anos de um dos candidatos o deixa em situação aparentemente tranquila, independentemente de adversários; mas, por outro lado, o adversário que se apresenta nos últimos dias entra no pleito como “franco atirador”, pois tem um trabalho de base junto à classe de comerciantes e de alguns meses no Hospital Manoel Gonçalves. É gente muito boa, mas nunca disputou uma eleição e entra na disputa tendo uma posição não muito confortável, pois vai disputar, se é que vai mesmo, pelo partido do Senhor Prefeito, que é uma figura que apresenta no momento um desgaste substancial junto à população, principalmente junto à parcela maior que vai às urnas.
Neste momento, a diferença nas pesquisas fala por si. Mas, em tempos passados, os caminhos políticos seguidos não foram neste sentido e venceu aquele que conseguiu ficar com a maior fatia do bolo da população que não está muito preocupada com política, que não acompanha o dia a dia político, e apenas vai às urnas para, diríamos, cumprir uma obrigação legal. Então os pré-candidatos precisam ter cuidado neste momento, pois ele é essencial para os próximos 120 dias. Um caminho longo, até então, pois, neste caso, o tempo conta. Em nossa opinião, a situação pré-eleitoral é confortável para um dos pré-candidatos, desde que ele saiba conduzir o seu trabalho de bastidores até o início da campanha, que deve ser de, no máximo, 40 dias, e que use a inteligência, principalmente.
E, como já frisamos, a democracia é um estado de espírito e o voto é o melhor caminho para a participação de todos os cidadãos, sem distinção. E, nesse raciocínio, não cabe a nós nos posicionarmos contra ou a favor de pré-candidaturas, e muito menos depois, contra os resultados vindos das urnas, porque elas são soberanas. Mas podemos tranquilamente, porque vivemos em um Estado de Direito, discordar da opção do eleitor. Até porque achamos que Itaúna, uma cidade com IDH – Índice de Desenvolvimento Humano acima da média nacional, merece ser mais bem administrada, pois, do jeito que está, a população já não aguenta mais. Os problemas são muitos e o Senhor Prefeito não consegue ou não se preocupa em resolver as questões que prejudicam o dia a dia do cidadão.
Uma cidade como Itaúna, onde o nível intelectual e acadêmico dos moradores também supera a expectativa, o populismo não deveria prosperar, mas a realidade das urnas em outros tempos demonstrou o contrário, e a opção foi por governos onde as aparências foram priorizadas. Mas, como já afirmamos, não cabe a nós questionarmos os resultados das urnas, mas é nossa responsabilidade fiscalizar e cobrar postura, ética e principalmente seriedade com a coisa pública. Se a minoria acha que está bom e optou por deixar do jeito que está, a maioria não poderá responder por isso. Que o direito e a liberdade de escolha prevaleçam, mas que o respeito seja observado, principalmente pelos administradores públicos.
A partir de 2025, não queremos um prefeito que olhe a cidade como o quintal da sua casa, mas, sim, um administrador, com conhecimento político e administrativo, para que a cidade possa, cada vez mais, ganhar em qualidade de vida e os problemas cotidianos sejam resolvidos a tempo e a hora, pois hoje eles se acumulam e não são prioridades. Temos pedintes pelas ruas o dia todo importunando, temos moradores de rua dormindo nas calçadas e praças, temos ônibus caros e velhos, temos até, falta d’água em alguns momentos, temos problemas de trânsito constantes, temos um atendimento à saúde capenga e controverso e temos o pior, um prefeito que achava e acha que a prioridade era e ainda é sanear a administração pública. Resultado: não saneou e hoje o Município tem uma dívida que pode trazer problemas para o Senhor Prefeito no fim do mandato. Isso sem contar o inchaço da máquina pública. Um verdadeiro cabide de emprego.
Então queremos um prefeito que saiba, principalmente, estabelecer critérios para uma administração que deve ser transparente, centrada em realizações para o povo e que não seja feita para uns poucos fazerem da prefeitura um trampolim. Respeitamos todos, mas também exigimos respeito ao povo itaunense. Terminamos com duas palavrinhas básicas e que servem para todos, eleitores e candidatos: cuidado e juízo!